Apesar de tantos desafios que impôs ao setor de saúde brasileiro, a pandemia também mostrou que o uso de tecnologia é algo irreversível neste segmento. Uma das ferramentas que ganhou força é o prontuário eletrônico do paciente, que garante maior segurança e acesso rápido ao histórico. E, como muitas soluções, pode ser replicada em larga escala e, assim, a tendência é melhorar o acesso, facilitar a vida do médico, paciente e operadora de planos de saúde. Pode também proporcionar redução dos custos gerais de saúde.
Além disso, o prontuário eletrônico pode ser determinante para haver menos dependência dos profissionais em alguns processos. Com a ferramenta, médicos e toda equipe podem se dedicar ainda mais aos pacientes, humanizando o atendimento. Outro ponto é que ajuda no compartilhamento de experiências e informações, evitando erros e desperdícios, já que o histórico pode ser visualizado por outros profissionais. Ou seja, o prontuário eletrônico não se resume à digitalização de documentos. A evolução da análise dos dados gerados pelo prontuário gera um modelo mais preditivo. Assim, por meio de inteligência artificial, já é possível analisar dados e comportamentos clínicos e chegar a um diagnóstico mais assertivo e rápido.
Apesar das vantagens, ainda há um longo caminho a ser percorrido. O McKinsey Global Institute estima que cerca de 70% dos hospitais americanos ainda usam fax e correio para prontuários médicos de pacientes, conforme publicado pelo The Economist. O dado demonstra o atraso do setor de saúde em relação a outros segmentos, como varejo e indústria.
Porém, alguns passos estão sendo dados para uma transformação digital mais efetiva na área. Em julho deste ano, por exemplo, o Ministério da Saúde lançou o sistema Conecte-SUS Profissional, um prontuário eletrônico onde ficam reunidas todas as informações do médico e do paciente. São dados como internações, carteira de vacinação digital, medicamentos do paciente e alergias. Com a tecnologia, médicos de todo o país passam a ter acesso ao histórico clínico com dados registrados nas redes pública e privada, nos vários níveis de atenção à saúde. Segundo a pasta, o programa está apto a ser acessado em cerca de 15 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) em todo o Brasil. Ou seja, não abrange a totalidade, mas é um começo importante para um longo caminho a ser percorrido, tanto no setor público como privado, para garantir que a saúde atenda as demandas atuais por inovação.
Para isso, é essencial substituir antigos processos e uma mentalidade retrógrada, além de inovar inclusive nos modelos de negócios. Assim, todos saem ganhando – com um acesso a um serviço de saúde mais disseminado, de mais qualidade, com menos custos e com o paciente como prioridade.
Fabio Melo, head da TARIC.