O uso de inovação e tecnologia tem transformado o setor de complementos nutricionais, que vive um momento de expansão no Brasil. De acordo com levantamento da consultoria norte-americana Future Market Insights, o mercado nacional deve atingir um faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2025.
Na última década, o avanço das tecnologias possibilitou análises mais precisas para o desenvolvimento de fórmulas personalizadas, voltadas às necessidades de diferentes públicos. Pesquisas sobre o efeito da maca peruana no corpo feminino, por exemplo, revelam novas aplicações para a raiz andina, historicamente associada apenas ao aumento de energia e disposição.
Um estudo chinês publicado pela PubMed em 2014, foi realizado com mulheres chinesas na pós-menopausa. Durante seis semanas, as participantes consumiram 3,3 gramas de maca por dia. Embora não tenham ocorrido alterações significativas nos níveis de hormônios importantes como estradiol ou FSH, as mulheres relataram uma melhora nos sintomas de depressão e ansiedade, além de uma redução na pressão arterial.
Casos como esse ilustram como o avanço da ciência e da tecnologia abrem novas possibilidades no desenvolvimento de complementos alimentares. O cenário promissor tem atraído uma variedade de empresas, desde novas startups até marcas especializadas como a Ocean Drop, que busca atender à crescente demanda por suplementos baseados em evidências científicas
Novos processos ampliam eficiência dos produtos
Além de aumentar a variedade de suplementos disponíveis no mercado, a inovação tecnológica permite um avanço importante na personalização e na eficiência desses produtos. Um dos exemplos mais marcantes é a aplicação da tecnologia lipossomal.
Essa técnica consiste no encapsulamento de nutrientes em vesículas microscópicas formadas por fosfolipídeos, que imitam as membranas celulares. A estratégia protege os compostos ativos durante o processo digestivo e aumenta substancialmente a biodisponibilidade — ou seja, a quantidade efetivamente aproveitada pelo organismo.
Outro ponto importante nas pesquisas é a diferenciação entre substâncias que, à primeira vista, podem parecer semelhantes. A diferença entre ácido fólico e metilfolato exemplifica bem esse desafio. Enquanto o ácido fólico é a forma sintética da vitamina B9, o metilfolato representa sua versão ativa e prontamente utilizável pelo organismo.
Um artigo de revisão publicado na revista médica brasileira FEMINA, ligada à Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), confirma as vantagens do metilfolato. Segundo a análise, o corpo consegue absorvê-lo e utilizá-lo de forma mais proveitosa.
Demanda crescente por saúde e bem-estar impulsiona o mercado
Dados da Neotrust Confi mostram que as vendas online de produtos de saúde e bem-estar cresceram quase 100% entre 15 de dezembro de 2024 e 15 de janeiro de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A categoria de suplementos nutricionais foi um dos setores de destaque, ao lado de equipamentos fitness e vestuário esportivo.
O público feminino também demonstrou um aumento no consumo: o gasto subiu de R$ 259,8 milhões para R$ 515,4 milhões no período analisado, representando uma alta expressiva de 98,4%. De acordo com a pesquisa, essa forte procura está associada tanto a uma maior preocupação com cuidados pessoais quanto à influência das resoluções de início de ano.
Já entre os homens, o crescimento foi de 77,9%, saltando de R$ 421,2 milhões para R$ 749,3 milhões. As faixas etárias que mais compraram foram de 35 a 44 anos e de 25 a 34 anos, enquanto a região Sudeste liderou em faturamento e a Norte foi a que mais cresceu proporcionalmente.
Além da praticidade, os consumidores buscam resultados e transparência nas fórmulas. Por isso, há uma exigência crescente por testes clínicos, rastreabilidade de ingredientes e selos de qualidade. As tecnologias digitais também auxiliam na comunicação e no acompanhamento do uso dos suplementos, com aplicativos que orientam dosagens e fornecem alertas personalizados, criando uma experiência mais completa e segura.