Nos primeiros sete dias da Missão África – projeto da Inspirali que levou alunos das principais universidades de medicina do Brasil para Benim, quinto país mais pobre do continente africano, para prestar atendimento médico a uma população de extrema vulnerabilidade. Os 30 alunos selecionados para a Missão – por meio de histórico em ações voluntárias, participação em alguma das edições anteriores da Missão Amazônia e que estão nos dois últimos anos da graduação – já estão inseridos no contexto da realidade local, atendendo pacientes, maioria de crianças e mulheres, em casos que parecem simples como hipertensão, diabetes, hérnias; até graves complicações como queimaduras não curadas e evoluções desfavoráveis de parto.
“Enfermidades que parecem descomplicadas, aqui fazem uma grande diferença. Em Benin a mortalidade infantil chega próximo dos 50% no primeiro ano de vida e a expectativa de vida é em média 58 anos, então as doenças são bastante prevalentes e graves e por falta de tratamento eles acabam sucumbindo. É muito provável que este será o único atendimento que estas pessoas vão ter ao longo da sua vida porque eles não têm acesso a medicina gratuita”, relata diretamente da Missão o diretor médico da regional Sul da Inspirali e coordenador do projeto, Rodrigo Dias Nunes.
Nunes conta que os dias têm sido bastante intensos com grande quantidade de aprendizado pessoal e profissional. Segundo o coordenador do projeto, os missionários estão com uma grande carga de trabalho, chegando à exaustão física e emocional. Porém, esse é o objetivo principal da Missão. “Isso nos faz valorizar ainda mais tudo o que estamos aprendendo, o que temos deixado e o que temos recebido. Os alunos aprendem sobre resiliência, dedicação, empatia, se colocar no lugar do outro. Eles começam a reformular seus valores de prioridade, uma vez que muitas vezes falta água, falta energia, falta total conforto, não só para os pacientes, mas para todos nós”, complementa.
Também inserido na Missão, José Lucio Martins Machado, CMO da Inspirali, conta que os consultórios estão sendo organizados em galpões ou debaixo de árvores sombreiras e explica que para cada consultório é escalado um tradutor do dialeto goum para o francês. “Nossos alunos se comunicam por meio do francês básico e muita mímica. As consultas envolvem um tremendo esforço de comunicação oral e gestual. Mas temos recebido ajuda de moradores das proximidades, que chegam a andar por horas para prestar auxílio com a comunicação e outras demandas”, conta.