Uso de antidepressivos entre colaboradores de empresas no Brasil aumentou 12%

O uso de antidepressivos entre colaboradores de empresas no Brasil aumentou 12% no primeiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. O levantamento foi realizado pela Vidalink, maior empresa de plano de bem-estar corporativo do Brasil, a partir dos dados da compra de medicamentos entre 196.677 funcionários com acesso ao subsídio de 250 empresas. O maior índice de compra dos antidepressivos é entre colaboradores de 39 a 43 anos (19,8%), seguidos pela faixa de 44 a 48 anos (16,5%). Por outro lado, em medicamentos para a saúde mental, em geral (ansiolíticos, antipsicóticos, depressão, distúrbios do sono e psicoestimulantes), a faixa etária de 19 a 23 anos apresenta a maior participação nas compras de remédios (28,5%), enquanto  colaboradores com mais de 59 anos têm o menor índice (14,8%).

Para Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, apesar do cenário alarmante em saúde mental,  um número crescente de empresas estão atentas à importância do subsídio de medicamentos para que os profissionais tenham os recursos necessários de tratamento. “O fator financeiro ainda é um grande entrave para que as pessoas consigam garantir a continuidade dos tratamentos medicamentosos. Contar com o apoio da empresa, portanto, é um importante passo para o cuidado com a saúde do time. Mas não deve ser o único”, diz Luis González.

O Cenário da Saúde Mental no Brasil

O Brasil tem a maior prevalência de depressão na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados de 2022 apontam que 5,8% da população brasileira sofre da doença, o equivalente a 11,7 milhões de pessoas. Este cenário reforça a necessidade de iniciativas corporativas que promovam a saúde mental e o bem-estar dos funcionários.

Com a recente sanção da Lei 14.831/2024, que  estabelece o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, as companhias têm  a oportunidade de se destacarem ao adotar critérios de promoção da saúde mental no ambiente de trabalho.

Bem-estar na Cultura Organizacional

As empresas desempenham um papel  fundamental na promoção da qualidade de vida da equipe. O cuidado com os funcionários pode começar com o controle do estresse no dia a dia do ambiente de trabalho, além de promover uma cultura de cuidado aliada à performance. Além disso, a organização pode melhorar a qualidade de vida da equipe ao oferecer suporte à saúde mental tanto dentro quanto fora do ambiente corporativo.

Segundo o CEO, a depressão e os transtornos de ansiedade são   mais discutidos no ambiente de trabalho, mas é preciso repensar as formas de liderança e a cultura organizacional para tratar do bem-estar. “Saúde mental é um tema em alta, mas nem sempre é tratado com toda a sua complexidade. Para que benefícios como o auxílio de medicamentos e acesso à terapia sejam eficazes, a própria cultura da organização deve incentivar posturas de acolhimento diante das necessidades de cada indivíduo. Afinal, o quadro depressivo pode se agravar em um ambiente tóxico e desestimulador”, enfatiza González.

Tratamento da Depressão: como funciona?

Nikolas Heine, médico psiquiatra e Coordenador de Psiquiatria da Caliandra Saúde Mental, explica que o tratamento medicamentoso da depressão é baseado no uso de antidepressivos, uma classe de medicamentos psiquiátricos que atuam principalmente nas vias de neurotransmissores da serotonina. “O tratamento medicamentoso deve considerar o grau de prejuízo, sofrimento e disfunção do paciente, além de avaliar o perfil do paciente e sua capacidade de adesão ao tratamento”, diz Dr. Heine.

Ele também aponta os equívocos comuns sobre o uso de antidepressivos: “Existem muitos mitos sobre a medicação psiquiátrica, como a crença de que são fracas e inúteis ou que são muito fortes e causam dependência ou enlouquecimento. Na verdade, esses medicamentos são amplamente testados e extremamente seguros”. Segundo o especialista, as campanhas de conscientização sobre saúde mental nas empresas precisam considerar aspectos de desmistificação do tema para garantir maior adesão, além de orientar sobre o perigo do autodiagnóstico. “Essa conscientização deve vir acompanhada da informação de que o diagnóstico é feito por psiquiatras, profissionais qualificados”, adiciona o Dr.

Para garantir um tratamento eficaz da depressão, é preciso de uma abordagem integrada: “A medicação é importante, mas não é o único recurso. Mudanças no estilo de vida e comportamento, como sono adequado, alimentação saudável, exercício físico e acompanhamento psicológico, são fundamentais para o tratamento eficaz da depressão”. Luis González destaca a importância de tal visão holística do bem-estar na construção dos programas de benefícios corporativos: “É importante que o bem-estar seja trabalhado de maneira completa nos benefícios oferecidos aos colaboradores, com um posicionamento preventivo que vá além da medicação”, finaliza.

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