MPF é favorável à celebração de TAC para equilibrar pagamento de consultas e procedimentos por planos de saúde

O Ministério Público Federal (MPF) sugeriu a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) como alternativa para a adoção de um novo modelo de remuneração de procedimentos médicos prestados por convênios de saúde suplementar. A ideia é que o acordo contemple, de forma harmônica e participativa, os interesses das operadoras, dos profissionais e dos usuários de planos de saúde.

A proposta foi apresentada pelo coordenador da Câmara de Consumidor e Ordem Econômica (3CCR), Antônio Augusto Aras, durante reunião na manhã desta terça-feira, 14, no Ministério da Saúde. O encontro contou com a participação do ministro da pasta, Gilberto Occhi, e de representantes da Agência Nacional de Saúde (ANS), entidades médicas e parlamentares.

Entidades médicas criticam o crescimento do pagamento de procedimentos da modalidade fee for value em detrimento de fee for service. A primeira forma de pagamento remunera profissionais por pacote, em que um valor médio é fixado para a cobertura de gastos com consultas e exames, enquanto a segunda estabelece pagamento por procedimentos realizados. De acordo com as associações, a medida gera prejuízo para profissionais especializados que teriam de restringir o uso de equipamentos e novas tecnologias essenciais ao auxílio do diagnóstico precoce em tratamentos.

Durante a reunião, Aras destacou o papel mediador do MPF na busca de equilíbrio nas relações entre consumidores, operadoras de planos de saúde, prestadores de serviço e a ANS. “Nossa atribuição hoje visa garantir, de um lado, a sustentabilidade da ordem econômica e, do outro, as relações de consumo que protejam o cidadão”, ressaltou o subprocurador-geral da República.

O coordenador da 3CCR ponderou que, embora a medida tenha o intuito de combater abusos e assimetrias no exercício dos profissionais de saúde, a soberania da clínica médica é uma garantia do melhor serviço prestado a cada paciente e deve sofrer intervenção apenas ética e disciplinar de órgãos de classe competentes. Para atingir a sustentabilidade da prestação de serviços na saúde suplementar, o subprocurador-geral propôs ainda a parametrização de estatísticas que possam subsidiar a identificação de práticas abusivas por parte dos profissionais, a fim de possibilitar a atuação dos órgãos de fiscalização e controle.

ANS

No encontro, a Agência Nacional de Saúde reforçou que tem discutido amplamente a adoção de modelos de remuneração mais modernos que garantam a sustentabilidade do setor. A medida mais recente foi a abertura, em maio, de consulta pública (Consulta Pública nº 66) para receber contribuições sobre boas práticas em atenção à saúde. A agência também destacou a criação do Grupo Técnico de Remuneração para troca de ideias e informações sobre modelos bem-sucedidos.

O tema é acompanhado de forma prioritária pela Câmara de Consumidor e Ordem Econômica do MPF. Além da participação em audiências públicas promovidas pelo Congresso Nacional para discutir propostas de alterações legislativas, o órgão requisitou à ANS, em julho, informações sobre o cálculo do índice de reajuste anual dos planos de saúde individuais definido pela agência. A atuação tem o objetivo de observar o cumprimento do acórdão do Tribunal de Contas da União (Acórdão 679/2018) para que a ANS reavalie a metodologia para definição de índice máximo de reajuste anual dos planos de saúde individuais e familiares.

Related posts

Philips escolhe AWS como provedora preferencial de nuvem para impulsionar inovação em saúde digital

Bayer leva ao Supremo dos EUA discussão sobre advertência de câncer em herbicida Roundup

Nova norma trabalhista responsabiliza empresas pela saúde mental dos funcionários