Uma em cada 36 crianças apresenta transtorno do espectro autista (TEA) nos Estados Unidos, o que significa dizer que 2,8% da população do país tem autismo. Os dados divulgados em 2023 apontam, para os próximos anos, uma projeção 22% maior do que a do estudo anterior. Diante desse cenário que se repete em outros países, é urgente promover inclusão e acesso a atendimentos de saúde à população com o referido transtorno.
Com o objetivo de ampliar a oferta de tratamentos multidisciplinares, o Hospital e Maternidade Sepaco, referência em pediatria e casos de alta complexidade em São Paulo, inaugurou a Clínica ABA Sepaco, em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo.
A iniciativa visa diminuir a fila de espera por atendimentos em clínicas especializadas na terapia ABA (sigla em inglês para applied behavior analysis, que significa análise do comportamento aplicada), uma abordagem que auxilia de forma personalizada cada indivíduo com o transtorno, desde os primeiros anos de vida, no aprendizado de habilidades.
“Há centenas de crianças e adolescentes esperando para serem assistidos por equipe especializada. As clínicas voltadas a esse serviço na região do Alto Tietê não estão dando conta da demanda”, afirma a pedagoga Adriana Faria, especialista na terapia e com formação em Transtornos de Aprendizagem, que agora compõe a equipe da Clínica ABA Sepaco.
A unidade reúne, no mesmo endereço, especialistas como psicólogo, psicomotricista, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista. São três salas, num espaço amplo dedicado às salas de atendimento, recepção, sala de espera e playground. O serviço atenderá convênios e particulares e será um grande diferencial para a população do município e região.
“Mesmo tendo o laudo médico e com autorização do plano de saúde para cobertura de tratamento e terapias, as famílias ainda enfrentam desafios como a escolha de instituições que acolham crianças especiais e o acesso a profissionais qualificados. Atentos a isso, buscamos fidelizar o tratamento cuidadosamente com equipes especializadas em oferecer o suporte para pessoas com autismo, suas famílias e cuidadores. Faz parte do movimento por inclusão ter profissionais com visões sempre atualizadas, orientar e disseminar informação com responsabilidade e sustentabilidade para quem lida com o impacto do diagnóstico”, destaca Everardo Isalberti, gerente médico das operadoras Sepaco.
A terapia ABA
No Brasil, a intervenção baseada em ABA é oferecida em sua maioria em redes privadas, com planos de saúde cobrindo horas de atendimento previstas no laudo do paciente. Trata-se de uma abordagem de saúde para desenvolvimento, ao máximo possível, e melhor qualidade de vida do indivíduo.
“É preciso avaliar, planejar, ter objetivos a longo, médio e curto prazo, elaborar programas, ensinar, aplicar protocolos, tomar decisões baseadas em dados e fazer manutenção desse plano de atendimento. O que definirá quando o paciente ou aluno estará preparado para ter alta é seu nível de suporte e uma intervenção de alta qualidade”, explica Adriana.
A multiplicidade de casos, que demandam diferentes planos para um atendimento eficaz, é evidenciada por meio de dados do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, que mostram que cerca de 70% das pessoas que estão no espectro autista possuem alguma doença coexistente e 40% podem ter dois ou mais transtornos associados.