Aconteceu nesta terça-feira, 13 o Fórum Saúde Digital Fórum, promovido pela TI Inside, e Saúde Digital News, reunindo os mais relevantes líderes do segmento, que discutiram as transformação e digitalização do setor, que está provocando o surgimento de novos modelos de negócios, aumento da complexidade e novos desafios para todo o ecossistema de saúde.
Para o Dr.Claudio Lottenberg, oftalmologista e presidente do conselho do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), a tecnologia em saúde pode ser bastante descrita por um aforismo em medicina que diz que o que hoje é verdade amanhã não será mais, e com isso ele explica, a ideia de que tudo é uma questão de tempo para ser assimilado e consequentemente transposto para outras fronteiras, outras inovações e avanços.
“Sempre haverá espaço para o profissional de saúde , para o médico, em inúmeras ações no cuidado das pessoas, entretanto nada interfere na aplicação e no uso da tecnologia para as tarefas mecânicas que não precisam da interferência humana. A digitalização da saúde num primeiro momento é vista como a salvação, depois vemos que não funciona como o desejado e entra em descrédito e na fase subsequente chega-se ao ponto de equilíbrio, que ainda vamos alcançar”, pondera o especialista.
Conforme disse, o contexto da utilização da tecnologia em saúde não tem a ver com a substituição do fator humano, mas a sua realocação em questões mais apropriadas e necessárias na automação de processos.
“Nessa questão de inserção ou não da IA generativa no contexto médico não se trata de linguagem ou das respostas que se quer saber mas de não agregar o desperdício. As organizações médicas investem em qualidade, mas será que o mercado pagador reconhece o investimento em qualidade? O que se percebe sobre isso? Diante desse desafio é preciso construir-se fatores impulsionadores da economia que sejam adequados e sustentáveis para as empresas, mas com proteção social. O debate é mais amplo que a própria tecnologia”, resumiu o Dr..Lottenberg.
Como analisou a Dra. Lilian Hoffmann, Diretora Executiva de Tecnologia e Inovação na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o olhar para o uso da tecnologia na saúde não pode ser polarizado, não se tratando quem lança o que primeiro, mas focado no uso e como é aplicada a AI Generativa. “Temos uma grande dor que se chama prontuário com dados não estruturados. Escrevemos o prontuário para nós mesmos, quando falamos que é para o paciente e engajá-los. Na verdade, o fazemos para resguardar as contas das instituições, com as informações do paciente que não chegam ao paciente. A IA Generativa tem um papel diferente que é a entrega da sumarização, ou seja, permite modificação do linguajar para levar a informação ao paciente com a informação adequada “, explica a executiva. ” A resposta clara que fica é que a chave da tecnologia está na personalização. Ela veio para ajudar e o atual estágio é o de entender o que é bom e com a sumarização”, disse.
Conforme acrescentou, José Marcelo A. de Oliveira, Diretor Presidente no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a reflexão no momento cabe ao prestador de serviços que está comprometido com o desfecho médico. “Neste momento o setor de saúde possui um viés de sustentabilidade, cuja relação está protegida por contrato. Na indústria farmacêutica, por exemplo, existem medicamentos de alto custo, desenhados para uma doença, mas se ele for aplicado numa segunda doença, o preço é o mesmo, ele deveria ter o mesmo preço, já que não tem a mesma performance? Essa análise deve ser feita não só por modelos de gestão, mas por desempenho “, evidenciou o executivo.
Como disse, a tecnologia e digitalização vão instar o paciente a fazer a sua parte, mas não substitui o médico. “A digitalização, os wearables expandem a capacidade do médico. Com a telemedicina, por exemplo, se o médico conhece o paciente, a eficiência é maior e se não, ele será mais conservador, mas cada consulta sempre terminará com um encontro pessoal para que o desfecho seja o melhor. A tecnologia não substitui a relação médico paciente, mas expande”, salientou.
Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury lembrou que o momento da tecnologia em saúde é o de euforia. “Mas tem um outro aspecto que diz respeito ao processo. Fizemos muito uso da tecnologia durante a pandemia, com algumas experiências frustrantes, mas com o tempo foi melhorando e nos últimos meses mudou de patamar, acertando mais até 100% dos casos. Diante das mudanças de patamar, a sumarização é brilhante, mas também traz desafios especialmente os ligados à cibersegurança, seja na questão da confidencialidade, seja do próprio paciente , ou dos processos que são usados pelas empresas”, assinalou.
“Vejo uma discussão intensa sobre os wearables e outras formas de levar informações aos médicos. Ele é bombardeado por informações o tempo todo, mas é preciso transformar as informações em dashboards, em uso concreto para ajudar de forma conveniente e rápida. O aspecto de segurança, é outro ponto vital, para ter que lidar com essa questão mais que em outras indústrias, pela posição de vulnerabilidade significativa que estamos”, reforçou.
Segundo Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin, a importância da tecnologia na indústria é a de estar em cooperação e colaboração para surgir novos modelos de negócios e investimentos. “A indústria tem esse papel importante para os negócios, sem modismos, como por exemplo o metaverso. No primeiro ano da pandemia fomos mais para esse mundo virtual, na mudança do perfil dos pacientes, depois os pacientes voltaram ao presencial. Entretanto, a tecnologia serviu para tirar atritos entre o serviço e o paciente. A tecnologia é meio, é uma ferramenta poderosa, mas no começo e no fim estão as pessoas. As decisões de investimento são difíceis, por isso é importante ter o ecossistema junto para que tragam novas soluções. Olhando por esse foco não podemos pensar na saúde de forma isolada para poder entregar valor à saúde, ao paciente, ao médico e aos serviços”, completou.
Encerrando o painel, a moderadora, Professora Ana Maria Malik, Profa. Titular FGV-EAESP acrescentou: “Todos são participantes de um ecossistema, médicos, pacientes e tecnólogos. Estamos gerando dados o tempo todo, mas transformar dado em informação, para se tornar conhecimento e do conhecimento para sabedoria, é a meta de todos. Dados por si só não resolvem nada, é preciso ter consciência disso. Não devemos pensar só no paciente ou no médico, ou na indústria, mas no nosso papel de cidadãos neste contexto. Merecemos saúde e uma vida saudável e produtiva”, concluiu.
Painel – Saúde conectada, a nova jornada do paciente e do profissional de saúde
Estudo da Deloitte prevê que o paciente de saúde vai participar ativamente na gestão da sua saúde e bem-estar. A transformação digital permite aos consumidores vivenciarem uma jornada de cuidados transparente, conectada por meio de plataforma de consultas e cuidado digital. Esse novo modelo, também exige também uma nova forma de atendimento dos colaboradores, ainda sobrecarregados pela pandemia. A saúde conectada torna-se cada vez mais relevante para desafogar a hospitalização pois permite a realização de iniciativas de prevenção e monitoramento da saúde.
A saúde conectada e o mindset conectado, para Patricia Pessoa Pousa, Executiva de Gente e Gestão em Saúde, começa com disseminação da cultura digital visto que a implementação top down não funciona, e neste contexto o papel do RH nos sistemas e nas formas de IA generativas dependem da formação básica de todos os envolvidos dentro do ecossistema. “A TI tem um papel fundamental na jornada do paciente, nos clientes internos, sensibilizando a todos para a transformação de dados em conhecimento para todos”, pontuou a executiva.
Para Anna Clara Rabha, diretora médica da Tuinda, hoje o Brasil tem um grande problema de letramento digital e de base tecnológica, um gap que não pode ser negado. “É importante que as lideranças conversem com as demais áreas a fim de ter um compartilhamento das responsabilidades, com treinamento, a fim de que todos entendam as carências e necessidades a fim de todos estarem na mesma página. A tecnologia sabe como funciona o sistema e os negócios do processo por isso, através de um método de multiplicação expandem o conhecimento e impacto que a tecnologia terá sobre o ecossistema hospitalar.”, explicou.
Fernando Spinelli, diretor da RD Ventures, ponderou de como a tecnologia poderá ajudar mais as pessoas diante da iniciativa de que as farmácias possam, a partir das novas normas, serem um ponto de entrada do paciente nos sistemas de saúde. “Existem muitos casos de pacientes que necessitam de atendimentos simples com medicina integrada, vemos que as farmácias podem exercer esse papel, como acontecia no passado, antes de acessar os sistemas de saúde. Esse papel, por meio de ferramentas e protocolos, além dos sistemas de regulação, poderá levar uma experiência positiva com todo o cuidado com devices, auxiliar o médico ao diagnóstico melhor e empoderar as pessoas a cuidar da sua saúde neste atendimento primário, a fim de não sobrecarregar o sistema”, disse.
Dra. Rafaela Guerra Maciel, Diretora de IT Care Delivery na United Health Group a dualidade que temos no Brasil é muito acentuado, apesar dos saltos digitais, e se observa o anafalbetismo digital muitos querem a inovação mas como fazer a transformação digital quando o paciente não está apto para este passo? “Estamos diante de um novo jeito de oferecer e consumir a saúde no mundo. Através da tecnologia estamos aptos a oferecer um cuidado diferente daquele que se oferta hoje, mais interativo e com autonomia. A saúde digital só será eficaz se manter o contato pessoa a pessoa, não só médico paciente, mas das equipes multidisciplinares.”, observou.
Para o moderador do painel, Fernando Paiva, empresário de inovação em Saúde Digital e especialista em IoMT, as lideranças da área da saúde estão preocupadas com a saúde conectada a fim de viabilizar o acesso à informação dos pacientes e expandir a conectividade além dos pontos dentro do hospital. “Hoje é imprescindível expandir para além dessas fronteiras permitindo que em pontos remotos do território, todos venham a ter esse contato com a saúde democraticamente. Usar a tecnologia para conectar o médico ao paciente e ter acesso à devices que viabilizem o diagnóstico dos pacientes, é importante e torna a saúde mais acessível, isso é uma missão. “, encerrou.
Painel – Cibersegurança, a principal emergência da saúde
O segundo maior alvo mundial de ciberataques é o Brasil. Na área da saúde, além de usar sites falsos e mensagens de texto e e-mails com conteúdo enganoso, os cibercriminosos atacam as ferramentas de trabalho dos profissionais da saúde, como o WhatsApp, ainda o principal meio de comunicação entre médicos, clínicas e pacientes. As instituições de saúde foram o segundo alvo preferencial dos cibercriminosos, ficando atrás somente do setor de varejo. Hospitais, clínicas, prestadores de serviços vivem uma verdadeira emergência para se prevenir de ciber ataques de hackers.
Conforme a visão de Fernando Paiva, consultor técnico da ManageEngine, a inserção de meios tecnológicos proporcionou o surgimento de novos desafios e criou novos gaps de segurança como IoMT, telemedicina e dispositivos wearables que se tornaram são pontos de vulnerabilidades que não existiam anteriormente.
“Seja qual for a ameaça, ela vai acontecer nas empresas, sejam elas da área de saúde ou não, porque as invasões, ou ransowares, são perpetrados por especialistas profissionais. Por isso, o investimento em cibersegurança vai além dos softwares e precisam de soluções e monitoramentos proativos numa cadeia protetiva para preservar as informações”, disse.
Anchises Moraes, cyber threat intelligence lead na Apura Cyber Intelligence, nascida na área de forense digital e que hoje acompanha as ameaças que acontecem no mercado como um todo, disse que “dentro desse contexto, a área de saúde está figurando como uma das mais importantes e alvo de criminosos no mundo todo, depois do setor financeiro.”, explicou.
Como disse, as informações de saúde, necessitam de mais camadas de segurança, para o não comprometimento dos ambientes de cuidado dos pacientes. “Por isso, o conhecimento de todas as possíveis vulnerabilidades, desde o básico em segurança, no acesso, nas redes , nos equipamentos, nos wearables até das API’s dos sistemas, devem por meio da conscientização de todo o pessoal é fundamental para que o ecossistema esteja cada vez mais seguro, complementados por camadas de segurança e políticas rígidas a fim de diminuir as chances de vazamentos e ataques”, completou.
Painel – Open Health e interoperabilidade: como ecossistemas abertos podem revolucionar o setor da Saúde?
Na apresentação do painel sobre Open Health e Interoperabilidade se discutiu sobre como o setor conta com diversos sistemas de informação além de um número gigantesco de dados, enfrenta dificuldades para integração de informações que impedem a evolução de um ecossistema aberto. Conforme os especialistas, a falta de interoperabilidade tem um impacto direto enquanto que seu uso poderá ter uma repercussão positiva nas decisões clínicas
Conforme David Schlesinger, co-fundador e CEO da Mendelics observou existe uma dualidade na publicação dos dados em saúde. Uma delas é que esses dados precisam ser estruturados para serem utilizados, o que não acontece na maioria das empresas, à medida que isso se torna uma norma, o médico acaba por tomar muito de seu tempo de seu atendimento ao paciente em uma tarefa administrativa. De outro lado, como colocou o executivo, com uso desses dados de forma anonimizada, cria-se um arcabouço de informações com portabilidade e para poder compartilhá-las a fim de servirem para vários usos na saúde e do próprio paciente.
” Não acredito que para que isso aconteça haverá somente uma solução, haverá muitas soluções tecnológicas diferentes no futuro. Sabemos pela experiência nos últimos 30 anos, o que não vai funcionar, por exemplo, como alguém ser o dono de todos os dados e forçar governamentalmente, uma única forma de armazenamento, devido aos problemas que isso implica. É preciso criarem-se incentivos econômicos para que os dados sejam compartilhados de maneira a proteger os médicos e as instituições, de forma que os pacientes se beneficiem disso. “, considerou o executivo.
Como afirmou Antonio Silva, Diretor de Estratégia e Acesso da Roche Farma Brasil, não haverá solução para a interoperabilidade e todos os benefícios dela decorrentes se não houver colaboração. “Hoje cada área da saúde trabalha em trincheiras. A medicina , em maior ou menor escala, na personalização. A terapia gênica é uma realidade e isso que nos espera para o futuro. E ainda estamos discutindo dados epidemiológicos populacionais, para os tomadores de decisão porque estes dados ainda não estão disponíveis. Precisamos avançar na interoperabilidade, precisamos trazer isso a realidade”, afirmou.
“Acredito que temos que colocar o paciente como protagonista para que estejamos juntos e avançarmos na interoperabilidade das informações até mesmo para criarmos uma dinâmica do mercado. Estamos ainda longe disso, estamos aceitando essa mudança de forma complacente e não temos respostas para essa evolução ainda”, assegurou.
Como considerou o moderador do painel Guilherme Machado Rabello, Head de Inovação do InovaInCor – Núcleo de Inovação do Instituto do Coração-InCor, “a área de saúde é um dos campos mais difíceis de implementar propostas de interoperabilidade por envolver pessoas com culturas e hábitos diferentes, é preciso pensar diferente. Apesar do discurso a prática é diferente”, disse o especialista.
“Diferentemente do que ocorre em outros mercados, como ocorreu no setor financeiro, é preciso ter diálogo entre as partes e que haja colaboração entre os agentes. Na saúde existe um viés importante neste cenário, e isso ocorre em todo o mundo, em que o paciente é visto como um ativo de geração de caixa e não abrimos mão dele , mas a integração transcende a prestação de serviço, ele se empoderou, mas ainda não sabe que como utilizar as informações que pertencem a ele. Essa é uma mudança de cultura, assim o paciente é um novo player da equação e irá forçar mais o open health e a interoperabilidade para uma mudança na sua relação de consumidor com o sistema de saúde”, finalizou.
Painel – Telemedicina, um setor em construção
A telemedicina provavelmente se tornará parte cotidiana do tratamento de pacientes. Mas a adoção dessa tecnologia requer habilidades e ferramentas adicionais para os profissionais. O processo envolve consultas, monitoramento e análise de exames por meio da internet. O interesse comercial em telemedicina também cresceu, com startups e empresas de diferentes segmentos fornecendo serviços de atendimento virtual. Um segmento específico que provavelmente observará alto crescimento é a saúde comportamental e mental, onde várias empresas já estão competindo para fornecer aconselhamento remoto.
Para Caio Soares, Presidente da Saúde Digital Brasil e Diretor Médico na Teladoc Health, houve um avanço de 20 anos em dois durante o período da pandemia em termos de tecnologia no setor de saúde e em especial para a telemedicina. “Além das iniciativas existentes e outras que surgiram e foram transformadas pelo volume e demanda dos serviços que receberam e pela aceitação e sucesso na modalidade não presencial. O sistema nunca mais será o mesmo depois desse cenário como modalidade complementar ao sistema com benefícios que impactam a saúde individual e populacional. Não dá mais para imaginar o sistema de atendimento sem ela”.
Segundo o médico, um dos gargalos no sistema público e privado é o acesso ao sistema e o tempo que leva entre o atendimento e sua resolução, neste caso, a telemedicina permitiu o acesso e as novas tecnologias que viabilizaram esta conexão em um cenário com muitas possibilidades.
“Não se pode acreditar que os problemas que existem presencialmente serão eliminados no virtual, às vezes até se repetem, mas existem boas possibilidades de logística, mais proteção de dados e outros benefícios aos usuários”, reforçou.
Para ele, a expectativa das evoluções tecnológicas são positivas para o futuro da saúde, desde o poder de processamento das informações, da conectividade e para projetos de prontuários únicos com interoperabilidade que poderá beneficiar não só pacientes, mas os profissionais e a indústria em geral. “Porém o que estamos lidando no momento com a ideia de eficiência, seja pela interoperabilidade e as tecnologias disruptivas disponíveis, ela é uma realidade e faz parte pacote de interoperabilidade. Outros setores são mais eficientes e na saúde ainda não, seja por falta de recursos e de ter que fazer mais com menos, são entraves que a telemedicina enfrenta”, argumentou.
Como enfatizou o Dr. Luís Tibana, superintendente Médico da FIDI – Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem, a telemedicina antes mesmo da pandemia já existia como forma de atendimento. “Na área de radiologia a telemedicina incrementou a entrega dos laudos. No entanto, o maior gargalo que se apresenta está entre a entrega e a avaliação do profissional. Hoje isso ocorre em tempo recorde em casos críticos, em especial, por meio de soluções que já estão disponibilizadas. Por isso, vemos um grande ganho. Como toda inovação, a telemedicina passa hoje por um ciclo de credibilidade especialmente com as tecnologias de Ai generativas que estão sendo incorporadas, com frustrações que são esperadas, mas que depois são integradas ao cotidiano das instituições”.
Segundo Thiago Liguori, Diretor da Pipo Saúde No Brasil, no mercado das startups de medicina o momento é muito positivo. mercado de telemedicina nos EUA mais de 800 milhões de dólares nos próximos anos. a pandemia quebrou paradigmas de teleconsulta na questão de engajamento e qualidade em relação ao presencial.
Dentro da jornada de cuidado a telemedicina existem as interações síncronas e assíncronas, em momentos online com crescimento por texto, o que leva a empresas a levarem soluções que integram estes dois momentos, especialmente startups. “O que notamos como agentes de serviços é que sempre há uma insegurança em relação ao que é novo, no entanto, a aderência, seja por conta da pandemia ou outros fatores, ocorre pela exposição do paciente à tecnologia que no momento vemos como um grande agregador com bons resultados”, enfatizou.
“A telemedicina com o tempo será integrada à grade curricular das faculdades, embora haja várias iniciativas para desenvolvimento do assunto, pois já faz parte do cotidiano das pessoas para que o profissional de saúde tenha essa formação, ajudando-os a entender a tecnologia e suas limitações e avanços”, disse.
Painel – A revolução da saúde conduzida por IA e ChatGPT
Os registros médicos dos pacientes são armazenados em grande parte na forma de dados não estruturados complicados, tornando extremamente difícil processar e analisar. Nesse cenário, surge ainda a IA Generativa, com o ChatGPT trazendo grande expectativa como ferramenta aliada dos profissionais num futuro breve. A IA possibilita a interpretação de dados para gerar insights valiosos para que as equipes médicas possam tomar decisões mais assertivas.
Para Alexandre Chiavegatto Filho, diretor do Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde da USP, a revolução que a AI Generativa e o chat GPT estão trazendo para a saúde se centra especialmente nas relações muito complexas das informações neste campo, em razão da exuberância de dados existentes. “Muitas áreas já foram transformadas pela AI e ela nos tem orientado a decisões várias com muitas possibilidades proporcionadas por algoritmos desenvolvidos por Machine Learning. Esses algoritmos que funcionam tão bem em outras áreas vão funcionar na área de saúde da mesma forma. A resposta é positiva, é uma certeza que vão funcionar, muito bem.”, acredita o pesquisador.
“Muito embora as consequências de se errar em decisões de saúde, em diagnósticos, sejam fatais, a transformação gerada por estes algoritmos é inequívoca. O objetivo é que eles cheguem mais rápido e com mais qualidade para a saúde brasileira, seja pelas realidades regionais, insumos físicos, protocolos, enfim diante de uma realidade nossa muito complexa”, salientou.
Dr. Eli Szwarc, líder médico de Informatics LatAm na Philips, explicou como a companhia tem trabalhado com um ecossistema aberto e colaborativo e vem desenvolvendo AI Manager, para integração e interoperação de informações de várias diferentes fontes. “A Philips tem um olhar horizontal para a saúde, pois desenvolve soluções olhando a jornada do paciente, do profissional e dos dados de saúde.
A evolução dos softwares e soluções visam um repositório único que deveria ser o prontuário eletrônico, que absorve as informações dos pacientes , oriundos de vários equipamentos e que hoje ainda não estão interoperáveis na prática”, reforçou. “Um dos produtos que temos é a interoperabilidade , ou seja, integrar informações. Isso que faz sentido hoje na medicina, tomar decisões baseados em dados. O valor é o que o cliente faz resolvendo o problema de alguém. Nossa ideia não é desenvolver, com um conjunto de produtos e equipamentos avançados no processamento e IA, mas na tomada de decisão clínica. No segmento da saúde a adoção de IA envolve o risco, a heterogeneidade para respostas e a cultura das pessoas, por isso, se observa sempre as diferentes áreas onde os produtos se inserem são o administrativo, o back office e a tomada de decisão clínica. Em todos estes setores temos IA presente, em profundidades diferentes, mas aptas a reforçarem com tecnologia as decisões que envolvem pessoas”, analisou o executivo.
Segundo Felipe Mesquita, Diretor Executivo e Sócio do Boston Consulting Group (BCG), líder da área de Health Care, não há dúvida do valor da IA Generativa e seu potencial na área de saúde globalmente. “São grandes as possibilidades nas inúmeras áreas que envolvem a saúde. As empresas globais têm o desafio de tirar da inovação da IA a pecha de algo irreal, mas levar este valor ao dia a dia das empresas. Levar ao mercado uma estratégia de IA e analytics é um propósito para serem utilizadas e garantir que a oportunidade e os resultados positivos cheguem inteiramente ao cotidiano das empresas”, lembrou o especialista.
Finalizando, Ricardo Moraes, Diretor Médico de Soluções Digitais B2B na Afya, afirma que a IA Generativa veio acrescentar muito na formação dos profissionais de saúde. “Como lidamos com profissionais lidamos com os conceitos de tecnologia que farão parte importante para seu futuro , seja os profissionais em formação quanto aqueles que já trabalham no mercado. ë importante que estes profissionais entendam e usem os dados no suporte do diagnóstico clínico, assim como também é importante que eles entendam como são consumidos estes dados no dia a dia, a fim de intensificar seus uso e aplicabilidade”, reiterou.
“A IA gera informações relevantes para os profissionais para que aprendam mais e sejam consumidores de conteúdos relevantes, vindos da IA generativas. Com isso, estes profissionais estão aprendendo a utilizar a tecnologia como ferramenta, como serviço para entrega de mais tempo ao cuidado do paciente”, concluiu.