Um desafio na adoção da saúde digital

Para que possam aplicar projetos mais modernos e tecnológicos em relação a seus planos de benefícios e desenvolver estratégias preventivas para otimizar a saúde e o bem-estar dos usuários, as organizações precisam obter mais dados de seus colaboradores. No entanto, o impacto do recolhimento dessas informações pessoais e um possível descumprimento regulatório fazem dessa uma missão delicada.

O acesso aos dados pessoais afetará diretamente as atividades de trabalhadores e empregadores no Brasil a partir de agosto de 2020, quando será implantado um sistema de proteção de dados similar ao Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) introduzido na União Europeia. Para se adequar à nova norma, as empresas terão de ter políticas e planos de proteção de dados voltados à proteção da privacidade e da segurança de clientes e usuários. Caberá às instituições se protegerem de eventuais penalidades e resguardarem-se da opinião pública negativa caso demonstrem ausência de confiabilidade ao mercado e incapacidade de garantir a proteção de seus bancos de dados.

Segundo o estudo Saúde Sob Demanda, realizado pela Mercer Marsh Benefícios (MMB), a Mercer e a Oliver Wyman, entre os 17% de tomadores de decisão de nível sênior que não estão dispostos a investir em saúde digital, 24% consideram o risco de privacidade e segurança dos dados de saúde dos funcionários o principal motivo para essa negativa. A boa notícia é que, surpreendentemente, os trabalhadores estão dispostos a compartilhar dados de saúde para receber cuidados de maior qualidade, mais personalizados e convenientes.

A mesma pesquisa mostra que cerca de três quartos dos trabalhadores no Brasil compartilhariam suas informações pessoais de saúde, desde que isso garanta que recebam atendimento médico de alta qualidade. Quase a metade deles também aceita informar seus dados para receber serviços de assistência médica sob medida. Apenas 7% se recusam a entregar à companhia dados pessoais de sua saúde.

Isso não quer dizer que os trabalhadores não tenham preocupações com a privacidade de dados e outras questões associadas à saúde digital. Quando perguntados sobre o que reduzia sua propensão a experimentar determinadas inovações na área, os trabalhadores citaram com frequência uma preferência por atenção humana, uma desconfiança geral em torno da inteligência artificial e uma insegurança em relação ao compartilhamento de dados – 21% deles não confiam na proteção de dados que os aplicativos de saúde digital oferecem.

O estudo, no entanto, mostra que a maioria dos trabalhadores confia nos esforços de seus empregadores para proteger suas informações pessoais de saúde. Esta valiosa confiança proporciona às empresas um papel importante no desenvolvimento de ecossistemas de saúde digital e na instalação das políticas e práticas certas para a proteção da boa relação entre trabalhador e empregador.

É importante que os empregadores estejam cientes de que a condição para que os trabalhadores compartilhem suas informações de saúde é receber em troca um benefício de qualidade, que seja personalizado e conveniente. Para salvaguardar a confiança do trabalhador e ajudar na superação de alguns dos obstáculos à adoção de novas soluções de saúde digital, é imprescindível que os empregadores instalem políticas e práticas apropriadas de privacidade de dados e as comuniquem com clareza aos trabalhadores. O acesso responsável a suas informações pessoais ajudará a tranquilizar o trabalhador quanto ao risco no uso de seus dados e permitirá à empresa uma modernização no pacote de benefícios que será benéfica para ambos os lados. 

Helder Valerio, consultor de Gestão de Saúde e Qualidade de Vida da Mercer Marsh Benefícios.

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