Pesquisa realizada pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) aperfeiçoou a identificação do risco de doenças cardiovasculares em mulheres com atrite reumatoide. O novo protocolo de tratamento inclui a realização de exame de ultrassom com doppler nas artérias carótida e femoral. A partir da nova metodologia foi possível detectar com mais precisão aumento na espessura dos vasos e presença de placas de gordura. As alterações podem causar infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), derrame e morte súbita.
A nova abordagem de identificação de problemas cardiovasculares em pacientes com artrite foi reconhecida pelo Journal of Clinical Rheumatology dos Estados Unidos. O veículo publicou o trabalho “Cardiovascular Risk Assessment in Women With Rheumatoid Arthritis Through Carotid and Femoral Artery Doppler Ultrasound” do Iamspe no volume 28 do periódico, disponibilizado em março.
De acordo com a reumatologista e autora da pesquisa, médica Nathália Sacilotto, a análise dessas artérias tende a ser ignorada na realização dos exames de rotina do tratamento da artrite reumatoide. “Oitenta e um por cento das participantes da pesquisa com artrite apresentaram placas de gorduras ou engrossamento das paredes da artéria femoral, vaso que leva sangue para os membros inferiores do corpo”, explica. Durante a análise, também foram identificadas alterações na espessura da artéria carótida – que leva sangue ao cérebro – em 31% das mulheres com a doença autoimune.
Para o estudo, as equipes dos Serviços de Reumatologia e de Cirurgia Vascular do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) acompanharam 70 mulheres com mais de 44 anos. As participantes foram organizadas em dois grupos: um de 35 pacientes com diagnóstico de artrite reumatoide há uma década e outro com as demais 35 sem a doença.
O resultado da pesquisa surpreende, pois todas as participantes do estudo foram selecionadas por apresentarem baixo risco de eventos relacionados às doenças cardiovasculares. A classificação foi feita com base na avaliação da Liga Europeia Contra Reumatismo (Eular, na sigla em inglês).
O estudo reforça a necessidade do cuidado redobrado das equipes médicas com pacientes, que vivem com a artrite reumatoide. Essa população tem de duas a três chances a mais de sofrer com problemas cardiovasculares. O motivo da cautela está na inflamação nos vasos sanguíneos, causada pela artrite reumatoide, que estreita ou obstruí o fluxo de sangue. O controle da doença com terapia medicamentosa diminui os riscos e os episódios de dor intensa.
A especialista explica também que a dificuldade de locomoção causada pela artrite contribui ainda mais para o acúmulo de gorduras nas artérias. “Essas mulheres enfrentam inflamações e fortes dores nas juntas em decorrência da doença. Por isso, muitas deixam de realizar atividades físicas, o que, em longo prazo, contribui para esse quadro”, pontua.
Nathália ainda acrescenta como método de prevenção a adoção de um estilo de vida saudável. “Auxilia na redução das placas de gordura nas artérias: alimentação balanceada, boa noite de sono e prática de exercício físico de baixo impacto, principalmente, para as pessoas que estão em tratamento para o controle da artrite reumatoide”, encerra.