Distanciamento e higiene não bastam para garantir o retorno seguro ao trabalho presencial

A pandemia da COVID-19 pegou o mundo de surpresa e inegavelmente trouxe desafios nunca antes esperados. Empresas e pessoas foram obrigadas a se adaptarem a uma profunda mudança em seu modo de vida.

Certamente, a medida mais impactante foi o decreto da Quarentena pelos Governos Estaduais e Municipais, ainda considerada a mais eficiente para conter o crescimento exponencial da doença.

Empresas, escolas e entidades foram fechadas e tiveram que se reorganizar e implementar o home office. Essa questão, em conjunto com a incerteza da retomada e a continuidade do distanciamento social, intensifica e agrava o outro problema: a crise econômica. A queda de faturamento em todos os setores deu origem a essa onda que arrasta e derruba toda a cadeia produtiva do país.

O pensamento então é praticamente unânime: Quando e Como voltaremos?

A resposta para Quando ainda é incerta, mas, paliativamente, seria o mais rápido possível. Tentativas já estão sendo feitas, mas aprendemos que não é definitivo, pois a chance de recuar ainda é muito grande.

Responder ao Como é ainda mais complexo. Cito alguns motivos:

  • A taxa de transmissão ainda é alta, exigindo medidas intensificadas de higiene e distanciamento de, no mínimo, 1,5m entre as pessoas;
  • O período de incubação do vírus, antes dos primeiros sintomas, varia entre 2 e 14 dias;
  • A transmissão pode acontecer até 3 dias após a resolução dos sintomas;
  • Existem muitos tipos de testes para identificar a contaminação, mas temos que ter cuidado com a interpretação dos resultados e ainda não são realizados em larga escala.

Pelas características apresentadas, podemos concluir pelo menos que:

1 – A propagação do vírus ainda é um problema para o nosso país;

2 – Não temos conhecimento do número real de contaminados ou de quem já foi infectado. Os sintomáticos seriam aqueles “aparentes”, enquanto quem está no período de incubação ou os recém-recuperados continuam propagando o novo coronavírus ao seu redor.

Portanto, qual será a estratégia mais assertiva para retornar ao trabalho presencial, sem colocar a população da empresa em risco? Como identificar os colaboradores infectados ou com suspeita da infecção e gerenciar todas as ações exigidas em tempo hábil?

Diante deste cenário, inúmeras instituições criaram e divulgaram seus protocolos de retorno, focados nas medidas sanitárias e de higiene.  Direcionaram seus recursos para limpezas mais rigorosas e frequentes dos ambientes (especialmente vestiários, refeitórios e áreas comuns), adequação dos escritórios, maior distância entre mesas e postos de trabalho, instalação de divisórias de acrílico, disponibilização adicional de álcool em gel e sabão, distribuição de máscaras de tecido ou descartáveis, dentre outros.

Paralelamente, fornecedores de soluções e de tecnologia começaram a desenvolver equipamentos, como tapetes de higienização dos pés, medidores de temperatura para instalação nas entradas das empresas, dispensadores de álcool em gel, com acionamento por pedal e túneis de desinfecção por ozônio.

Mas afirmo, “solução mágica” não existe.

Apesar dos esforços direcionados para limpeza, higienização e adequação dos ambientes, se isolados, não são suficientes para garantir a proteção da comunidade e levam ao mau uso dos recursos, gerando desperdício e prejuízo.  A complexidade e a dinâmica da pandemia impõem uma ação mais ampla. A partir de 18 de junho, por determinação do Ministério da Saúde e da Secretaria do Trabalho (Portaria Conjunta n° 20) é necessário o mapeamento constante do quadro de saúde dos colaboradores, com o objetivo de identificar e afastar precocemente os casos suspeitos, confirmados e que tiveram contato próximo com alguém contaminado. Além disso, devem obter um registro e dar atenção especial aos colaboradores do chamado Grupo de Risco, que podem evoluir para as formas mais graves da doença.

Pensando na complexidade e considerando a urgência do assunto, já existem soluções tecnológicas disponíveis, que abordam o monitoramento de maneiras diversas, com destaque para os questionários inteligentes. Desenvolvidos por equipe médica e de matemática, são embarcados em plataforma tecnológica robusta para proteção de dados e que, através de Inteligência Artificial, disponibilizará novos questionários baseados nas respostas fornecidas pelos colaboradores, a cada rodada. Com os relatórios gerados por essa plataforma, os gestores das empresas ficam munidos de informações para resguardar seus funcionários, definir ações mais estratégicas e otimizar o uso dos recursos. Saberá, por exemplo, quantos funcionários podem trabalhar em seus setores ou quais devem permanecer em home office, ou mesmo quem deve ser afastado e procurar os serviços médicos.

Concluindo, a utilização da Inteligência Artificial, embasada tecnicamente, aliada aos protocolos sanitários e da avaliação contínua do estado de saúde dos colaboradores, trará condições para a tomada de decisão mais assertiva para o retorno ao trabalho mais seguro para todos, durante e após a pandemia.

Renato Azevedo, sócio da Citrine Consulting responsável por Novos Negócios da Solução RST – Retorno Seguro ao Trabalho.

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