Dermbio Biotech desenvolve biocurativo que acelera cicatrizações

A Dermbio Biotech é uma empresa spin-off da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que atua no setor de biotecnologia. A deep tech iniciou as atividades em 2023[AF1] por um docente e pesquisadores da Universidade para trabalhar no desenvolvimento complementar de uma tecnologia resultante de pesquisas conduzidas na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp que foi protegida com depósito de patente realizado com estratégia da Agência de Inovação da Universidade (Inova Unicamp).

A tecnologia desenvolvida pelo grupo e licenciada para a Dermbio deriva de um processo para a produção de um polímero a partir do ácido lático (PLA) de fonte renovável sem o uso de solventes ou outros componentes que possam ser tóxicos principalmente em aplicações nas áreas de saúde e alimentos, impactando também na redução de tempo e custos do processo.

A proposta da empresa é desenvolver, a partir da tecnologia licenciada produtos de alto desempenho para diversas aplicações na área médica. Um dos produtos em desenvolvimento é um biocurativo que forma uma membrana capaz de acelerar a cicatrização de feridas de difícil cicatrização. O produto é customizável de acordo com a necessidade de cada aplicação e também é bioabsorvível, sem necessidade de troca e sem gerar resíduo pós-uso, uma vez que o biocurativo será absorvido pelo corpo humano.

“Por ser bioabsorvível, vai facilitar o crescimento celular, promovendo a regeneração de um novo tecido, sendo absorvido pelo corpo e excretado naturalmente, sem nenhum resíduo tóxico no corpo do paciente”, explica Maria Ingrid Rocha Barbosa Schiavon, pesquisadora da FEQ Unicamp e uma das inventoras da tecnologia.

Os diferenciais deste produto trazem ainda outras vantagens. Uma vez que este polímero tem uma condição biodegradável, o que o torna ambientalmente mais sustentável do que outros em uso no mercado atualmente para aplicações além da área médica, como a produção de filmes poliméricos para embalagens de alimentos, por exemplo.

Para além de biocurativos, o PLA é um material que tem sido muito utilizado em outras aplicações médicas, como na área de ortopedia, implantes, tratamentos dermatológicos e em cosméticos. No entanto, segundo o professor Rubens Maciel Filho, docente da (FEQ) Unicamp e um dos inventores da tecnologia, a invenção é um polímero plataforma com amplo potencial de aplicação, podendo ser utilizado também na saúde animal e na área de alimentos, por exemplo. Além disso, a tecnologia, segundo o docente, valoriza toda uma cadeia produtiva.

“O ácido que dá origem a esse polímero vem do açúcar, então estamos valorizando uma cadeia de produção de uma maneira muito importante, porque esses produtos, com o potencial que temos e com o processo desenvolvido, com um leque muito grande de opções para aplicação, valoriza demais a matéria-prima que gera um produto de grande valor agregado”, ressalta o docente.

O desenvolvimento desta tecnologia resultou da pesquisa de doutorado de Ana Flávia Pattaro, tese defendida na FEQ da Unicamp com orientação do professor Rubens Maciel. A tecnologia foi patenteada com assessoria estratégica da Inova Unicamp, tanto para o processo de solicitação quanto para sua obtenção.

“Dentro do doutorado desenvolvemos esse processo com alto potencial de aplicação, que traz benefícios muito grandes para a aplicação e nos torna potencialmente mais competitivos para essas aplicações que demandam um polímero com especificidade muito grande e com custo muito alto”, explica Pattaro, que além de co-inventora da tecnologia, é a CEO da Dermbio.

Segundo a empreendedora, no Brasil não há produção interna desse polímero para a área médica, acarretando em custos muito altos para a importação e aplicação. No entanto, o desenvolvimento deste processo, iniciado no doutorado, trará uma redução muito grande para viabilizar o uso no mercado interno, ampliando ainda mais a sua aplicação.

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