Tecnologia ajuda a reduzir em 81% número de pacientes crônicos de alto risco em Hospital do Paraná

Uma tecnologia implantada exclusivamente para o monitoramento de pacientes com doenças crônicas, aliada a um acompanhamento diferenciado, contribuiu para a redução em 81% no número de pacientes de alto risco que antes eram atendidos mensalmente pelo Hospital Evangélico de Londrina (HE) – cidade localizada no norte do Paraná, em um período de 18 meses.

O uso da plataforma para gerenciamento de pacientes crônicos faz parte do Programa Viva Saúde – que prevê atendimento domiciliar, presencial ou online para 1.736 pacientes com doenças como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, obesidade, depressão, pessoas em idade avançada e outros.

A tecnologia – chamada PGS/Nagis – começou a ser utilizada em janeiro de 2023 dentro do plano de Atenção Primária à Saúde (APS). Com ela, é possível identificar o número e a frequência de pacientes crônicos que passaram por atendimento no Hospital, elencando os mais graves e sugerindo quais deveriam ser acompanhados preferencialmente por uma equipe multiprofissional, em um período mínimo de 12 meses.

Entre os monitorados, após 18 meses, 81% tiveram redução de risco, 19,92% dos pacientes tiveram redução de Índice de Massa Corporal (IMC) e 18,56% dos pacientes com IMC acima de 30, considerada obesidade grave, conseguiram reduzir o peso e as doenças crônicas associadas.

Outro fator importante é que além de possibilitar um maior controle e acompanhamento dos pacientes, a plataforma possibilitou uma economia de R$2,19 milhões durante o período, sendo R$1,16 milhões com a redução de idas e vindas ao pronto atendimento de emergência e outros R$1,03 milhões de economia com custo de internações.

De acordo com o superintendente da Associação Evangélica Beneficente de Londrina (Aebel), que abrange o HE Londrina, Eduardo Bistratini Otoni, a iniciativa foi idealizada com o enfoque no atendimento de doentes crônicos. “A plataforma integra saúde e tecnologia, com o propósito de levar qualidade de vida aos pacientes. Com ela podemos trabalhar a prevenção, o monitoramento, linhas de cuidados e os prontuários eletrônicos, acompanhando a evolução do paciente que recebe atendimento de uma equipe especializada e exclusiva para este programa”, explicou Otoni. Antes do uso da tecnologia, todo o acompanhamento era feito por meio de planilha, o que possibilitava o controle de cerca de 300 pacientes apenas. Atualmente, 1737 pessoas foram incluídas no programa – entre janeiro de 2023 e setembro de 2024.

Tecnologia exclusiva

O responsável pela criação do software que monitora os pacientes crônicos em Londrina, Wagner Marques, diz que a plataforma pode assumir a gestão da saúde do paciente através de um gerente de cuidados e atendimento médico receptivo 24 horas por dia, 7 dias por semana. “O software é capaz de aprender protocolos diagnósticos e terapêuticos e auxiliar profissionais de saúde, permitindo a adaptação de protocolos de cuidados a diferentes situações, locais e níveis de complexidade (UPAS, UBS e Hospitais)”, menciona Marques. As tecnologias desenvolvidas pelas Nagis foram reconhecidas pelo Banco Mundial, através de seu órgão IFC (International Finance Corporation), como sendo uma inovação na área da saúde. “Fomos escolhidos entre 295 empresas e instituições, de 34 países”, completa o desenvolvedor e idealizador da startup em saúde.

Resultados e funcionamento do Programa

O programa Viva Saúde, desenvolvido pelo Hospital Evangélico de Londrina, tem como objetivo reforçar a atenção especializada para doentes crônicos. Com o uso da plataforma os pacientes são selecionados e uma equipe de saúde realiza uma primeira avaliação, que inclui coleta do histórico de saúde, situação vacinal, aplicação de escalas de avaliação com classificação de risco, avaliação de exames, que determina a frequência do acompanhamento do programa, por meio de consultas, exames, atendimento personalizado e telemonitoramento.

“Cada paciente tem acesso a uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde, que desenvolvem um plano de cuidados individualizado, levando em consideração suas necessidades e metas”, explica Arnaldo Alves de Souza, gerente administrativo da Atenção Primária à Saúde (APS) no HE Londrina.

Ele conta que durante o programa são oferecidas sessões educativas sobre as doenças crônicas, tratamentos, prevenção e gerenciamento adequado e os pacientes têm acesso a suporte contínuo contato com a equipe de saúde por meio de aplicativo de mensagem, podendo esclarecer dúvidas, receber orientações e apoio emocional, evitando muitas vezes uma ida desnecessária ao pronto-socorro.

“O programa inclui um acompanhamento periódico do estado de saúde dos participantes, por meio de consultas médicas e exames de rotina. Esse monitoramento regular permite identificar precocemente qualquer alteração ou necessidade de ajuste no tratamento, garantindo uma abordagem preventiva e eficaz”, afirma Arnaldo.

A dona de casa Dalva Regina Taniguchi, apresentava um quadro de crise hipertensiva e depressão, antes de entrar no programa. Passou por atendimento clínico, nutricionista, perdeu peso e está feliz com os resultados. “Estou muito satisfeita. Minha pressão está normalizada e, com isso, as idas ao PS acabaram. A médica, Dra Cristiane é fantástica, a enfermeira Mariana também e, agora com a psicóloga só vou melhorar, pois o atendimento online facilita muito a nossa vida também”, elogia dona Regina, que também apresentava um quadro de depressão. Dona Dalva que agora se recupera de uma fratura no joelho, continua sendo atendida pelo programa.

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