Uma equipe de docentes do curso de fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie teve a ideia de criar, em 2019, um gadget para profissionais e pacientes da fisioterapia pulmonar. Em pouco mais de três anos de estudos, o grupo formado por membros do CCBS e da Faculdade de Computação e Informática (FCI) chegou a um protótipo.
O aparelho para aferir a respiração é conectado ao celular via Bluetooth e um aplicativo indica os comandos para a realização dos exercícios recomendados pelo fisioterapeuta. O processo é lúdico com “fases” de evolução, como em um videogame. Agora, o grupo coordenado pelo professor Marcelo Fernandes precisa de investimento para dar continuidade à pesquisa. “A necessidade de uso é gigantesca, tanto para fisioterapeutas quanto para diversos perfis de pacientes, inclusive crianças. Comercialmente, o potencial é grande e tem capacidade de geração de patente”, observa o docente.
Cotidiano profissional
Exercícios de fisioterapia cardiorrespiratória têm por objetivo restaurar a saúde do órgão, aumentam a oxigenação do corpo e são utilizados em diversas situações clínicas. Pacientes adultos e crianças são beneficiados por esse tipo de terapia, tanto de maneira pontual quanto contínua. Asma, fibrose cística, pneumonia e pós-operatórios de cirurgias em geral estão entre os quadros nos quais o tratamento é aplicável. Os exercícios podem ser feitos com a ajuda de equipamentos analógicos, mas a vida de fisioterapeutas e pacientes pode ser facilitada caso o processo se torne mais divertido, instigante e desafiador.
“A cardiologia rompeu a barreira do uso do celular como um instrumento para a captação de informações cardíacas, mas a área da pneumologia ainda não chegou nesse ponto, ou seja, de usar o aparelho para o monitoramento da função respiratória. O ar que entra e sai dos pulmões dá respostas importantes sobre o funcionamento pulmonar”, diz Fernandes.
O protótipo
Com base em testes e desenho de hipóteses, o grupo descartou a ideia de utilizar o celular como via de recebimento das informações. Para isso, foi projetado um novo aparelho em que o paciente poderia ventilar (respirar). Sensível ao estímulo físico do ar passando pelo dispositivo, o aparelho mandaria as informações a um celular via Bluetooth, e as informações ventilatórias referentes à passagem do ar seriam decodificadas em sinais eletrônicos e interpretadas no âmbito do aplicativo (game). Conectado à nuvem, o aplicativo faria o upload das informações sobre o paciente, podendo ser acessadas pelo fisioterapeuta responsável e outros profissionais interessados. Tal dinâmica seria útil em dois principais cenários: avaliação da capacidade pulmonar do paciente e terapia.
A gameficação foi outra necessidade apontada pelo grupo. Útil sobretudo no tratamento infantil, a apresentação de um jogo com “fases” e “vitórias” aumenta o engajamento, o envolvimento e o interesse em um tratamento de saúde. “Isso é muito importante pelo fato da interação do paciente, que veria na tela o que está fazendo. Esse feedback aumenta muito o engajamento, porque o exercício passa a ser algo prazeroso. O paciente busca o alvo das fases e das conquistas e para isso tem de fazer mais exercícios”, explica Fernandes.
O processo de prototipagem incluiu professores e alunos dos cursos de Fisioterapia e Ciência da Computação. E há espaço para outros. O design e a ergonomia do aparelho ainda devem ser aperfeiçoados, uma tarefa para os alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Para isso, é preciso que o projeto avance, ele mesmo, para a próxima fase: o financiamento.
O tratamento respiratório pelo celular é um dos projetos disponíveis na Vitrine Tecnológica, plataforma que pretende dar visibilidade a projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas patentes realizados dentro da UPM. Os interessados em ampliar o desenvolvimento desta pesquisa podem entrar em contato com o Núcleo de Inovação Tecnológica (
cit.nit@mackenzie.br) ou com a Coordenadoria de Inovação Tecnológica (cit@mackenzie.br).