Senadora Mara Gabrilli comemora chegada do exoesqueleto ao Brasil

Cleuza Rodrigues e Mara Gabrilli andam usando o exoesqueleto

A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), que ficou tetraplégica após um acidente de carro em 1994, sempre sonhou e batalhou por tecnologias que auxiliassem a reabilitação. E no começo de dezembro, dia 6, Mara pode realizar um sonho: andou em um exoesqueleto no Brasil, em São Paulo, na rede pública de saúde Lucy Montoro.

Mara conheceu o exoesqueleto Atalante X, da empresa francesa Wandercraft, quando esteve em Genebra, na Suíça, em março de 2022. Desde então reuniu esforços entre os fabricantes e os pesquisadores brasileiros para que os equipamentos chegassem ao país e entrassem em funcionamento no sistema público de saúde, democratizando assim o acesso ao robô.

Fora do Brasil, em duas ocasiões, Mara pôde testar o exoesqueleto que permite o caminhar em várias direções, de forma livre, mas ainda sim usando a força de seu corpo. Mara usa especialmente o Atalante, que tem um suporte de tronco mais alto, sensor de movimento no pescoço e 12 motores, ideal para quem tem menor controle nos braços, como ela. Há ainda o ExoAtlet, mais baixo, com sensores localizados nos joelhos e no quadril e quatro motores.

“Há dez anos eu buscava um exoesqueleto, mas, por ser tetraplégica, era muito difícil encontrar um equipamento que me atendesse, quase todos exigiam força nos braços. Quando conheci o Atalante, em Nova York, em abril deste ano, pude sentir na pele a liberdade de andar de forma autônoma e até andar de costas. Imediatamente pensei em quantas pessoas poderiam ser beneficiadas pelo simples fato de se movimentar. Era um sonho ter esse equipamento no Brasil e, o mais importante, oferecer a quem mais precisa”, afirma Mara.

O médico André Sugawara, fisiatra da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, compara os benefícios entre a Lokomat, máquina em que o paciente fica com o corpo suspenso enquanto caminha em uma esteira, e o exoesqueleto. Ele explica que nas máquinas de nova geração não há nenhum mecanismo de suspensão, então o peso é completamente descarregado no chão, o paciente caminha mais livremente pelo espaço e pode exercitar novos movimentos, como sentar e levantar, girar e andar de costas.

Hoje a Rede Lucy Montoro conta com dois modelos de exoesqueletos: o Atalante X e o ExoAtlet, empresa russa adquirida em 2018 por uma companhia sul-coreana. Também está em negociação a vinda de um modelo chinês.

“Mara foi a pessoa que nos inspirou a entrar no universo da tecnologia. Ela colocou um desafio para nós e para o SUS, o desafio de ampliar oportunidades para todas as pessoas e reduzir tempo de tratamento de cada paciente usando novos estímulos”, disse Linamara Rizzo Battistella, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação da USP e ex-secretária estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência.

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