Falta de médicos radiologistas impulsiona demanda por telerradiologia

De acordo com o recente estudo “Demografia Médica no Brasil 2023”, o número de médicos cresceu fortemente nas últimas duas décadas, alcançando a média de 2,6 médicos a cada mil habitantes, semelhante aos números de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá. No entanto, a distribuição desses profissionais pelo território nacional ainda se mostra bastante desigual.

As regiões Sudeste, com 3,9 médicos por mil habitantes, Centro-Oeste, com 3,1 e Sul, com 2,95, concentram a maior parte dos médicos do país, enquanto a região Norte tem 1,45 médico a cada mil habitantes e na região Nordeste, 1,93.

Esta má distribuição se reflete também na radiologia. Segundo o estudo “O Perfil do Médico Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Brasil”, de 2019, apenas 3% dos médicos titulados no país são radiologistas, o que representa apenas 6,17 especialistas a cada 100 mil habitantes.

Do total, 53,5% estão na região Sudeste, a que mais concentra esses profissionais, com 8,67 médicos por 100 mil habitantes. As regiões Sul e Centro-Oeste vêm na sequência, com 7,89 e 7,85, enquanto nas regiões Norte e Nordeste a escassez é maior, com 2,58 e 4,46 médicos a cada 100 mil habitantes, respectivamente. Juntas, as duas regiões somam mais de 35% da população nacional, mas apenas 21% dos radiologistas.

O Distrito Federal concentra a maior densidade de radiologistas a cada 100 mil habitantes, com 16,34 médicos, mais do que o dobro da média nacional, seguido pelo estado de São Paulo, com 9,91. No outro extremo, estados como o Acre e Roraima têm praticamente um quarto da densidade média de profissionais do país. O estado do Pará, por exemplo, tem apenas 2,34 médicos por 100 mil habitantes, quase um terço da média nacional.

“Hoje em dia estamos enfrentando uma falta de médicos radiologistas no país, com dificuldade de contratação fora dos centros urbanos, que pode ser causada por diferentes fatores. A radiologia é uma especialidade que requer treinamento avançado e acesso à últimas tecnologias. Os altos investimentos em equipamentos e formação especializada necessários para formar um especialista em radiologia limitam o número de profissionais aptos a seguir essa carreira”, comenta Harley de Nicola, médico radiologista e superintendente médico da Fidi – Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem, que realiza mais de 5 milhões de exames de radiologia no Brasil anualmente.

“Além disso, com a melhora da qualidade de vida e o consequente envelhecimento da população, além do aumento de doenças crônicas, a demanda por serviços de radiologia está crescendo cada vez mais”, complementa Nicola.
Como consequência da falta e da má distribuição de médicos radiologistas no país, vêm crescendo ultimamente a demanda pela telerradiologia, que possibilita a realização dos exames, a análise dos dados e produção dos laudos, tudo a distância.

Com a telerradiologia, clínicas e hospitais em regiões onde há dificuldade na contratação de médicos radiologistas podem enviar as imagens dos exames para análise em outras regiões do país, com maior concentração de profissionais. Isso permite maior agilidade no diagnóstico e no tratamento dos pacientes.

Por conta das novas tecnologias, exames que poderiam demorar dias para serem agendados e realizados podem ser completados em questão de minutos, fazendo com que os pacientes sejam encaminhados para tratamento muito mais rapidamente. Este fator pode fazer toda a diferença em casos mais graves, como os de AVC (acidente vascular cerebral).

Além de uma oportunidade de especialização e carreira para médicos em formação, a telerradiologia aparece como uma opção para levar atendimento médico de qualidade às regiões onde a falta de radiologistas é um problema.

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