Com o verão se aproximando e a exposição ao sol aumentando, falar sobre câncer de pele se faz ainda mais necessário. O mês de dezembro, inclusive, é marcado pela campanha Dezembro Laranja, que fortalece a prevenção à doença, tipo mais comum no Brasil e cujo um estudo recente chama atenção para os impactos financeiros do problema no sistema de saúde.
Um levantamento feito pela Planisa, em parceria com o DRG Brasil, analisou 2.537 altas hospitalares, em hospitais públicos e privados, com permanência média de 1,9 dias, de janeiro de 2023 a outubro deste ano. Neste período, o custo das internações por melanoma – considerado o tipo de câncer de pele mais agressivo – soma R$ 4,6 milhões.
A proporção entre altas clínicas e cirúrgicas foi de 26,84% clínicas e 73,16% cirúrgicas, mostrando uma predominância de procedimentos cirúrgicos. As internações por melanoma maligno invasivo da pele totalizaram 27,20% das altas codificadas e as que envolvem melanoma maligno da pele, não especificado, 19,67% das altas.
No item população hospitalizada, a pesquisa revela que a faixa etária predominante foi de pacientes entre 60 e 69 anos (26,30%), seguida pela faixa de 70 a 79 anos (25,14%). Já a distribuição por gênero é equilibrada, com 50,61% feminino e 49,39% masculino.
O levantamento traz, ainda, a análise da complexidade assistencial das altas, sendo que 89,08% delas ocorreram no nível 1 de severidade, indicando baixa complexidade clínica. No entanto, apenas 6,90%, 1,42% e 1,66% foram classificados nos níveis 2, 3 e 4, respectivamente, que demandam maior cuidado e recursos. Além disso, 37,68% dos pacientes foram atendidos em hospital-dia até 12h e 14,62% entre 12h e 24h, reforçando a importância de triagens eficazes para direcionar casos menos graves à atenção primária ou ambulatórios especializados, otimizando os recursos hospitalares para pacientes de alta complexidade.
Embora o melanoma represente uma porcentagem menor de todos os casos de câncer de pele, ele é responsável por uma proporção significativa das mortes causadas pela doença. Isso ocorre porque, quando não diagnosticado a tempo, o melanoma pode se espalhar rapidamente para outras partes do corpo, tornando-se mais difícil de tratar.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é que o Brasil registre cerca de 8.980 novos casos de melanoma por ano, com uma taxa de incidência de 4,13 casos por 100 mil habitantes. A doença é mais comum em mulheres do que em homens, embora a mortalidade seja maior no sexo masculino.
O melanoma avançado pode exigir uma grande quantidade de recursos do sistema de saúde, incluindo tratamentos caros e complexos, hospitalizações prolongadas e tratamentos paliativos. Casos detectados precocemente, por sua vez, demandam uma abordagem mais simples e menos dispendiosa, o que ajuda a preservar os recursos do sistema de saúde para outros tipos de doenças.
“O câncer, em geral, é uma das principais causas de sobrecarga dos sistemas de saúde. A detecção precoce possibilita que os recursos sejam direcionados para outros pacientes, reduzindo filas de espera e melhorando a qualidade do atendimento geral. Significa também que o paciente tem menos probabilidade de necessitar de cuidados intensivos ou longas hospitalizações, o que representa uma economia para o sistema de saúde pública”, destaca o especialista em gestão de custos hospitalares e diretor de Serviços da Planisa, Marcelo Carnielo.
Câncer de pele no SUS
Dados do Ministério da Saúde mostram que no Sistema Único de Saúde (SUS), foram registrados 28.354 atendimentos relacionados ao câncer de pele melanoma entre 2023 e julho de 2024, sendo 10.298 cirurgias oncológicas — 6.276 em 2023 e 4.022 entre janeiro e julho de 2024; 8.107 quimioterapias — 5.113 em 2023 e 2.994 entre janeiro e julho deste ano; e 9.949 radioterapias — 5.994 no ano passado e 3.955 entre janeiro e julho de 2024.
Já em relação ao câncer de pele não melanoma, foram registrados, entre 2023 e julho de 2024, 110.526 atendimentos relacionados à doença, sendo 99.713 cirurgias oncológicas — 59.345 em 2023 e 40.368 entre janeiro e julho de 2024; 1.192 quimioterapias — 729 em 2023 e 463 entre janeiro e julho deste ano; e 9.621 radioterapias — 5.758 em 2023 e 3.863 de janeiro a julho de 2024.