Pausado em decorrência da pandemia, o Projeto SIM, desenvolvido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde, será retomado nesta segunda-feira, 9. Tendo a capital gaúcha uma das maiores taxas de detecção de sífilis do Brasil — 166 contaminados para cada grupo de 100 mil habitantes — e os maiores índices de sífilis congênita no país, o projeto tem como objetivo identificar os principais fatores associados ao aumento de casos da doença.
A pesquisa, realizada pela instituição gaúcha por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), coletará informações baseadas em dois enfoques: diagnóstico e monitoramento do tratamento. Na primeira etapa, o objetivo é estimar a proporção de casos de sífilis não diagnosticados na população e avaliar estratégias para ampliação dos exames. Na etapa de monitoramento, o foco é identificar lacunas no tratamento usual no SUS e avaliar a efetividade de diferentes estratégias de enfrentamento da doença.
A abordagem de voluntários para a pesquisa será em um dos pontos de maior circulação de Porto Alegre: o Largo Glênio Peres (foto). Uma unidade móvel funcionará diariamente, das 9h às 18h, onde serão realizados exames gratuitos para o diagnóstico de sífilis, HIV e hepatite para quem aceitar participar do estudo. O resultado sai na hora e as pessoas que testarem positivo para sífilis serão incluídas no protocolo e encaminhadas para monitoramento e tratamento, recebendo já a primeira dose da medicação no local.
Tecnologia aliada no enfrentamento à sífilis
Além da estrutura da unidade móvel, o projeto SIM agora conta com uma novidade tecnológica para aumentar a adesão ao tratamento: um aplicativo game de celular com informações essenciais sobre o paciente e esclarecimentos das principais dúvidas sobre a doença. De acordo com a responsável técnica pelo Projeto SIM, Eliana Wendland “não há informações prévias da utilização de um aplicativo de celular para reunir informações de tratamento da sífilis”.
Os pacientes com resultado positivo serão divididos em três grupos de acompanhamento: pelo aplicativo de celular, por contato telefônico e pelo protocolo atual, que é a indicação do tratamento com orientação de retorno para novas doses de medicação e monitoramento nas unidades de saúde. “Esperamos, também, que o aplicativo novo nos ajude a avaliar qual das diferentes medidas de monitoramento está sendo eficaz para aumentar a aderência ao tratamento”, explica a médica e pesquisadora. A ideia é identificar a eficácia desses métodos.
O aplicativo SIM! pode ser baixado na Google Play Store. Em breve também estará disponível para download no sistema IOS.
O Projeto SIM antes da pandemia
Iniciado um pouco antes dos registros dos primeiros casos de COVID-19 no Rio Grande do Sul, o piloto do Projeto SIM foi executado durante apenas dois dias em Porto Alegre e testou 68 pessoas. Quatorze (20,6%) tiveram teste reagente para sífilis, 1 para hepatite B, 3 para hepatite C e 1 para HIV. Dos 14 com testes positivos para sífilis, 8 fizeram exames confirmatórios. Os dados foram utilizados na produção de um artigo com análise sobre o impacto da pandemia no projeto de pesquisa. “Concluímos que o desenvolvimento do estudo foi impactado negativamente, na medida em que precisávamos manter esta unidade de teste ativa para obter os resultados desejados inicialmente”, explicou Eliana.