Inteligência Artificial na Saúde: Transformação real ou apenas testes piloto?

Há alguns anos, o tema “Transformação Digital” vem provocando grandes impactos e promovendo mudanças positivas na indústria da saúde. Com a chegada da Inteligência Artificial (IA), esse movimento ganhou ainda mais relevância, revolucionando áreas que vão desde diagnósticos e rotinas de cuidado até a eficiência operacional dos players do setor.

No campo dos diagnósticos, a aplicação da IA já apresenta resultados impressionantes. Suas capacidades computacionais permitem identificar padrões e anomalias com precisão superior, incluindo situações extremamente desafiadoras para o olho humano. Essas inovações estão transformando a análise e a detecção de doenças, trazendo ganhos significativos para a saúde como um todo.

Eficiência da IA em números

Uma prova desse potencial revolucionário está no estudo realizado pela Universidade Imperial College London, em parceria com pesquisadores do Google Health, publicado na revista Nature em 2020. Nele, o uso da Inteligência Artificial na análise de exames resultou em uma redução de 2,7% nos falsos negativos de câncer de mama.

Um estudo recente realizado na Suécia em 2023 reforçou o papel da IA na triagem de mamografias, destacando sua eficiência. Publicado no The Lancet Oncology, o estudo apontou um aumento de cerca de 20% na detecção de câncer de mama. Além disso, houve uma redução significativa de aproximadamente 44% na carga de trabalho dos radiologistas, já que a IA direciona as análises mais detalhadas, sem substituir os especialistas.

No entanto, apesar do enorme potencial assistencial, o uso da IA traz riscos significativos: um erro mínimo pode ser fatal. Por isso, é fundamental que a aplicação da IA venha acompanhada de regras claras, definição precisa de responsabilidades e condições rigorosas para mitigar erros e garantir segurança no processo.

Ao analisarmos processos operacionais sob o prisma da eficiência, encontramos um vasto campo de oportunidades. Ferramentas de IA já estão sendo amplamente utilizadas em áreas como processamento de linguagem natural (NLP) e robôs de automação (RPA), permitindo a automatização de tarefas repetitivas, como faturamento, autorizações de procedimentos e agendamento de pacientes. 

Nos Estados Unidos, operadoras de saúde têm alcançado ganhos relevantes em eficiência operacional. Por exemplo, segundo dados da Productive Edge, o uso de IA possibilitou uma redução de até 30% no tempo gasto em aprovações administrativas. (Fonte: Productive Edge).

Benefícios e riscos do uso das IAs

No entanto, a aplicação da IA na operação vai além da simples redução de tempo. Ela também melhora a qualidade das informações processadas, especialmente em contratos entre prestadores e operadoras ou entre prestadores e profissionais. Esses contratos frequentemente apresentam cláusulas complexas que impactam diretamente os processos de faturamento e pagamento. 

Diversos modelos e padrões de contratação, quando mal registrados em sistemas ERP, podem levar a inconsistências no fluxo, desde faturamentos incompletos até ciclos mais longos de glosas. Apesar de ser uma demanda crescente no mercado, o uso da IA para solucionar esses desafios ainda é limitado.

Embora as soluções de IA sejam amplamente divulgadas, sua implementação deve ser pautada pelo foco em problemas específicos de negócio e pela realidade operacional de cada organização. Não existe uma “bala de prata” que resolva tudo automaticamente.

O setor de saúde é diverso, e cada operação requer uma abordagem personalizada para alcançar resultados consistentes. Assim, cabe aos gestores entender o potencial da IA e direcionar esforços para soluções que estejam alinhadas com as necessidades específicas da sua operação, garantindo impactos positivos e sustentáveis.

Alexandre Sgarbi, Diretor da Peers Consulting & Technology.

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