Pesquisa aponta desafios do acesso à Internet nos estabelecimentos públicos de saúde

A pesquisa TIC Saúde 2016 aponta uma estabilidade no uso de computador e no acesso à Internet nos estabelecimentos públicos de saúde desde 2014. Estes e outros dados fazem parte do levantamento anual do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que foram lançados nesta quarta-feira,15, durante o 8º Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, na cidade de Gramado (RS).

Enquanto o uso de computador e o acesso à Internet são universais entre os estabelecimentos privados (100%), esta ainda não é uma realidade entre os estabelecimentos públicos: 87% dos estabelecimentos públicos afirmaram utilizar o computador e 76% acessaram a Internet. Entre as Unidades Básicas de Saúde (UBS), que representam a maioria dos casos dos estabelecimentos que não usaram computador ou a Internet, a pesquisa estima que 5.779 UBS não usaram computadores e 11.107 não acessaram a Internet, nos 12 meses que antecederam a pesquisa. “De uma forma geral, os indicadores mantiveram-se estáveis ao longo dos últimos dois anos, revelando que os padrões podem ser considerados por formuladores de políticas públicas”, reforça Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Ainda no que diz respeito à infraestrutura, as velocidades de conexão mais utilizadas pelos estabelecimentos de saúde variavam em 2016 entre 1 Mbps a 10 Mbps (35%). A série histórica revela o crescimento do uso das conexões mais velozes e redução das conexões menos velozes, especialmente entre aquelas de até 250 Kbps. A pesquisa também observou que apenas 19% dos estabelecimentos de saúde brasileiros possuíam área, setor ou departamento de TI, com destaque para aqueles com internação e mais de 50 leitos (71%).

Segurança da informação

Em 2016, apenas 23% dos estabelecimentos de saúde que utilizaram a Internet possuíam um documento que definia a política de segurança dos dados, proporção estável em relação a 2015. A presença desse tipo de documento foi mais frequente entre os estabelecimentos com mais de 50 leitos (50%) e os localizados em capitais (33%).

Já em relação às ferramentas de segurança da informação, o antivírus (93%) foi a mais citada em toda a série histórica. A pesquisa também aponta que a proteção dos dados por meio de senha do acesso ao sistema eletrônico (74%) e o uso de firewall (52%) foram a segunda e a terceira ferramentas mais utilizadas pelos estabelecimentos, respectivamente. Ferramentas de proteção mais sofisticadas, tais como criptografia da base de dados (24%) e biometria para acesso ao sistema eletrônico (12%), ainda são pouco utilizadas.

“As questões relacionadas à segurança da informação ainda devem ser melhor tratadas pelos estabelecimentos de saúde. Existe uma crescente necessidade da adoção de procedimentos e ferramentas que garantam a segurança das informações por eles armazenadas. Poucos estabelecimentos possuem uma política de segurança dos dados e a grande maioria ainda não investe em ferramentas de proteção mais robustas”, alerta Barbosa.

Registro eletrônico e serviços oferecidos on-line

Em 2016, 74% dos estabelecimentos de saúde possuíam sistema eletrônico para armazenar informações dos pacientes, contudo apenas 12% armazenavam as informações do prontuário do paciente exclusivamente em formato eletrônico. A maior parte deles (63%) registrou informações parcialmente em papel e parcialmente em formato eletrônico e 24% utilizaram exclusivamente o papel.

A pesquisa aponta que aproximadamente metade dos estabelecimentos de saúde estava presente na Internet por meio de websites ou redes sociais. Apenas uma pequena proporção deles, no entanto, ofereceu algum tipo de serviço pela Internet: 18% disponibilizaram agendamento de consultas; 19% ofereceram agendamento de exames; 23% ofereceram visualização de resultado de exames, e 7% ofereceram visualização do prontuário do paciente.

Telessaúde

Assim como observado nas edições anteriores do levantamento, os estabelecimentos públicos são os que oferecem mais serviços de telessaúde. Enquanto 29% dos estabelecimentos públicos oferecem serviços de interação em tempo real a distância, esses serviços são oferecidos em 13% dos estabelecimentos privados. O mesmo padrão é observado para o oferecimento de educação à distância e de pesquisa à distância. Na esfera pública, 41% dos estabelecimentos declararam participar de alguma rede de telessaúde. Entre os privados, essa proporção foi de apenas 3%. Além disso, um indicador inédito da pesquisa mostra que as redes estaduais de telessaúde (16%) foram as mais citadas, seguidas pelo Programa Telessaúde Brasil Redes, do Governo Federal (10%), e pela Rede Universitária de Telemedicina (Rute), coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) (9%).

Benefícios da adoção das TIC

A pesquisa também evidencia a visão positiva que médicos e enfermeiros possuem sobre o impacto da implantação de sistemas eletrônicos nos estabelecimentos, não somente para a organização do trabalho como também para a assistência em saúde prestada ao paciente. Para esses profissionais, a implantação de sistemas eletrônicos melhorou a eficiência dos trabalhos de equipe (87% dos médicos e 90% dos enfermeiros) e dos atendimentos (83% dos médicos e 86% dos enfermeiros); reduziu o número de exames duplicados ou desnecessários (82% dos médicos e 79% dos enfermeiros); e melhorou a qualidade do tratamento como um todo (75% dos médicos e 87% dos enfermeiros).

Sobre a pesquisa

A TIC Saúde tem o objetivo de investigar a penetração das TIC nos estabelecimentos de saúde e sua apropriação por profissionais de saúde (médicos e enfermeiros). Em sua quarta edição, o estudo entrevistou 2.298 gestores de estabelecimentos de saúde localizados em todo o território nacional. Além disso, foram entrevistados 1.359 médicos e 2.197 enfermeiros vinculados a estes estabelecimentos. Nesta edição, a coleta de dados ocorreu entre setembro de 2016 e junho de 2017.

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