Unificação de dados impulsiona a transformação digital nos sistemas de saúde do Brasil

A tecnologia já faz parte de vários aspectos da sociedade, conectando pessoas e otimizando processos. Em determinadas áreas ela vai além, sendo uma ferramenta de trabalho assertiva. Para o setor de saúde as soluções tecnológicas estão cada vez mais presentes, uma vez que a pandemia foi um motor que acelerou a procura por novas formas de prestar assistência médica, assegurando que os tratamentos e procedimentos sejam visíveis em todo o processo de atendimento aos pacientes. O uso da telemedicina durante este período de isolamento social foi um exemplo posto à prova de que a tecnologia tem muito a contribuir com a área. Mas ainda há uma longa jornada a ser percorrida.

De acordo com um estudo feito pelo Seade e o Cetic.br/NIC.br, cerca de 87% dos estabelecimentos de saúde do Estado de São Paulo possuem algum sistema informatizado para registro de informações dos pacientes, sendo que no Sistema Único de Saúde (SUS) paulista esse valor cai para 80% e 77% em nível nacional. Já 75% dos estabelecimentos de saúde do estado possuem sistemas informatizados que permitem agendamento de consultas, exames e cirurgias. Em patamares inferiores estão a rede do SUS paulista (66%) e brasileira (53%).

Diante deste cenário, a janela de oportunidades mira a potencialização do uso de dados, unificando-os em um ambiente de fácil visualização. Na maioria dos consultórios privados e públicos as informações sobre os pacientes estão descentralizadas, criando barreiras que impedem uma integração dos dados e melhorias no atendimento. Focando nisso, um grande passo foi dado em maio deste ano quando o Plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei (PL) 3.814/2020, que obriga o SUS a criar uma plataforma digital para unificar informações de pacientes atendidos pelas redes pública e privada – atualmente proposta segue para a Câmara dos Deputados. Com essa plataforma, os prontuários médicos, resultados e laudos de exames estarão à disposição da equipe médica para promover um atendimento holístico.

Mas, não podemos nos acomodar diante deste ganho. É preciso seguir com soluções inovadoras que podem ajudar médicos a continuarem seu trabalho de salvar vidas. E, aqui, a tecnologia continua seu papel de ponto de ampliação da transformação digital, trazendo inovações e aplicativos capazes de elevar o setor a outro patamar. Por isso, além da unificação, é importante também contar com inteligência para identificar padrões comportamentais de pessoas para atuar na prevenção. A inteligência artificial, as soluções de analytics e predição são aliadas de equipes para traçarem perfis de doenças e até fazerem diagnósticos mais precisos ou desenvolverem medicamentos. Elas atuam na consolidação de informações pertinentes, fazendo o inverso, sem ter a doença como ponto de partida – o prognóstico seria a nova forma de trabalhar da medicina.

Com isso, a chave para ter uma saúde digital no país está depositada na construção de uma visão única do paciente a médio e longo prazo, tornando ele o centro de cuidados antecipados que podem ser feitos por meio da tecnologia. Uma vez feito isso e trabalhando na prevenção, é possível elevar ainda mais a qualidade de vida das pessoas. Tudo isso trará mais eficiência e sustentabilidade para o ecossistema por completo, tendo valor agregado para os negócios. A iniciativa de mudar o ciclo da saúde com uma nova dinâmica de operação fará com que a doença não seja o agente inicial do atendimento, mas sim a prevenção por meio da tecnologia.

Marco Righetti, diretor sênior de Engenharia e Arquitetura em Cloud da Oracle do Brasil.

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