A Grin, startup norte americana de odontologia, acaba de desembarcar no Brasil com a proposta de aproximar a relação entre dentistas e pacientes por meio de um aplicativo de imagem. Trata-se do Grin Scope, dispositivo com formato anatômico desenvolvido pela própria startup que, quando anexado ao smartphone, permite que o paciente o introduza diretamente na boca para que a câmera do smartphone faça um escaneamento do interior bucal. São gerados vídeos e imagens de qualidade que podem ser acessadas remotamente para acompanhamento e avaliações prévias dos dentistas, em qualquer hora, local e para qualquer tratamento.
O ortodontista americano Adam Schulhof, cofundador e CEO da Grin explica que idealizou a startup enquanto atendia pacientes em um consultório no Upper East Side nova-iorquino, área nobre de Nova York. Schulhof lembra que tinha centenas de pacientes que usavam alinhadores ortodônticos por conta própria, sem acompanhamento de um profissional. E não era por falta de dinheiro, eram simplesmente pessoas que não queriam gastar tempo na cadeira do dentista.
A ideia começou a sair do papel em fevereiro de 2020, a poucas semanas do início da pandemia que transformou a telemedicina em uma realidade. A companhia chega no Brasil de olho no maior mercado de profissionais de odontologia do mundo, com foco no segmento de aparelhos ortodônticos e alinhadores invisíveis. Segundo o Conselho Federal de Odontologia, o mercado no Brasil conta com mais de 380 mil dentistas, o equivalente a quase 20% no mundo, dos quais 30 mil são ortodontistas especialistas.
Além de EUA e Brasil, a Grin já opera no Canadá, em Israel — os outros dois cofundadores, Pamela Oren-Artzi e Alon Lipnik, são israelenses — e está chegando ao mercado europeu. A startup já levantou US$ 14 milhões em investimentos junto a fundos como Triventures e SpringRock Ventures e Procter & Gamble Oral Care.
O modelo de negócios da Grin é B2B: quem paga para usar a plataforma são os dentistas, não o paciente. Leandro Viaceli, responsável pela operação no Brasil, diz que pretende atingir 5% dos dentistas, cerca de mil profissionais em um ano, que já operam de alguma forma no mercado digital e, com isso, 10% de seus pacientes.
Schulhof ressalta que ideia da Grin não é acabar com as visitas ao consultório, mas reduzir idas desnecessárias. Muitas vezes o ortodontista examina o paciente sem precisar fazer procedimentos na boca dele. Só para olhar. E o que ele chama de a experiência Grin, com o Grin App, Grin Scope, Grin Scope mini e o monitoramento remoto Grin, permite que o profissional acompanhe de perto o alinhamento dos dentes, avalie previamente possíveis emergências e necessidades de cuidados bucais de pacientes sem ocupar a cadeira do consultório e otimizando a vida de quem faz um tratamento odontológico.
Viaceli diz ainda que há um movimento importante do mercado odontológico em relação a necessidade de evolução de gestão e como maximizar a base de clientes versus investimentos constantes em novos pacientes. Com essa demanda em ebulição, Grin oferece um real CRM (customer relationship management) odontológico ou PMP (patient management platform) que levará a gestão e comunicação de dentistas e seus clientes para outro patamar.