O tempo é o ativo mais precioso. Ele não pode ser estocado, multiplicado ou acelerado. As 24h por dia e 7 dias por semana valem para todos, com a mesma quantidade de horas, minutos e segundos. No entanto, há um fator que pode alterar completamente a noção de tempo: a percepção temporal.
Já parou para pensar por que, mesmo que a quantidade de tempo seja a mesma, um minuto parece demorar mais quando se espera em uma fila tediosa do que quando se assiste um filme de ação? Isso tem a ver com a percepção temporal, ela é a forma como o cérebro interpreta a passagem do tempo e pode fazer com que, para nós, ele pareça mais rápido ou mais devagar.
Esse fenômeno é analisado pelo novo estudo, realizado pelo Pós PhD em neurociências membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, e publicado na revista científica “Caderno Pedagógico”, plataforma Sucupira.
“A percepção subjetiva da passagem do tempo está relacionada com o nível de atenção do indivíduo. […] Por meio de estudos acerca de doenças neurológicas, como o Parkinson, que afeta a noção de tempo, regiões como o cerebelo, gânglios da base e córtex pré-frontal são apontados como responsáveis por computar a percepção do tempo”, explica Abreu.
Ainda de acordo com o estudo, atenção seletiva a algo prazeroso causa a sensação de que o tempo passou rapidamente, que se está no momento presente, ou que tal atividade durou poucos minutos quando na verdade se passaram horas. “Isso remete a teoria do Flow, quando se está focado no momento atual e não sobra espaço para se dedicar aos processos mentais da passagem do tempo […] No entanto, atenção a situações tediosas causa o efeito inverso, conferindo a percepção de que a atividade é morosa e lenta. O tédio parece aumentar quando se tem consciência da passagem do próprio tempo”, explica.
Redes sociais e a mudança da percepção do tempo
O uso excessivo de redes sociais pode afetar os mecanismos biológicos de percepção temporal e fazer com que “vivamos menos”, afirma o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, autor do estudo.
“Apesar de os avanços científicos e tecnológicos possibilitaram mais anos de vida para a população em geral, nossa percepção de tempo está cada vez mais curta, o que faz com que, no fim das contas, estejamos vivendo menos. O uso excessivo de redes sociais é o principal causador deste tipo de disfunção pois altera a homeostase, relacionada aos neurotransmissores, o que modifica a anatomia cerebral e transforma a percepção temporal e comportamental do indivíduo”, conta o neurocientista completando que para evitar isso é importante controlar o uso de redes sociais e focar mais em atividades dinâmicas e que demandem atenção, sem o uso de aparelhos eletrônicos, reserve também períodos de contemplação da natureza e meditação.
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