O câncer de próstata é o mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. No Brasil, é responsável por um número alarmante de diagnósticos anuais. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos no Brasil para o triênio 2023 a 2025 é de 71.740 mil por ano. Embora os tratamentos tenham avançado consideravelmente, muitos homens ainda são diagnosticados tardiamente, quando as chances de cura são bem menores. Detectar a doença cedo, por meio de exames de rastreamento, pode ser a diferença entre um tratamento simples e uma batalha contra uma neoplasia mais agressiva e difícil de tratar.
O rastreamento do câncer de próstata é uma questão que gera muita discussão, mas é inegável que a detecção precoce tem um impacto direto nas taxas de cura. Embora o exame de toque retal e a dosagem do PSA (antígeno prostático específico) sejam as principais ferramentas para diagnóstico, a prática de rastrear todos os homens sem levar em conta fatores como idade, histórico familiar e genética é controversa. Portanto, o rastreamento deve ser feito de forma individualizada, levando em consideração as características e os fatores de risco específicos de cada paciente. Homens com histórico familiar de câncer de próstata ou homens negros, por exemplo, devem iniciar os exames de rastreamento mais cedo, geralmente aos 45 anos. Já os homens sem histórico familiar podem começar aos 50, conforme orientação médica.
A genética tem um papel significativo no risco de câncer de próstata. Homens com histórico familiar da doença têm de 2 a 3 vezes mais chances de desenvolvê-la. Além disso, mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, conhecidos principalmente pelo vínculo com o câncer de mama e ovário, também estão associadas ao aumento do risco para câncer de próstata. Para esses homens, é fundamental iniciar o rastreamento mais cedo e com maior frequência.
A decisão sobre quando e como iniciar o rastreamento deve ser tomada de forma compartilhada entre o médico e o paciente, levando em consideração riscos e benefícios. Para os casos de câncer de próstata de baixo risco, muitos especialistas optam por uma abordagem de “observação vigilante”, que envolve monitoramento regular com exames periódicos, sem necessidade de intervenção imediata. Já para os pacientes com câncer de próstata de risco elevado, o tratamento precoce é recomendado, já que as chances de cura aumentam quando a doença é detectada em estágios iniciais.
Prevenção
Embora a genética tenha um grande impacto no risco de câncer de próstata, o estilo de vida também desempenha um papel preventivo importante. Algumas atitudes podem reduzir consideravelmente o risco, mesmo para aqueles com histórico familiar da doença:
Exames regulares: realizar exames de rastreamento conforme a orientação médica, especialmente se houver histórico familiar de câncer de próstata.
Alimentação saudável: manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, além de evitar o consumo excessivo de carnes processadas e gorduras saturadas.
Atividade física: manter-se fisicamente ativo pode ajudar a reduzir o risco de várias doenças, incluindo o câncer de próstata.
Controle de peso: a obesidade está associada a um risco maior de câncer de próstata, por isso manter um peso saudável é fundamental.
Evitar o tabagismo: Fumar pode aumentar o risco de diversos tipos de câncer, incluindo o de próstata.
Em resumo, o rastreamento do câncer de próstata deve ser feito de maneira personalizada, levando em conta os fatores de risco de cada paciente. Embora haja controvérsias sobre a necessidade de rastreamento universal, a detecção precoce continua sendo a melhor forma de evitar tratamentos agressivos em estágios avançados e aumentar as chances de cura. A prevenção salva vidas e representa uma alternativa mais eficaz e menos onerosa do que tratar o câncer em estágios avançados. A decisão sobre o rastreamento deve ser baseada em informações claras e na análise cuidadosa dos riscos e benefícios, com o objetivo de proteger a saúde e o bem-estar de cada paciente.
Charles Kelson de Aquino, urologista da Hapvida NotreDame Intermédica.