Mulheres de Titânio: projetos incentivam representatividade feminina em áreas da Odontologia

Antes desconhecido pelo mercado da saúde, o titânio trouxe inovação para a Medicina e a Odontologia. Usado em larga escala para a produção de implantes dentários, por exemplo, o material se destaca por características como força, resistência e resiliência. A chegada dos implantes de titânio ao Brasil coincide de certa forma com a entrada da cirurgiã-dentista Ivete Sartori, de 63 anos, na área. “Entrei na Implantodontia bem no começo do avanço da especialidade”, conta. Nascida em Fernandópolis (SP), ela viu na especialização uma chance de entrar na pesquisa e no ensino, áreas com as quais se identificava. Mas se hoje o setor ainda é predominantemente masculino, naquela época era mais ainda.

Segundo o Conselho Federal de Odontologia, o Brasil conta com 68.872 profissionais mulheres no ramo. Porém, em especialidades como a Implantodontia, que conta com mais de 17 mil profissionais, o público feminino ainda é minoria, com apenas 5.145 mulheres. E foi a partir dessa percepção que surgiu o Women Implantology Network (WIN), uma rede global de cirurgiãs-dentistas comprometidas a inspirar, engajar e desenvolver mais mulheres na Implantodontia.

Criado pelo Grupo Straumann em 2016, o projeto tem como objetivo fomentar a participação de mulheres na especialidade e também encontrar novos talentos no setor. “Nos últimos anos, houve um movimento das mulheres formadas em Odontologia que começaram a optar por especialidades cirúrgicas, mas em congressos ou aulas, os porta-vozes continuavam sendo sempre homens. Então o objetivo também é encontrar mulheres que se sintam confortáveis em replicar seus conhecimentos e incentivar novas dentistas a entrarem na especialidade. Queremos observar esse crescimento da representatividade das mulheres como referências para outros profissionais”, explica a dentista e responsável pelo projeto no Grupo Straumann Brasil, Carolina Castro.

Ivete é hoje palestrante do projeto e vê em casa a mudança que a especialidade vem passando. Uma de suas três filhas também é implantodontista. Ela diz que a iniciativa tem papel fundamental em mostrar para as mulheres sua força e independência. “Nosso objetivo é contar histórias e mostrar que cada uma tem a sua realidade, mas que, se todas tivermos amor pela profissão e pelo trabalho, é possível realizar o que quisermos sem precisar provar nada para ninguém”, ressalta.

Atualmente, o projeto acontece na América Latina, Europa, Emirados Árabes, Estados Unidos e Ásia. No Brasil, quase 700 mulheres foram atingidas pelos encontros em 2020, que tiveram a participação de 29 palestrantes. “O objetivo principal do projeto é engajar. Fazer com que as mulheres possam ser incentivadas por outras mulheres. São mulheres que se inspiram”, conta Carolina.

Referência na ortodontia

Com mais mulheres atuando, o setor da Ortodontia também conta com um projeto de incentivo, mas com novos objetivos. O Women Orthodontics Network (WON) busca que as mulheres se tornem referência numa área em que já são maioria. De acordo com a dentista da ClearCorrect e coordenadora do projeto, Caroline Aranalde, o projeto busca ajudar cada profissional de forma prática e relevante. “Atualmente, segundo a lista do Board Brasileiro de Ortodontia, somente 25% das referências no setor da ortodontia são mulheres. Se nós somos maioria na Orto, por que não estamos entre as referências?”, levanta. “Por isso, nós temos palestras com especialistas mulheres dentro das áreas de pesquisa, empreendedorismo e clínica para auxiliar outras profissionais a ganharem destaque na área e ocuparem posições de referência para ortodontistas”, explica.

Com um calendário pré-definido de encontros, o WON abre espaço para discussões e também dicas práticas para atuar no mercado. “As mulheres possuem um poder incrível de transformação e é isso que queremos estimular e apoiar com esse novo projeto”, finaliza.

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