Operação Sorriso dá esperança e dignidade às crianças com ajuda de tecnologia

Crianças filipinas insultaram e jogaram pedras em um menino de seis anos que tentava ir à escola. Em Madagascar, uma menina de oito anos foi rejeitada por sua aldeia e abandonada pela mãe, que não conseguiu superar o estigma da condição de sua filha. No Marrocos, uma menina de 12 anos escondeu-se de vergonha em casa, para que ninguém pudesse ver seu rosto.

Todas as três crianças tinham uma fissura no rosto, um defeito de nascença que desfigura um em cada 500 a 750 bebês em todo o mundo. Elas suportaram a crueldade e o isolamento durante anos até que uma cirurgia da Operação Sorriso mudou profundamente suas vidas.

Desde sua fundação, em 1982, essa organização sem fins lucrativos global oferece cirurgias gratuitas e seguras em países de baixa e média renda para mais de 270 mil crianças e jovens adultos com lábio leporino, fenda palatina e outras deformidades faciais. Para muitos pacientes, a cirurgia é o primeiro passo para uma vida mais feliz em um longo caminho de múltiplas cirurgias, ortodontia, terapia da fala e atendimento psicológico – tudo fornecido pela ONG.

“Trabalhamos para a restauração da dignidade. Isso é resultado da compaixão”, afirma Chris Bryant, vice-presidente sênior de aplicações e tecnologias corporativas da Operação Sorriso.

“Acreditamos que toda criança, toda pessoa tem dignidade, mas crianças nascidas com lábio leporino ou fenda palatina sofrem repetidas violações de sua dignidade pessoal. Existimos como uma organização porque há uma maneira direta e segura de corrigir isso.” As fissuras não tratadas também podem levar à desnutrição, perda auditiva, problemas dentários e dificuldades de fala.

No último ano fiscal, a Operação Sorriso realizou missões médicas em 28 países com 3.700 médicos voluntários que prestaram cuidados cirúrgicos, odontológicos, pós-operatórios e exames em 415 mil interações com pacientes. Muitos pacientes e famílias viajam dias para chegar a um local de missão, às vezes atravessando rios descalços ou caminhando horas de uma aldeia remota, apenas para uma chance de cirurgia. Cerca de 21 mil pacientes rastreados recebem atendimento cirúrgico ou odontológico por ano.

Para garantir um trabalho de alta qualidade que alcance o maior número de pessoas possível, a Operação Sorriso funciona com a ajuda de tecnologias de nuvem da área de Filantropia da Microsoft. Ela usa o SharePoint para gerenciar a complexa logística de missões, que inclui grandes equipes de voluntários internacionais, treinamentos médicos, atendimento ao paciente e avaliações cirúrgicas.

“Planejamento de missão requer uma coordenação enorme”, diz Bryant. “Costumávamos fazer isso em papel ou em documentos físicos e, na melhor das hipóteses, era difícil. Hoje, usamos o SharePoint para aplicar de forma eficiente todas as informações e compartilhá-las em todo o mundo de maneira segura e consistente.”

Os data centers globais do Azure ajudam a garantir que os dados dos pacientes sejam armazenados de forma segura, em conformidade com as leis de privacidade locais, quer seja uma missão na altitude de Honduras ou nos trópicos da Índia. E uma nova solução com o SharePoint e o Power BI permitiu que a Operação Sorriso avaliasse as cirurgias mais rapidamente.

As avaliações, que comparam fotos pré e pós-operatórias, costumavam levar quatro meses, mas a solução digital reduziu esse tempo pela metade, tornando o feedback mais rápido para ajudar os cirurgiões plásticos a oferecer o melhor tratamento possível. As análises do Power BI nos níveis de país, missão e cirurgião também têm o potencial de informar as técnicas mais eficazes no reparo de condições específicas de fissuras.

“Queremos alcançar o resultado cirúrgico ideal”, diz Bryant. “O novo sistema de avaliação reduz a latência do processo e rapidamente se tornou um componente-chave da nossa estratégia para confirmar a entrega consistente de resultados de qualidade.”

A ONG quer acelerar ainda mais as avaliações explorando a inteligência artificial (IA) para analisar fotos com um algoritmo de modelagem facial e, possivelmente, com o aplicativo de câmera Microsoft Pix com tecnologia IA. E quer dobrar o número de cirurgias que pode fornecer.

“O dimensionamento nesse nível não significa apenas dobrar nossa equipe”, diz Bryant sobre os 300 funcionários globais da Operação Sorriso. “Temos que ser mais inteligentes na forma como executamos missões, angariamos fundos e utilizamos recursos. Aproveitar a tecnologia da Microsoft é uma parte importante da nossa estratégia para ampliar nosso alcance e ajudar mais crianças.”

O software faz parte do programa Tech for Social Impact da Microsoft Philanthropies, que capacita organizações sem fins lucrativos e humanitárias com tecnologia para avançar em suas missões. Com o reconhecimento de que muitas organizações têm equipes de TI limitadas, o programa fornece soluções e recursos que ajudam ONGs a inovar com novas formas de lidar com problemas globais.

“Estamos dedicados a tornar os benefícios da tecnologia de nuvem acessíveis a organizações sem fins lucrativos e ao fornecer soluções com nossos parceiros, que os ajudam a alcançar um maior impacto na missão”, afirma Erik Arnold, CTO da Microsoft Tech for Social Impact.

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