CEOs da saúde estão mais confiantes em relação à economia do país

A economia mundial deve passar por um período de desaceleração neste ano. A avaliação é compartilhada por 73% dos CEOs brasileiros e globais, conforme indica a 26ª edição da pesquisa global CEO Survey 2023, da PwC, que ouviu 4.400 executivos em mais de 100 países. Os resultados do levantamento revelam que os executivos do setor da saúde acompanham esse movimento, embora os brasileiros estejam um pouco mais pessimistas (76%) do que a média global (71%).

Os dados contrastam bastante com as expectativas identificadas pela pesquisa de 2022, quando 77% dos CEOs entrevistados disseram acreditar que haveria aceleração do crescimento econômico. O otimismo registrado no ano passado foi influenciado pela superação da pandemia de Covid-19 e não havia sido afetado pelos riscos geopolíticos que se estenderam em 2022.

Em relação à economia de seu próprio país, os brasileiros estão mais otimistas. Dois em cada três CEOs de empresas de saúde no Brasil (64%) acreditam que a economia nacional vai acelerar nos próximos 12 meses, pouco mais que o dobro dos executivos do setor na média global (30%).

“O otimismo do setor de saúde no Brasil tem relação com o número de pessoas que voltaram para o mercado de trabalho. Saúde suplementar, por exemplo, voltando a um patamar superior a 50 milhões de vidas cobertas. E sabemos que quanto mais gente coberta por saúde suplementar, melhor a perspectiva de crescimento do setor como um todo. Vemos também reestruturações importantes de operadoras acontecendo. Há um aumento de foco em saúde baseada em valor, o que tem tirado um pouco da pressão inflacionária. E, por fim, vemos um movimento no setor público, com a mudança de governo, novas perspectivas no SUS, muito mais assistencialista e certamente com ampliação de gastos”, explica Bruno Porto, sócio da PwC Brasil.

A 26ª edição do CEO Survey mostra que os CEOs estão em uma encruzilhada: precisam encarar os desafios do presente (como instabilidade geopolítica, crise energética, inflação alta e recessão) e ao mesmo tempo transformar o futuro para garantir a longevidade de suas empresas. O contexto leva um terço dos CEOs no Brasil (33%) e no mundo (39%) a afirmar que suas organizações serão economicamente inviáveis em dez anos, caso se mantenham no rumo atual.

Na opinião dos CEOs da saúde, o risco aos negócios é um pouco menos preocupante: 27% dos executivos brasileiros avaliam que, sem transformação, suas empresas conseguem se manter por até 10 anos, enquanto 35% têm a mesma avaliação na média global do setor.

Também foi medido o nível de expectativa em relação às receitas geradas pela própria empresa. Num horizonte de 12 meses, 61% dos CEOs da saúde brasileiros disseram estar extremamente ou muito confiantes, percentual próximo ao registrado junto aos CEOs de todos os setores do país pesquisados (60%). Na média mundial, os executivos de Saúde (48%) estão mais otimistas sobre a geração de receitas nas empresas do que a média global (42%).

O CEO Survey 2023 indica quais mercados são considerados mais relevantes para os CEOs de saúde no Brasil e no mundo. Os Estados Unidos mantêm a liderança registrada nas pesquisas anteriores: 45% dos CEOs brasileiros no setor (37% global) apontam o país como o mercado mais relevante. No entanto, na avaliação dos brasileiros, a China é o segundo mercado (33%), seguida da Alemanha (15%), México e Japão (ambos com 9%), enquanto, para a média global dos CEOs da saúde, a Alemanha ocupa o segundo posto (19%), à frente da China (18%), do Reino Unido (11%) e de França, Japão e Brasil (6%).

Para os líderes da indústria no mundo, o Brasil aparece em quinto lugar, empatado com França e Japão. Os Estados Unidos (37%) e a Alemanha (19%) encabeçam a lista.

Ameaças que mais preocupam

A PwC pediu que os entrevistados listassem quais são as maiores ameaças aos negócios em 2023. A inflação desponta em primeiro lugar na opinião dos CEOs da saúde brasileiros (61%), preocupação partilhada por 51% da média global para o setor e por 39% da totalidade dos executivos brasileiros.

A instabilidade macroeconômica surge bem atrás na lista de ameaças para os CEOs da saúde do Brasil, com 36%, patamar próximo dos 38% que têm avaliação idêntica no total dos CEOs brasileiros — 25% dos executivos do setor dos demais países disseram o mesmo. Os riscos sanitários surgem em terceiro lugar na lista dos CEOs da saúde brasileiros (30%), mais preocupados com esse fator do que seus congêneres globais (23%) e que o total de executivos brasileiros (15%). Já os riscos cibernéticos, ainda que em níveis próximos, são considerados uma ameaça um pouco maior pelo conjunto dos executivos brasileiros (27%) do que pelos CEOs da saúde no Brasil (24%) ou do que os globais do setor (22%).

Num horizonte de dez anos, a PwC mediu quais fatores podem afetar a lucratividade da indústria. Na opinião dos entrevistados, as inovações tecnológicas serão as fontes de maior impacto nos negócios: 73% dos executivos da saúde no Brasil têm essa avaliação, pouco acima dos 67% registrados nas respostas de todos os CEOs brasileiros. Na média mundial do setor, são 57% os que apontaram as inovações tecnológicas como primeiro fator de impacto nos lucros. Para estes, as mudanças na regulação são o principal fator (63%) a afetar a lucratividade.

As alterações nos marcos regulatórios são o segundo fator para os CEOs da saúde brasileiros (70%), mas o terceiro na avaliação do conjunto de executivos do país (56%). “As mudanças nas demandas dos consumidores estão nas respostas de 63% dos CEOs do Brasil e de 61% dos executivos do setor brasileiros, bastante à frente dos 49% que têm a mesma opinião na média mundial do setor”, afirma Porto.

Investimentos

Os aspectos relacionados à tecnologia lideram as frentes de investimentos dos próximos 12 meses. Em primeiro lugar na lista, está a automação de processos e sistemas: 84% dos executivos brasileiros indicam a área para aportes em 2023, número similar aos 82% registrados entre os CEOs da saúde no Brasil e dos 80% da média mundial do setor. Investimentos em implantação de tecnologias (nuvem e inteligência artificial, por exemplo) aparecem em segundo lugar, indicada por 79% dos executivos da saúde brasileiros, 75% na média global do setor e 76% do total de CEOs do Brasil.

A qualificação da mão de obra (upskilling) ocupa o terceiro posto na lista de investimentos. Segundo a pesquisa, 74% de todos os CEOs brasileiros têm essa frente como importante área de aporte de recursos, com 75% dos CEOs globais de saúde e 76% dos executivos do setor brasileiros partilhando a mesma opinião.

Para enfrentar os desafios econômicos e a volatilidade nos próximos 12 meses, a principal medida que vem sendo adotada pelas empresas é a redução de custos operacionais. De acordo com a pesquisa, 71% dos CEOs da saúde brasileiros indicam que essa ação já está sendo feita em suas organizações — 60% dos executivos da saúde no mundo responderam da mesma forma.

Em segundo lugar no Brasil, está a diversificação de produtos e serviços, com 55% dos CEOs da saúde indicando que essa ação já está em prática. Na média global do setor, a busca de fornecedores alternativos surgem na segunda posição, com 50% de menções. Para estes, diversificar produtos e serviços aparece em terceiro lugar (45%), um pouco à frente do aumento de preços (citado por 41%). Entre os executivos da saúde brasileiros, reajustar preços é a terceira ação mais citada (48%), com a busca de novos fornecedores ocupando o quarto lugar entre as ações mais mencionadas (42%).

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