Desafios e avanços na saúde da mulher: o papel da tecnologia para a personalização do cuidado

O Índice Global de Saúde da Mulher de 2021, que avalia aspectos como prevenção, bem-estar emocional, segurança, necessidades básicas e condições individuais, classificou o Brasil como 104º colocado entre os 142 países analisados na pesquisa. Esse dado revela uma realidade em que, embora o debate sobre a saúde feminina tenha avançado, os desafios na oferta de cuidados adequados ainda são expressivos e persistem como um entrave significativo no Brasil.

Enquanto o setor busca equilibrar essa balança, a tecnologia vem se consolidando como um dos principais meios para acelerar mudanças. Para isto, ferramentas digitais têm sido incorporadas à rotina médica a fim de melhorar diagnósticos, tornar o atendimento mais eficiente e reduzir desigualdades históricas no cuidado com as mulheres. Mas, para que essa transformação ocorra de maneira efetiva, é preciso ir além da adoção de novas tecnologias, elas precisam ser aplicadas com estratégia, direcionadas para solucionar as lacunas reais no atendimento e na prevenção.

Um olhar atento à saúde cardiovascular das mulheres

As doenças cardiovasculares continuam liderando o ranking de causas de morte no Brasil, segundo o estudo Global Burden of Disease de 2020. O problema é ainda mais grave para as mulheres. A pesquisa “Estatística Cardiovascular – Brasil 2021”, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, aponta que as queixas de dores no peito, que podem estar associadas a problemas cardiovasculares e obstrução das artérias coronárias, são mais prevalentes em mulheres do que em homens em todos os estudos analisados. Apesar disso, o risco cardiovascular feminino ainda é frequentemente subestimado, o que pode retardar diagnósticos e comprometer a efetividade dos tratamentos.

Diante desse cenário, profissionais de saúde têm buscado estratégias para qualificar a assistência e ampliar a conscientização sobre a saúde cardíaca das mulheres. Com isto, as ferramentas de suporte à decisão clínica vêm desempenhando um papel significativo nesse avanço, permitindo que médicos acessem rapidamente informações baseadas em evidências e diretrizes clínicas atualizadas, neutralizando vieses que, historicamente, impactam o atendimento às mulheres.

Além disso, à medida que cresce a triagem de determinantes sociais da saúde, soluções digitais têm se mostrado fundamentais para transformar esses dados em intervenções mais eficazes. Com isso, torna-se possível personalizar condutas médicas, otimizar o tempo de atendimento e elevar a segurança das pacientes, promovendo uma abordagem mais equitativa na cardiologia.

Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), em parceria com a Wolters Kluwer, revelou um crescimento de 14% na adoção de soluções de suporte à decisão clínica nos hospitais associados à entidade em 2023. Esse avanço reforça a tendência de um cuidado mais orientado por dados, reduzindo lacunas no atendimento.

Avanço na qualidade do cuidado

O impacto da tecnologia vai além do suporte direto aos médicos. Ele se estende a todo o ecossistema de saúde, facilitando a tomada de decisões e aprimorando a experiência do paciente. No contexto da saúde feminina, o acesso dos profissionais a ferramentas tecnológicas permite um atendimento mais ágil, preciso e embasado, contribuindo para melhorar desfechos clínicos.

Vale ressaltar, no entanto, que as decisões finais continuam sendo prerrogativa dos profissionais de saúde, cuja atuação, fortalecida por novas tecnologias, se torna ainda mais estratégica. Com um suporte adequado, os médicos podem superar desafios históricos e promover uma assistência equitativa, garantindo que as mulheres recebam o cuidado que realmente necessitam.

Anna Alencar, Customer Success Manager da Wolters Kluwer Health no Brasil.

Related posts

InCor lança iniciativa para a proteção do coração da mulher

Como a nota da ANS impacta os planos de saúde – e por que você deveria ficar de olho nela

Atlântica D’Or anuncia aquisição do Hospital São Luiz Campinas