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Dados estruturados: a base para uma telemedicina inteligente e humanizada

por Eduardo Guilhon
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Vivemos cercados por artigos, soluções e discursos sobre Inteligência Artificial e seus impactos futuros. A todo momento surgem novidades que prometem revolucionar a saúde com algoritmos avançados, machine learning e big data. Mas pouco se fala sobre o que realmente sustenta tudo isso: a qualidade e a estruturação dos dados.

Com mais de uma década trabalhando com tecnologia na saúde, vejo com clareza que, sem uma estratégia de como coletar e estruturar os dados, não há IA que funcione de verdade. O entusiasmo com ferramentas inteligentes precisa vir acompanhado de um olhar atento para como os dados dos pacientes estão sendo coletados, armazenados e integrados.

Não é apenas uma questão técnica — é uma questão de impacto direto na vida das pessoas. Dados desestruturados geram diagnósticos imprecisos, tratamentos genéricos e decisões clínicas inseguras. Um estudo da Sage Growth Partners mostra que mais da metade das instituições de saúde sofre com a má qualidade dos dados, enfrentando atrasos, retrabalho e escolhas ineficazes.

Isso se torna ainda mais evidente na telemedicina. Sem dados confiáveis para apoiar a tomada de decisão médica, a telemedicina vira uma videoconferência como qualquer outra com baixíssimo nível de resolutividade. É por isso que precisamos investir pesado em engenharia de dados — para integrar informações de diferentes fontes, como prontuários eletrônicos, exames laboratoriais e dispositivos de monitoramento remoto, e com isso garantir continuidade no cuidado, reduzir erros e ganhar eficiência.

Atualmente, já existem soluções de telemedicina ampliada que permitem ao paciente  ser atendido em cabines em que seus dados e exames ficam disponíveis para consultas futuras. Isso permite que o médico tenha um histórico claro e, mais do que isso, que a tecnologia cruze informações e ajude a prever riscos — antes que eles se tornem problemas reais.

Sim, algoritmos sofisticados conseguem detectar padrões, prever cenários e apoiar decisões. Mas nada disso funciona se a base estiver comprometida. IA só entrega valor quando os dados são confiáveis, atualizados, estruturados e em conformidade com a LGPD.

Acredito na construção de um prontuário open health: um histórico eletrônico integrado e acessível tanto para profissionais quanto para o próprio paciente. Um sistema que unifique informações dispersas, empodere o cidadão e torne o atendimento mais eficiente e personalizado.

Esse não é um sonho distante. É uma necessidade urgente. Se quisermos uma saúde mais inteligente, segura e centrada no paciente, precisamos começar pela base. E essa base são os dados. Bem estruturados, bem cuidados e bem usados.

Eduardo Guilhon, CTO da h.ai, healthtech de telemedicina ampliada.

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