Novos tratamentos da depressão e de outros subtipos da doença renovam a esperança de rápida recuperação

Novos medicamentos, que agem na regulação de neurotransmissores, inauguram um capítulo importante no tratamento de doenças mentais. São propostas terapêuticas inovadoras que demonstraram maior eficácia em pacientes com diferentes tipos de depressão, especialmente a resistente e a pós-parto. Utilizadas em diversos países, estas drogas trazem esperança para a população brasileira. Contudo, a viabilização desses tratamentos requer estratégias específicas para garantir um alcance social adequado.

Para entender o marco desses tratamentos, primeiro, precisa-se definir o que são os sistemas glutamato e o GABA. Eles são sistemas de neurotransmissão que regulam o sistema nervoso central (SNC). O glutamato está relacionado à capacidade de concentração e à vigilância, variando de acordo com sua quantidade no cérebro, enquanto o GABA está associado à sensação de relaxamento.

Esses sistemas desempenham papéis importantes em neurotransmissores relacionados à depressão e a outros subtipos da doença. Contudo, os novos medicamentos que atuam na regulação dos sistemas glutamato e GABA oferecem uma alternativa eficaz, principalmente para pacientes que não obtiveram melhora com antidepressivos convencionais, como a imipramina e a fluoxetina.

Os antidepressivos tradicionais atuam principalmente sobre o sistema das monoaminas – dopamina, noradrenalina e serotonina – no cérebro. No entanto, em casos de depressão resistente e pós-parto, esse tratamento muitas vezes não promove resultados satisfatórios.

As novas drogas usadas para tratar a depressão resistente e a pós-parto incluem a cetamina e a zuranolona. Esses medicamentos agem de maneira diferente dos antidepressivos convencionais, atuando de forma mais rápida e renovando a esperança de uma parcela significativa dos mais de 11 milhões de brasileiros com depressão.

A indicação dessas novas drogas é baseada no diagnóstico da depressão resistente e da depressão pós-parto. No caso da depressão resistente, o quadro é identificado quando o paciente não apresenta melhora de 50% dos sintomas após o uso adequado de dois antidepressivos convencionais diferentes.

Para a depressão pós-parto, os medicamentos que agem no sistema GABA já demonstraram benefícios significativos.  As medicações para controle desse sistema amenizam os sintomas em poucos dias, enquanto os antidepressivos convencionais demoram semanas para apresentar melhoras.

Nos Estados Unidos, a zuranolona, que atua diretamente no GABA, já é comercializada. Seus resultados positivos entre as americanas são um sinal de esperança para o Brasil, país em que mais de 25% das mães, no período de seis a 18 meses após o parto, sofrem com depressão pós-parto, segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No entanto, ainda não há previsão para a chegada desse medicamento ao Brasil.

As medicações que atuam sobre mecanismos diferentes dos antidepressivos convencionais oferecem uma alternativa eficaz para tratar depressão resistente e pós-parto e ressaltam a necessidade de mais estudos sobre a origem da depressão e seus subtipos. Além disso, o efeito positivo das medicações traz um horizonte promissor, especialmente neste Janeiro Branco, de como o futuro pode ser melhor para pessoas enfrentando depressão resistente e pós-parto.

Michel Haddad, psiquiatra no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), principal unidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).

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