Pesquisa indica que metade dos brasileiros ainda sente medo após um ano de pandemia

Com muita dificuldade e incertezas, o Brasil completou um ano de pandemia em função do Covid-19. Para entender o comportamento do brasileiro nessa nova fase e levando em consideração dados analisados no início de tudo, em 2020, a Hibou – empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo – acaba de publicar pesquisa que mede o sentimento da população, após um ano do início das medidas de biossegurança e distanciamento social.

“Estamos exaustos com toda essa situação e o sentimento de impotência, medo, insegurança e incerteza está cada vez mais presente. O brasileiro sinalizou que não sabe quando acaba ou como vai ser o dia seguinte, e que isso é horrível, além de ter que conviver com a sensação de não poder fazer planos para um possível futuro”, diz Ligia Mello, sócia da Hibou.

Após um ano de pandemia, sentimentos considerados ruins são os mais comuns entre os entrevistados. A pesquisa mostrou que 78,4% da população sente preocupação com toda essa situação, 59,2% está inseguro, 51,8% está cansado, 50,5% sente medo e 38,5% sente exaustão. Por outro lado, um bom sinal é que ainda há o que ser feito e muitos estão otimistas frente ao cenário, já que 48,2% sente esperança e 42,9% sente mais empatia com o próximo.

Um ano de desgaste emocional

Os números maiores e que mais afetam o desgaste emocional, são: o medo de alguém de casa ou da família ficar doente para 80,1% das pessoas e a falta de ação do governo para 58,6%. Ações de isolamento são complicadores que devem ser consideradas, já que 23,2% se sente pior por não encontrar os amigos, 22,7% por não poder sair de casa, 19% se incomoda por ter que utilizar máscara na rua e 16,9% por ter ficado sem trabalho e não viajar.

O número de mortes por coronavírus seguem em um gráfico crescente desde o início do aumento dos casos nos últimos meses. Diante disso, 60,2% afirmou que perdeu alguém que era próximo de um conhecido, e quase metade dos entrevistados (49,6%) relatou que perdeu algum familiar ou amigo. Apenas 9,3% não perdeu ou conhece alguém que tenha perdido alguém para o coronavírus.

Como os brasileiros enxergam a quarentena atualmente?

A pesquisa revelou que apenas 7 em cada 10 brasileiros estão aplicando os principais protocolos de biossegurança. “Outro dado surpreendente é que, mesmo insatisfeitas, lá em abril de 2020, 85% das pessoas recomendariam a amigos ficar em casa para conter a proliferação do vírus. Esse número caiu muito em 2021 e apenas 43% fariam essa recomendação. Ou seja, depois de tanto tempo as pessoas estão desacreditando que ficar em casa é um caminho válido.”, completa Ligia.

Perguntamos também quais as mudanças de comportamento em combate à pandemia seguem ativas no dia a dia do brasileiro. 79,2% segue utilizando uma máscara ao sair de casa, 73,0% lava a mão com mais frequência, 70,4% evita locais públicos, 69,9% reduziu visitas à casa de amigos, 47,9% se policia para não encostar em superfícies públicas (maçanetas, botão de elevador e etc.) e 46,8% tenta não tocar o rosto na rua. O brasileiro (46%) se informa sobre a situação da pandemia principalmente pelas redes sociais.

E o home office segue como opção de regime de trabalho para 20,9%. Em comparação entre o ano de 2020 e 2021, ficou claro também que tudo está muito mais intenso e corrido, já que essa sensação passou de 12,3% para 25,7% esse ano. O mesmo para a quantidade de pessoas que fazia tudo com mais calma e em ritmo mais humano, o número caiu de 57,7% para apenas 22,9% atualmente.

Fechamento das atividades e comércio

Uma fatia de 64% continua em casa e saindo estritamente para o necessário, 31,4% continua trabalhando normalmente fora de casa, mas tomando os devidos cuidados e 12,4%, segue em casa, mas saindo mais que no início da pandemia. 2,7% não acredita mais na quarentena e parou com o isolamento social e apenas 1% nunca fez.

A pesquisa também abordou a opinião da população sobre o fechamento das atividades e comércio nas últimas e próximas semanas. Atividades como escolas (43,9%), bares (39,2%), academias (49,4%), shoppings (32,3%) e parques e praias (63,7%) deveriam fechar completamente por mais uma semana. A abertura dos supermercados (48,8%) é a única atividade que, segundo a população, deveria funcionar normalmente.

O brasileiro considera diferente o consumo na mesa entre bares e restaurantes, já que, para alimentação, 41,6% acreditam que é um serviço que deve continuar funcionando, mas apenas por delivery e internet. Já os serviços gerais (40,8%), como cabeleireiro e lavanderia, ao lado de fábricas e indústrias (43,9%), deveriam funcionar em horário reduzido.

Metodologia

Um total de 1.698 brasileiros respondeu a pesquisa de forma digital, entre 29 e 30 de março de 2021, garantindo 95% de significância e 2,38% de margem de erro nos dados revelados. A pesquisa engloba níveis de renda ABCD e todas as faixas etárias. Entre os entrevistados, 57% tem idade entre 36 e 55 anos, 55% são mulheres, 35% mora em residências com dois moradores e 47% segue algum regime de home office.

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