A saúde ocupacional sempre foi uma obrigação das empresas, e sua importância tem sido cada vez mais destacada pelos profissionais da área de saúde e segurança do trabalho. Entretanto, muitas vezes essa questão é encarada apenas como uma obrigação legal e, por vezes, negligenciada pelos empregadores. O que muitos ainda não perceberam é que a integração da saúde ocupacional com a assistência em saúde pode gerar uma série de benefícios tanto para os colaboradores quanto para as empresas, e que a tecnologia pode ser uma grande aliada nesse processo.
A legislação que rege a saúde ocupacional é extensa e complexa, exigindo das empresas uma série de procedimentos e programas para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), por exemplo, é obrigatório e deve ser elaborado e implementado por todas as empresas que admitem trabalhadores como empregados, e tem como objetivo a promoção e preservação da saúde dos trabalhadores. Além disso, é necessário realizar consultas e exames periódicos, elaborar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e adotar uma série de medidas para garantir a segurança dos trabalhadores.
Um dos pontos fundamentais para a integração da saúde ocupacional e da assistência em saúde é o acompanhamento dos colaboradores desde o momento da admissão. Na consulta admissional, é possível identificar condições de saúde que precisam de atenção e, a partir daí, realizar um acompanhamento mais individualizado.
Por exemplo, identificar uma pressão alta na admissão não significa que aquela pessoa sofra de hipertensão, mas saber disso e acompanhar essa pessoa pode confirmar tal condição e atuar com programas direcionados para o autocuidado, que, no decorrer do tempo, levará a um melhor cuidado. Neste caso, essa pessoa sofrerá menos crises hipertensivas, menos ida ao pronto socorro por conta da condição descompensada, menos atestados e afastamentos.
Outra questão preocupante são as doenças psicoemocionais. Uma pesquisa da startup Closecare mostrou que elas são a terceira maior causa dos atestados médicos e poderão ser a principal causa até 2030. O tempo médio de afastamento por saúde mental costuma ser de seis dias – período 128% superior à indicação padrão para outras doenças. Isso gera custos para a empresa e também para o colaborador.
Em um dos clientes da AsQ tivemos êxito nessa integração. Após um ano de atuação, houve uma redução de mais de 70% no número de atestados dos colaboradores que estavam no projeto integrado de saúde ocupacional com a assistência. Nesta empresa, a clínica de atenção à saúde trabalha com o modelo de coordenação de cuidado, usando os dados de saúde para promover saúde e bem estar. Além disso, o uso do plano de saúde também foi reduzido.
Ao investir em programas de saúde e bem-estar, as empresas podem gerar benefícios para os colaboradores, como a redução de atestados e afastamentos. Essa iniciativa apresenta melhora no FAP (Fator Acidentário de Prevenção), utilização mais consciente dos benefícios de saúde oferecidos pela empresa e, como consequência, uma redução nos custos com a saúde que a empresa possui. Esses benefícios permitem que o colaborador tenha melhor qualidade de vida, seja mais produtivo, além de gerar economia e resultados para a empresa.
*André Machado Júnior é CEO da AsQ.