Projeto brasileiro para tratar apneia obstrutiva do sono é reconhecido pela OMS

Recentemente, a notícia do tratamento para apneia do sono do presidente dos Estados Unidos Joe Biden ganhou as páginas dos principais veículos de comunicação, principalmente pelo uso do  aparelho CPAP (aparelho de pressão positiva contínua) para tratar doença que gerou pequenas marcas no rosto do político americano. Apneia obstrutiva do sono (Saos) é uma parada respiratória provocada pelo colapso das paredes da faringe que ocorre geralmente durante o sono,  estima-se que a doença afete 1 bilhão de pessoas no mundo e 50 milhões de brasileiros. O Brasil é um dos dez países com maior número de indivíduos com essa condição.

Entre os riscos para apneia obstrutiva do sono podemos listar sobrepeso e obesidade, circunferência cervical aumentada, sexo masculino, meia-idade, diagnóstico de hipertensão arterial, uso de álcool ou medicações sedativas, anormalidades na via aérea e histórico familiar prévio.

Apesar dessas consequências, médicos e pacientes frequentemente têm uma baixa percepção da doença, já que muitas vezes os sinais e sintomas mais associados a Saos, como roncos, apneias testemunhadas pelo companheiro de cama e sonolência excessiva diurna, são frequentemente negligenciados.

Com intuito de melhorar esse cenário de subdiagnóstico, a cidade de Araguari, no interior de Minas Gerais, iniciou um projeto piloto em 2021, com apoio da ResMed, para melhorar o acesso da população ao serviço público. A cidade tinha verba para o tratamento da Saos, mas não realizava os estudos de sono (diagnóstico). Era necessário o deslocamento dos pacientes para cidades vizinhas ou para Belo Horizonte, que possuíam o teste diagnóstico, gerando inconvenientes ao paciente e alto custo para o município. A equipe de atenção básica da saúde foi treinada e equipada para oferecer a linha completa de cuidados ao paciente com apneia obstrutiva do sono. Desde o início do programa, em 2021, foram realizados mais de 7 mil atendimentos da equipe multiprofissional com mais de 400 exames de diagnósticos e 230 pacientes em terapia com CPAP através. Atualmente, o projeto piloto passou a ser incorporado em toda Atenção Primária da Saúde da cidade.

“Há o engajamento com todas as equipes de atenção primária — médicos não especialistas — na Linha de cuidado. Além disso, o ambulatório de sono passou a ser área de estágio do curso de medicina da Imepac, faculdade privada da cidade, seguindo as diretrizes do SUS – Integração Ensino Serviço.

De acordo com a médica Marislene Pulsena da Cunha Nunes, Coordenadora de atenção primária da Prefeitura Municipal de Araguari, a equipe multiprofissional é fundamental no processo de tratamento da apneia do sono. “O fisioterapeuta acompanha a utilização dos CPAPs, adaptando as máscaras para cada paciente. Já o nutricionista verifica a questão da alimentação, já que muitas vezes essa condição está ligada ao sobrepeso ou obesidade. E a adesão ao tratamento passa por questões psicológicas”.

A linha de tratamento da apneia do sono elaborada pela Secretaria de Saúde de Araguari, com apoio da ResMed, foi selecionada como uma das 96 experiências inspiradoras mundiais sobre a chamada de submissão como Ação Multissetorial (MSA) para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis (DCNT) e foi publicada na página da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Este é mais um passo importante para fortalecer as políticas públicas e servir de material de trabalho para ganhar escala com outros municípios e secretarias estaduais de saúde. É preciso também investir no treinamento de profissionais da saúde para que estejam capacitados a auxiliar pacientes com diagnóstico de apneia do sono”, destaca a gerente clínica para América Latina da ResMed, Cláudia Albertini.

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