Destaques da feira de tecnologia em saúde – HIMSS 2018

Talvez muitos de nós lembramos de Las Vegas como a capital mundial do jogo e dos cassinos. Sim, as imagens dos enormes hotéis resorts de entretenimento, que fazem parte inclusive de filmes recentes de Hollywood, pode povoar nossa imaginação

Mas Las Vegas tem se destacado já por décadas como uma grande capital de feiras e convenções, sendo que a cidade recebe mais de 20.000 eventos por ano e atrai público de visitantes superior a 6 milhões de pessoas (segundo fontes oficiais da cidade)! A maior de todas as feiras que acontece nessa cidade é a Consumer Eletronic Show (CES), que no ano de 2017 atraiu mais de 177.000 visitantes!

Dentre tantas feiras, uma tem se destacado progressivamente pelo apelo tecnológico e de impacto em nossa saúde – a HIMSS (Healthcare Information and Management Systems Society). A HIMSS é a maior conferência de tecnologia da informação dos Estados Unidos e uma das maiores do mundo. É o principal evento mundial de e-Health, apresentando os lançamentos dos softwares, plataformas digitais e soluções para área de saúde. Neste ano de 2018, entre 5 e 9 de março, cerca de 43.000 participantes estiveram presentes, tornando-se provavelmente a maior feira global de saúde dedicada a tecnologia da informação.

Diante das centenas de palestras programadas, mais de 1.300 empresas expositoras, alguns temas e focos puderam se destacar, tais como:

1) Inteligência Artificial (AI) e Machine Learning

As soluções baseadas em AI e de aprendizado de máquina foram os destaques do evento HIMSS deste ano. Tanto que houve um simpósio separado no primeiro dia do evento focado neste tema.

Além dos já destacados softwares e sistemas de inteligência cognitiva, que já haviam aparecido em anos anteriores, como o Watson da IBM, este ano o uso em aplicações de reconhecimento de voz voltados a saúde ficou ainda mais evidente. Os assistentes de voz tornaram-se cada vez mais populares nos últimos anos, indo para milhares de famílias nos EUA e em todo o mundo. Mas ajudantes inteligentes estão também chegando a configurações profissionais, com o potencial de acelerar o fluxo de trabalho em uma variedade de campos, desde o atendimento simples em centrais de suporte ao paciente, como também para interação com médicos e enfermeiros durante processos de consulta e triagem de pacientes. Assim, como estamos notando o avanço de interfaces como a Siri (Apple) e Alexa (Amazon), apenas para citar duas conhecidas, vemos que mais soluções estão incorporando o reconhecimento de voz e usando a AI, Machine Learning e Deep Learning para poder extrair valor das informações que são trocadas por voz, reduzindo as transcrições (que geram erros e consomem tempo). Creio que este será um dos campos mais promissores nos anos à frente na área de saúde.

2) Cibersegurança

O HIMSS lançou seu relatório 2018 de Cybersecurity Survey, que incluiu prestadores de cuidados de saúde, fornecedores e consultores. Uma das questões feitas foi: até que ponto o setor de assistência médica e saúde pública avançaram na segurança cibernética? A maioria dos entrevistados (75,7 %) declarou que suas organizações experimentaram um incidente de segurança significativo. De longe, o ponto inicial de falha na segurança foi o e-mail (citado por 62% dos entrevistados), para as organizações que enfrentaram um recente incidente de segurança significativo.

Embora existam margens de melhoria, em comparação com os anos anteriores, há algum movimento positivo em relação aos programas de segurança cibernética, em vez de uma tendência de “flatline”.

Sim, considerando o crescimento de dados digitais do pacientes em seus prontuários eletrônicos, mais wearables sendo adicionados para monitorar as pessoas, e máquinas criando diariamente novas quantidades de informações no rastro da saúde digital (como imagens diagnósticas), os programas de segurança cibernética estão fazendo progressos, mas há muito trabalho ainda pela frente!

3) Computação Visual

A Computação Visual, que pode englobar várias áreas como Realidade Virtual ou Aumentada, também teve destaque. Vários aplicativos voltados para treinamento, educação, experiência do paciente, redução do stress em casos de dor, análise pré-cirúrgica, simulação, etc. Sim, há uma variedade crescente de usos para a computação visual, e semelhante a outros mercados (como o dos jogos eletrônicos), o aumento da capacidade de processar dados em tempo real e a melhora da qualidade realística das imagens, vamos ver um grande progresso neste sector, tanto para beneficio dos pacientes como dos profissionais da saúde!

4) Desafios a frente!

Algumas áreas ainda com desafios operacionais e de modelo de negocio são o cloud computing, compartilhamento de dados entre operadores de saúde, interoperabilidade e falta de padrão para o Value Based Healthcare. Várias propostas, nenhuma ainda consistente para se tornar a tal “killer application”!

Um último destaque que pessoalmente apreciei foi a palestra de abertura do Eric Shcmidt – Consultor Técnico e Ex-Presidente Executivo da Alphabet Inc. (controladora do Google), cujo tema foi “Technology for a Healthier Future: Modernization, Machine Learning, and Moonshots” (que pode ser assistida no Youtube).

Schmidt chamou o setor de saúde “conservador além de onde deveria ser”, dizendo que está se movendo muito devagar, devido em grande parte a ser excessivamente cauteloso.

Schmidt chamou o setor de saúde “conservador além de onde deveria ser”, dizendo que está se movendo muito devagar, devido em grande parte a ser excessivamente cauteloso.

Para esse fim, ele disse que se “mudar para a nuvem” poderia abrir a porta para um atendimento muito mais eficiente. “A maioria de vocês atua em instituições que possuem centros de dados proprietários que têm algum tipo de lógica sobre eles”, disse Schmidt. “A maioria dessa lógica pode ter sido verdade há cinco ou 10 anos atrás, mas não é hoje. Agora temos – muito mais seguro do que o seu centro de dados, muito mais compatível do que seu centro de dados e muito mais fácil de usar – servidores baseados em nuvem em nossa indústria.”

Foi um evento muito bom, que demonstrou o quanto o setor tem ainda para crescer, transformar-se e agregar valor a cada um de nós como pacientes!

Abraço a todos!

Guilherme Rabello, responde pela Gerencia Comercial e Inteligência de Mercado do InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini (grabello.inovaincor@zerbini.org.br). Atua como consultor, palestrante e escreve artigos sobre inovação, tecnologia.

Related posts

Movimento em prol de saúde mais inclusiva tem apoio da ANS

Devices: a integração do mundo digital e físico no atendimento ao paciente

Parcerias público-privada podem garantir sustentabilidade do SUS