Avanço nos tratamentos oncológicos reduz mortalidade e melhora cuidados

O Brasil reduziu em 6,4% as mortes por câncer de mama e 6,6% na próstata, dois dos tumores mais comuns no país, além em 8,1% o câncer de traqueia, brônquios e pulmão e em 10,3% por câncer de esôfago. Houve redução também de 13,4% das mortes por linfoma de Hodgkin e 13,7% por câncer da cavidade oral. Os resultados animadores se devem, em grande medida, ao avanço da tecnologia em terapias e ferramentas diagnósticas.

Nos Estados Unidos, segundo o NIH, Instituto Nacional de Saúde do país, o número de mortes caiu 2,3% por ano em homens e 1,9% em mulheres entre 2015 e 2019. Os tumores com maior redução foram o melanoma e os que acometem o pulmão.

“O principal recurso nesta última década para o tratamento oncológico tem sido a terapia-alvo, uma tecnologia que veio para ficar e dar mais potência no processo. Atualmente, com essas novas terapias, os efeitos colaterais são menores, quando comparados aos de quimioterápicos convencionais, o que ajuda na melhora da qualidade de vida do paciente”, explica Gregório Pinheiro Soares, médico oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.

A escolha do tratamento é feita por diversos fatores como tipo, localização e tamanho do tumor. Além da faixa etária e das condições de saúde prévias do paciente. “Hoje, o foco do tratamento oncológico é personalizarmos o tratamento, desenvolvendo uma terapia que seja efetiva para o paciente e, ao mesmo tempo, evite efeitos colaterais. Estudamos cada tipo de perfil e percebemos que um medicamento voltado para o que acomete o pulmão, pode ter o perfil genético parecido com o de um que atinge o cérebro, por exemplo. Dessa forma, podemos usar a mesma medicação para ambos”, afirma Aumilto Silva Júnior, médico oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista.

Outra tecnologia cada vez mais consolidada que permite o desenvolvimento de uma terapia personalizada é a oncogenética. O teste genético possibilita que determinadas alterações sejam identificadas previamente ao surgimento de doença e possíveis tratamentos ou ações preventivas sejam tomadas para reduzir a possibilidade do desenvolvimento do câncer ou identificá-lo de maneira precoce.

Em certos casos, a descoberta de um gene cancerígeno possibilita ações preventivas e a possibilidade de intervenções precoces antes do desenvolvimento do tumor. Por exemplo, a retirada preventiva das mamas, em situações em que a mulher é portadora de um gene que predispõe ao surgimento do câncer de mama.

“Cerca de uma a dez pessoas com câncer possuem alterações genéticas herdadas e que estão circulando pela família. Antes bastante restrita, a oncogenética está cada vez mais acessível e mais avançada em termos de tecnologia”, comenta Soares. “Entre as novas tecnologias para diagnóstico, podemos destacar a biópsia líquida, que é a utilização de exame de sangue para análise do DNA do tumor, sem precisar de um pedaço dele, ou seja, é um método menos invasivo. No Hospital Santa Catarina – Paulista, utilizamos a biópsia líquida em casos de tumores no pulmão para pesquisa de mutação de drive [genes cancerígenos]” completa o médico.

O Hospital Santa Catarina – Paulista inaugurou, em dezembro do ano passado, seu novo Centro de Oncologia e Hematologia. O espaço aumentou em 120% os boxes dedicados à quimioterapia e à infusão de medicamentos não oncológicos e triplicou o número atual de consultórios oncológicos.

Visando promover os benefícios de um tratamento humanizado e responsável, muitos médicos optam por realizar os cuidados paliativos concomitante a terapia convencional. Seus objetivos é permitir que o paciente e seus familiares experenciem uma abordagem que permite um bem-estar físico e psicológico. Para esse método ser efetivo, a equipe médica toma algumas medidas como uso de analgésicos e a redução ao máximo de procedimentos incômodos, que visam sempre a qualidade de vida da pessoa em tratamento. Mesmo nos casos de fim de vida, os cuidados paliativos funcionam como promotores da melhor qualidade de vida, confortando e cuidando do paciente e familiares.

Não são raros os casos de famosos que passaram pelos cuidados paliativos na oncologia. O ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e o maior jogador da história do futebol, Pelé, realizaram essa abordagem para diminuir a dor e aumentar o bem-estar.

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