Pacientes com COVID-19 que receberam cuidado da Mayo Clinic, seja no hospital ou em casa, tiveram resultados favoráveis quando comparados aos relatados nacional e internacionalmente. Esses resultados demonstram o valor de uma abordagem integrada e baseada em equipe para o cuidado e monitoramento do paciente, de acordo com um estudo retrospectivo de todos os pacientes com COVID-19 tratados na Mayo Clinic entre 1º de março e 31 de julho.
Foram incluídos na pesquisa, durante o período de estudo, 7891 pacientes que testaram positivo para COVID-19 e foram tratados na Mayo Clinic. Desses pacientes, 897 necessitaram de hospitalização (354 num CTI). Uma abordagem multicamada intensiva foi utilizada para gerir os cuidados prestados aos pacientes, valendo-se de ensaios clínicos e terapias disponíveis e utilizando ferramentas de monitoramento remoto dos pacientes antes ou depois dos cuidados hospitalares.
Pouco mais de 77,5 porcento dos doentes hospitalizados receberam pelo menos uma terapia para COVID-19, como um fármaco antiviral, esteroide sistêmico, anticorpo monoclonal imunomodulador ou plasma convalescente. Quase um quarto dos pacientes hospitalizados receberam duas terapias, mais comumente uma combinação de esteroides e medicamentos antivirais.
A pesquisa, publicada na Procedimentos da Mayo Clinic (Mayo Clinic Proceedings), revela que as taxas de mortalidade foram inferiores às médias nacionais e internacionais, e inferiores ao que foi relatado em outros estudos importantes e programas de acesso expandido. Uma taxa total de mortalidade de 1,1 porcento foi relatada para os pacientes tratados na Mayo, com uma mortalidade hospitalar de 7,1 porcento e mortalidade no CTI de 11,9 porcento.
“Os pacientes com COVID-19 tratados na Mayo Clinic foram diagnosticados, monitorados e tratados com uma abordagem baseada em equipes que foi desenvolvida para garantir que todos os pacientes fossem tratados com os tratamentos baseados em evidência mais atualizados disponíveis”, diz Dr. Andrew Badley, Presidente da Força Tarefa de Pesquisa sobre COVID-19 da Mayo Clinic. “Ao incluir especialistas de uma série de disciplinas em nossas equipes de tratamento, e ter essas equipes de tratamento revisando o cuidado e o progresso de cada paciente diariamente, nossos resultados foram melhores do que o que havia sido relatado anteriormente.”
A maioria dos pacientes tratados na Mayo Clinic não fazia parte da primeira onda de infecções. “Os médicos e cientistas da Mayo foram capazes de aprender com a experiência de outros hospitais e incorporar as melhores práticas aprendidas em nossos paradigmas de tratamento”, diz Dr. Badley. “Esse conhecimento, juntamente com o aumento do acesso a agentes experimentais, é provavelmente a principal razão para os resultados que observamos.”
A maioria dos casos ocorreu entre 1º de junho e 31 de julho, representando 87,5 porcento do total de casos durante o período de estudo. As sedes da Mayo Clinic em todo o Centro-Oeste Superior tiveram 59 porcento dos pacientes com COVID-19, com a Mayo Clinic do Arizona tendo 23 porcento e a Mayo Clinic na Flórida tendo 18 porcento. Dos pacientes tratados, 674 tinham menos de 18 anos. Apenas 13 pacientes foram internados no hospital, e nenhuma morte foi relatada.
Entre os 7217 adultos incluídos na análise, 87,6 porcento não necessitaram de hospitalização. Desses pacientes ambulatoriais, 30 morreram, principalmente em instituições para doentes terminais ou de enfermagem especializada. A idade média dos doentes adultos tratados na Mayo foi de 59 anos. Havia ligeiramente mais pacientes do sexo masculino do que do sexo feminino, e pacientes do sexo masculino eram mais propensos a precisar de hospitalização. As comorbidades mais comuns foram doença pulmonar obstrutiva crônica, 11,8 porcento; diabetes, 9,4 porcento; doença renal, 6,5 porcento; e doença arterial periférica, 6,2 porcento.
O artigo observa que as taxas de mortalidade por COVID-19 diminuíram à medida que a pandemia progrediu, com um possível fator sendo que testes foram inicialmente priorizados para aqueles com sintomas específicos e posteriormente foram expandidos para pessoas assintomáticas. “O apoio oferecido pelos laboratórios da Mayo Clinic para nos permitir iniciar uma testagem agressiva foi fundamental para estes resultados”, diz Dr. John O’Horo, médico de doenças infecciosas da Mayo Clinic e o primeiro autor do estudo. “Fomos capazes de realizar testagem drive-thru e hospitalar rapidamente, identificar pacientes com COVID-19 mais precocemente e iniciar os cuidados em tempo mais hábil do que de outra forma teria sido possível.”
Outro fator que contribuiu para esses resultados favoráveis foram as equipes de gerenciamento de pacientes ambulatoriais de COVID-19 da Mayo Clinic e suas capacidades de monitoramento remoto, diz O Dr. Badley. Esses programas permitem que pacientes de alto risco sejam monitorados em casa e detectar complicações ou deterioração clínica precocemente, de modo que a internação hospitalar e cuidados avançados possam ser prestados em tempo hábil. “A grande proporção de nossos pacientes que puderam participar desses programas provavelmente contribuiu para nossos resultados”, diz ele.
Outro possível contribuinte para a melhoria dos resultados foi a crescente aceitação de máscaras e distanciamento social, que reduzem a exposição e, potencialmente, reduzem a gravidade da doença.
A Mayo Clinic tem sido líder em cuidados, pesquisa e testagem de pacientes com COVID-19 desde que a pandemia começou, com equipes desenvolvendo terapias experimentais e ensaios clínicos. Os Laboratórios da Mayo Clinic desenvolveram testes de diagnóstico e de anticorpos altamente precisos para COVID-19, e realizaram mais de 2 milhões de testes moleculares para pacientes. Ela foi a instituição líder do Programa Nacional de Acesso Expandido a Plasma Convalescente, o que levou a uma autorização de emergência para o uso de plasma para ajudar pacientes gravemente doentes.
Conforme a pandemia continua a se intensificar em muitas partes do país, o Dr. Badley diz que as lições aprendidas pela Mayo Clinic e por outros prestadores de serviços de saúde na fase inicial continuam orientando o cuidado com pacientes e a pesquisa daqui para a frente.
“O volume de pacientes que estamos vendo agora no Centro-Oeste e nacionalmente é muito maior do que era na primavera e verão passados, mas todos os processos que pusemos em prática e otimizamos continuam”, diz o Dr. Badley. “Conforme essa pandemia global se aproxima do seu primeiro aniversário, devemos ser encorajados pelos avanços que têm sido feitos na testagem, diagnóstico e gestão da COVID-19 e suas complicações. Adotando as melhores práticas aprendidas com todas as instituições, podemos continuar melhorando os resultados para os doentes.”