Abifina volta a alertar sobre a dependência externa do país em relação a IFAs

Durante a pandemia veio à tona a enorme dependência externa que o Brasil apresenta quando o assunto é insumos farmoquímicos ativos (IFAs), essenciais para a produção de medicamentos e vacinas. Para se ter ideia, ainda hoje, apenas 10% dos IFAs utilizados no Brasil são nacionais, enquanto 90% vêm de outros países, como China e Índia. No entanto, passada a frase crítica e com a pandemia controlada, pouco ainda se fala sobre o assunto, o que preocupa todo o setor. Neste contexto, a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) alerta para a importância da produção nacional, evitando possíveis escassez de medicamentos e de vacina para a população.

De acordo com o presidente executivo da entidade, Antônio Bezerra, o planejamento de políticas públicas direcionadas ao Complexo Industrial da Química Fina (CIQF) é fundamental e, embora muito tenha se discutido, ainda é preciso avançar. “A enorme crise que atravessamos em 2020 deve nos servir de aprendizado. Ainda temos gargalos a serem sanados, principalmente essa alta dependência dos produtos importados, algo que podemos solucionar com incentivo e fomento à produção nacional”, sinaliza o presidente, acrescentando que há 40 anos a indústria química nacional produzia 50% dos IFAs consumidos internamente, mas, atualmente, esse percentual é pífio.

Bezerra chama a atenção também para a relevância do tema para toda a sociedade. Segundo ele, recente pesquisa realizada pela IQVIA Consumer Health, empresa multinacional especializada no comportamento do consumidor da saúde, mostrou que 81,6% dos entrevistados, por exemplo, gostariam de saber a origem dos insumos farmacêutico ativos utilizados em suas medicações. Mais de 74% desconhecem o que são esses insumos. “Esses dados demonstram o interesse da população sobre o tema e, ao mesmo tempo, que há muita desinformação. Está mais do que evidente que uma produção nacional, através de política públicas de fomento e também campanhas de esclarecimentos seriam benéficas para o país e a sociedade como um todo. Em tempos de ESG não poderia ser mais oportuno”, afirma.

Ele lembra que a entidade elaborou um estudo, apontando três grandes eixos considerados estratégicos para o desenvolvimento da cadeia da Química Fina: o fortalecimento da produção local; a promoção do desenvolvimento científico, tecnológico e da inovação, aí inserido a importância do sistema de propriedade intelectual e a regulação sanitária; e o incentivo à responsabilidade socioambiental.

Bezerra destaca que tais medidas são primordiais para o fortalecimento do CIQF e, consequentemente, para a reindustrialização do Brasil, pensamento que está totalmente alinhado à atual agenda do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). “O Governo Federal tem caminhado na direção de promover melhorias, como o fortalecimento do Complexo Econômico Industrial da Saúde – CEIS, pretendendo que até 2033, a indústria nacional seja capaz de suprir 70% das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso será um avanço para a indústria da química fina nacional”, diz o diretor.

Ele explica que este é o caminho, ou seja, para ter uma indústria local forte, capaz de prover a sociedade e a população com produtos essenciais, como medicamentos, é preciso potencializar o Complexo industrial, com um ambiente propício à pesquisa e à inovação e marcos regulatórios que garantam a segurança jurídica em temas como a regulação sanitária e a propriedade intelectual.

Para Bezerra, é importante sempre lembrar que o CIQF é um pilar estratégico para a economia nacional e para a promoção da saúde e bem-estar dos brasileiros, já que a partir dele se origina uma extensa variedade de produtos fundamentais, como fármacos, medicamentos, vacinas, defensivos agrícolas e para a saúde animal.

A pesquisa citada foi encomendada pela Nortec Química, maior fabricante de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) da América Latina e empresa associada à ABIFINA, entidade que há mais de 37 anos atua no fortalecimento das empresas industriais instaladas no Brasil, acreditando que elas formam a base para o desenvolvimento socioeconômico do País.

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