O acesso em tempo real a informações sobre os sintomas de um paciente internado na UTI de um hospital é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de doenças graves, que trazem risco de morte. É o caso da sepse (conhecida antigamente como septicemia), ou infecção generalizada, que foi o foco de uma prova de conceito realizada pelo Instituto Atlântico com a Unimed Fortaleza utilizando a plataforma aberta dojot, desenvolvida pelo CPQD com o objetivo de acelerar a criação de aplicações de Internet das Coisas (IoT) em diversas áreas.
“A prova de conceito teve a finalidade de avaliar o desenvolvimento de uma solução capaz de auxiliar na identificação de ocorrência de protocolos clínicos de sepse, por meio do monitoramento remoto e tratamento automático de sinais vitais de pacientes coletados por um monitor multiparamétrico”, afirma Danielly Guimarães, gerente de projeto do Atlântico, uma das principais instituições de ciência e tecnologia (ICT) do Nordeste. Ela explica que, atualmente, esses dados são coletados de forma manual pelos profissionais de saúde, durante as visitas periódicas aos pacientes internados, e comparados com os parâmetros dos protocolos clínicos.
“Com a aplicação, a ideia é ter os dados coletados em tempo real, de modo que o profissional de saúde possa agir rapidamente caso sejam detectadas anomalias”, acrescenta Danielly. Para isso, o monitor multiparamétrico utilizado na prova de conceito (ou PoC, na sigla em inglês) ganhou uma placa Raspberry Pi com conexão Wi-Fi, que envia os dados dos sinais vitais do paciente para a plataforma dojot. “A aplicação consome os dados da dojot e possibilita a identificação precoce de qualquer parâmetro que indique a ocorrência de sepse.”
Para a PoC, que durou dois meses e foi realizada dentro do projeto Plataforma IoT (conduzido pelo CPQD com recursos do FUNTTEL/Finep e que tem o Atlântico como um dos parceiros), foi utilizado um simulador de monitor multiparamétrico ligado a um paciente, com foco no protocolo clínico de sepse. “Existem vários sintomas que, segundo o protocolo, indicam que o paciente está caminhando para um quadro de sepse”, explica Liliana Rodrigues Pereira, analista de projetos da Unimed Fortaleza. “Quanto mais rápido se detecta a doença, mais eficaz o seu tratamento, o que se reflete em segurança para o paciente, conduta terapêutica adequada e em tempo hábil e redução do tempo de internação”, ressalta Liliana.
Esses benefícios, identificados durante a prova de conceito, levaram a Unimed Fortaleza a contratar o Atlântico para evoluir a solução IoT, que será incorporada ao seu projeto Monitoramento Assistencial – pelo qual Liliana é responsável. “A PoC foi feita em ambiente simulado, com um equipamento e um protocolo. A intenção agora é usar a solução em ambiente real, com pacientes internados, e com outros equipamentos médicos, como ventiladores mecânicos, por exemplo, utilizados nos casos de Covid-19”, adianta Liliana. “Além disso, vamos verificar outros protocolos clínicos que também podem se beneficiar com essa solução”, acrescenta.
A intenção é implementar a nova solução no Hospital Regional Unimed (HRU), em Fortaleza, que oferece mais de 300 leitos. O projeto tem duração aproximada de um ano, mas a adoção de metodologia ágil pelo Atlântico permite ter entregas mais rápidas, ao longo desse período. A plataforma aberta dojot também é um recurso importante para agilizar o desenvolvimento. “A tecnologia da dojot viabilizou a rápida evolução do projeto. Na primeira fase, com o ganho no tempo de desenvolvimento, conseguimos colocar a solução em operação em dois meses”, destaca Liliana.