Como a análise de dados pode ajudar empresas a melhorar a saúde dos funcionários

“Prevenir é melhor do que remediar”. O ditado popular reforça um tema muito debatido entre os executivos de RH e gestão de pessoas: colaboradores saudáveis têm produtividade maior. Contudo, infelizmente, estamos longe disso. Estudo da International Stress Management (ISMA) considera a força de trabalho brasileira como a segunda mais estressada do mundo, sendo que 72% dos trabalhadores no país sofrem de estresse e 32% de síndrome de burnout. Em dez anos, o número de funcionários que buscaram auxílio psicológico aumentou 250% segundo dados da consultoria Optum.

Quando um quadro crônico afeta a saúde e o bem-estar do colaborador é associado ao momento econômico, o cenário fica ainda mais grave. O fato pode ser constatado por um estudo da Mercer March Benefícios: no Brasil, entre 2012 e 2019, o custo médico-hospitalar subiu impressionantes 149%. O crescimento é quatro vezes maior do que a inflação.

O aumento do estresse no trabalho, aliado à falta de acompanhamento médico e do autocuidado com a saúde trazem consequências que impactam as empresas, como: aumento de turnover por baixa lealdade; baixa produtividade, engajamento e performance; aumento de custos com afastamentos por doenças, absenteísmos e horas improdutivas causadas por problemas de saúde (presenteísmo); e custo de oportunidade (perda de receita, interrupção de projetos e outras oportunidades perdidas por conta da ausência por saúde).

Diante desse cenário complexo, a forma das empresas lidarem com os benefícios está mudando. Hoje, não basta apenas oferecer recursos, é preciso medir como estão sendo utilizados e seus impactos no ambiente de trabalho. O health analytics usa o conceito de inteligência de dados. Tem como base o comportamento de consumo de medicamentos dos colaboradores e gera estatísticas que ajudam os gestores na detecção de possíveis problemas de saúde e na tomada de decisão para solucioná-los.

As análises mostram a presença de doenças crônicas, epidemias e outros indicadores na companhia. Claro, tudo isso de forma anônima.

Health analytics já é realidade em grandes empresas

Danone, Creditas, Leroy Merlin e Hypera Farma são algumas das marcas que adotaram os benefícios do Health Analytics. No caso da Danone, a companhia está disposta a mudar a relação de seus colaboradores com a própria saúde. A empresa do segmento alimentício lançou no início de 2020, antes mesmo da pandemia da covid-19, um programa inovador para refundar protocolos de autocuidado e a própria noção que o time tinha sobre  bem-estar.

A empresa entende que é preciso ir além da relação mais usual entre empregado e empregador — as pessoas acham que têm o direito de receber saúde, e o empregador precisa prover isso. Porém, quando o colaborador entende que o plano é dele, ele usa do jeito que quer, e isso não traz benefícios para si ou para a empresa.

A Danone vem trabalhando a questão da autogestão da saúde, fazendo o funcionário entender que é responsável pelo seu próprio bem-estar. A missão é empoderar seus colaboradores no cuidado com sua saúde, tendo a empresa como parceira.

A atenção com a saúde dos colaboradores foi dividida em quatro níveis. No primeiro estágio, a companhia colocou as ações voltadas a evitar que as pessoas adoeçam; no segundo, as iniciativas que cuidam de quem apresenta um quadro de doenças. O terceiro patamar refere-se aos quadros crônicos, e o ciclo termina com um trabalho de assistência social na quarta etapa.

A Danone criou, então, um cabedal de ferramentas para prestar suporte a cada fase, com aplicativos para suporte a exercícios físicos, meditação e mapeamento da saúde mental. Foi uma reformulação de mindset na empresa, facilitada pelas informações do Health Annalytics.

A análise de dados da saúde dos funcionários veio para ficar, contribuindo com tomadas de decisões dos gestores que melhorem o ambiente de trabalho e, principalmente, a saúde dos colaboradores.

*Bruno Souza de Oliveira é cofundador e diretor de operações e tecnologia da healthtech Medipreço.

Related posts

ABSeed Ventures investe R$ 2 milhões na Clinia

Abramge criar comitê para conhecer profundamente os problemas da judicialização da saúde

Hospital PUC-Campinas inicia serviço de Telemedicina