Nova técnica prevê, com maior exatidão, potencial da fertilidade masculina

A busca por soluções mais precisas na avaliação da fertilidade masculina tem sido uma prioridade na área da saúde reprodutiva. Recentemente, a descoberta de uma técnica avançada, já utilizada em animais, entusiasmou especialistas ao redor do mundo e ampliou a capacidade técnica da reprodução humana: a citometria de fluxo. O procedimento possibilita a análise detalhada das características dos espermatozoides. Por meio dela, é possível avaliar a contagem, a motilidade, a morfologia e outros parâmetros essenciais para determinar a qualidade do sêmen.

Testada, pela primeira vez, em humanos, essa tecnologia promete revolucionar o diagnóstico da fertilidade masculina, permitindo uma previsão mais exata do potencial reprodutivo dos homens. Para o urologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Moacir Rafael Radaelli, é preciso ter cautela com a utilização deste mecanismo na reprodução humana.

“Hoje, procuramos inúmeras alternativas para avaliar o espermatozoide, não só a morfologia dele, que é como ele se apresenta, mas também a função dele. Existem diversos testes laboratoriais que utilizamos nos serviços de reprodução para tentar escolher o melhor espermatozoide. Existem várias técnicas, e a citometria de fluxo é uma das que tendem a buscar características especiais de comportamento do espermatozoide para que a gente possa utilizá-los, ainda em caráter de pesquisa, experimentação. Nós precisamos realmente saber se essa escolha foi assertiva, se teve resultados de gravidez, evolução. Então, ainda é uma técnica em estudo” disse.

A contagem de espermatozoides tem apresentado uma queda nas últimas décadas, o que também tem contribuído para a redução do número de nascimentos no mundo. Se confirmada, a nova técnica pode ser mais uma opção científica para fornecer uma visão mais abrangente e detalhada das características dos espermatozoides. A partir disso, os especialistas podem identificar possíveis problemas de fertilidade com maior precisão e indicar o melhor tratamento para cada paciente.

Entre as técnicas que podem ser indicadas a partir dessas identificações estão a fertilização in vitro (FIV) e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides, um método de fecundação no qual o espermatozoide selecionado é injetado diretamente no óvulo maduro usando uma agulha fina.

Radaelli pede à população mais calma em relação ao assunto, já que a pesquisa ainda precisa passar por outras fases. “Precisa de vários critérios científicos para que nós possamos liberar isso para a utilização, porque a gente precisa ter critérios para análise, nós precisamos ter confiabilidade no dado, e também temos que saber se esse dado se repete”, pontuou.

No Brasil, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) estão realizando testes com a técnica, visando ampliar o uso do protocolo desenvolvido. A proposta desses pesquisadores é incentivar a colaboração e a troca de informações entre profissionais da medicina e veterinária, o que pode levar ao desenvolvimento de novos procedimentos na área. A expectativa é que esse trabalho estimule avanços significativos na utilização da técnica e beneficie tanto a área da saúde humana como a veterinária.

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