O cenário dos planos de saúde tem passado por mudanças significativas, e o aumento constante nos custos tem levado muitas pessoas a repensar sua adesão a esses serviços. A crescente insatisfação com os reajustes frequentes tem gerado uma lacuna no mercado, impulsionando a procura por opções mais acessíveis, como as clínicas low cost.
Nos últimos anos, os usuários de planos de saúde têm enfrentado aumentos substanciais nas mensalidades, o que tem impactado diretamente a capacidade financeira de muitos. Em 2022, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) aprovou um reajuste de 15,50% para planos de saúde individuais e familiares. Já os usuários de planos empresariais tiveram um reajuste médio de 22%, enquanto os de planos coletivos por adesão tiveram um reajuste médio de 26%. Em 2023 a ANS fixou o teto de reajuste para planos de saúde individuais e familiares em 9,63%, no entanto, esse teto não se aplicou aos planos coletivos, que chegaram a ser reajustados acima de 20%.
Esse movimento tem sido observado de perto por especialistas em saúde, que destacam que essa realidade tem levado uma parcela considerável da população a reconsiderar a viabilidade de manter um plano de saúde tradicional e buscarem alternativas mais baratas, como as clínicas low cost. As clínicas low cost oferecem serviços médicos de qualidade a preços acessíveis, preenchendo a lacuna deixada pelos planos de saúde convencionais.
“O aumento constante nas mensalidades dos planos de saúde tem tornado esses serviços inacessíveis para muitos. As clínicas low cost desempenham um papel crucial ao proporcionar acesso a cuidados médicos de qualidade a preços mais acessíveis, tornando a saúde mais acessível para uma parcela maior da população”, explica Rafael Grizzo, CEO da Atend Já, rede de franquias de clínicas médicas low cost.
O SUS também já sente a pressão da alta demanda, com filas cada vez mais longas para consultas médicas com especialistas, exames e cirurgias de pequeno e grande porte. Já os planos, lideraram o ranking de reclamações de 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), com 27,9% das queixas e as condenações judiciais dispararam, os julgamentos de ações contra o setor aumentaram 239%, entre 2011 e 2021. Em 81% dos processos, o resultado é favorável ao paciente. Quando a queixa é sobre cobertura negada, esse percentual chega a 93%, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
“Fatores como envelhecimento da população, altos custos, falta de indicadores de desfecho, e sinistro muito alto pós pandemia explicam o desafio dos planos daqui para frente”, continua Grizzo.
Além dos custos mais baixos, as clínicas low cost oferecem uma abordagem mais simplificada e acessível aos serviços de saúde. Com agendamentos flexíveis, atendimento rápido e foco na prevenção.
Essas clínicas oferecem serviços all-in-one, ou seja, consultas, exames, tratamentos e cirurgias podem ser feitos todos em um mesmo local, sendo uma alternativa para desafogar os hospitais e clínicas tradicionais e proporcionar a um público mais amplo acesso imediato aos cuidados de saúde.
Este fenômeno destaca a necessidade de uma revisão no modelo de prestação de serviços de saúde, incentivando a inovação e a busca por soluções que atendam às necessidades da população em meio aos desafios econômicos atuais.
À medida que mais pessoas optam por abandonar os planos de saúde tradicionais, a tendência é que as clínicas populares se expandam e se fortaleçam como parte integrante do sistema de saúde. O futuro pode reservar mudanças significativas na forma como as pessoas abordam sua saúde, com uma ênfase crescente na acessibilidade e na eficiência dos serviços médicos.