Dados compartilhados podem decidir seu tratamento de saúde

Você já parou para pensar na quantidade de dados que você compartilha até mesmo sem querer? E se esses dados pudessem encontrar os tratamentos de saúde mais eficazes para você e outras pessoas?

Esse é o objetivo da aplicação de Big Data e Inteligência Artificial em plataformas de gestão de saúde. Integrar em um ambiente digital e único os mais recentes diagnósticos de um paciente e permitir um monitoramento em tempo real, alimentando no sistema sinais vitais, sensações e informações do dia a dia. Assim, cria-se um banco de dados de riquíssimo valor para aquela saúde.

De uso confidencial, o prontuário eletrônico do indivíduo é pessoal e intransferível e somente sob sua expressa autorização é possível disponibilizar essas informações aos profissionais de saúde que, de alguma forma, estejam envolvidos em seus cuidados. Esse compartilhamento pode ajudar a chegar a conclusões mais rápidas e eficazes para diversos casos, envolvendo uma série de especialistas que analisariam os sinais daquele paciente de maneira integrada.

Por isso, alimentar e compartilhar dados pessoais têm sido tão importante para os novos modelos de atenção primária de saúde. As informações passam a ser aliadas únicas e personalizadas de cada pessoa. É como se passássemos a ter um coach, ou um assistente virtual, disponível para ajudar e alertar quanto aos cuidados diários.

O profissional de saúde que analisa um paciente tendo acesso a dados clínicos passados, como a última consulta, indicações de outros especialistas que o acompanham, histórico de doença na família e sinais vitais diários, como pressão e glicemia, tem mais embasamento para tomar suas decisões e propor, de acordo com sua experiência, o melhor protocolo a seguir.

A tecnologia que é capaz de armazenar e proteger os dados de saúde de determinada pessoa, também pode trabalhar para auxiliar diversos profissionais na cura de muitas outras. Quando encontrada a melhor terapia para uma queixa, com resultados comprovados e eficazes, a Inteligência Artificial é capaz de multiplicar o protocolo mais assertivo para outros pacientes com perfis semelhantes.

É importante lembrar que o fator humano continua sendo determinante e é o profissional de saúde que vai avaliar se o determinado tratamento deve ou não ser aplicado. Mas o Big Data surge como uma ferramenta capaz de auxiliar os médicos no armazenamento de tantas informações, enquanto a Inteligência Artificial, aplicada ao sistema de gestão de saúde, faz um levantamento entre todos os dados relativos à mesma queixa e interliga as informações para oferecer um cenário muito mais assertivo para que a decisão.

Analisando aspectos sociais, histórico clínico e características individuais, a plataforma casa os dados de indivíduos semelhantes para mostrar qual a melhor terapia já aplicada para o caso. Seria como estar em Manaus e, ao consultar o sistema, ter acesso a um caso clínico bastante parecido que ocorreu no Rio Grande do Sul, no qual foi aplicado o tratamento X gerando um resultado extremamente satisfatório.

Neste caso, a integração do conhecimento médico independe da localização ou tipo de atendimento, proporcionando à sociedade melhores condições de saúde e menores riscos de tentativa e erro.

Para o paciente, o resultado é o ganho de tempo e de qualidade no tratamento. Para o profissional e empresas de saúde, a atualização frequente de novos protocolos e o intercâmbio de informações motiva e capacita ainda mais os profissionais para os atendimentos futuros. Para as empresas que oferecem planos de saúde a seus funcionários e seguradoras, uma recomendação assertiva resulta em menos tempo e custo de tratamento, maior qualidade de vida ao beneficiário e menor ausência do profissional por dificuldades médicas.

E se, por ora, a possibilidade de compartilhar dados, replicar tratamentos e instruir profissionais ainda está atrelada a um sistema ou uma empresa, não é impossível imaginar que tal benefício torne-se público futuramente. Num momento não tão distante de hoje, essa imensa base de dados colhida com Big Data e analisada por Inteligência Artificial, sob o olhar e a decisão humana, pode gerar uma grande biblioteca pública de casos de saúde a fim de trazer para a sociedade atendimento e tratamentos mais rápidos e eficazes.

Tatiana Giatti, diretora executiva da Saúde Concierge.

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