O impacto da experiência do colaborador na Saúde Mental

A experiência do cliente é algo levado a sério por qualquer empresa que queira manter a competitividade em tempos de crise. No entanto, para quem não é da área de Recursos Humanos pode ser muito difícil associar um colaborador a um cliente, mas isso é algo que precisa ser feito se as empresas quiserem continuar crescendo.

Mas essa experiência não pode mais estar restrita à oferta de benefícios atraentes ou salário acima da média. Para, de fato, conseguir uma equipe altamente engajada, é necessário personalizar a experiência do colaborador, cujas prioridades já não são mais as mesmas de antes da pandemia.

Se antes das mudanças ocasionadas pela crise, os profissionais buscavam um retorno financeiro compatível com seu estilo de vida na hora de procurar uma recolocação, com o surgimento de novos modelos de trabalho que forçaram um distanciamento social, a saúde mental passou a estar no topo das escolhas pessoais e profissionais.

Um estudo feito pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da FGV em parceria com o Institute of Employment Studies (IES) entre junho e agosto de 2020 mostrou o impacto do home office na saúde mental dos profissionais. 45,63% dos trabalhadores apresentaram baixos níveis de bem-estar e saúde mental e apenas 15,9% alegaram ter recebido suporte das empresas para trabalhar em casa.

Um outro estudo, da Vittude, uma empresa de psicologia online e saúde emocional corporativa, em parceria com a Opinion Box, revelou que as razões podem ter sido justamente a sobrecarga de funções. 33% dos respondentes disseram ter acumulado funções e outros 32% viram o nível de concentração e foco piorarem após as medidas de isolamento.

Longe de colocar o home office como o vilão da história, é urgente que as empresas repensem a experiência dos colaboradores dentro dos novos modelos de trabalho, que não devem retroceder. A falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional não pode mais se tornar um hábito entre os adeptos desse regime.

Oferecer uma experiência, contudo, não se restringe apenas ao processo de recrutamento. Essa deve ser uma jornada contínua, sem prazo de validade e abranger todo o ciclo de vida do colaborador. É fato que não existe uma receita de bolo pronta para todas as empresas, pois cada uma tem suas próprias particularidades, e são essas diferenças que tornam a análise de métricas e KPIs ainda mais importantes.

Mas quais dados são importantes e o que medir? Apesar de parecer clichê, toda ação empregada revela traços da personalidade e comportamento, desde um simples registro de ponto e controle de frequência até os feedbacks e pesquisas de clima.

Automatizar todas as etapas da jornada do colaborador pode trazer insights importantes que, certamente, contribuirão para identificar problemas antes que se traduzam em afastamentos ou demissões.

Mas, ao mesmo tempo em que é necessário obter um controle das ausências, absenteísmo, licenças médicas e faltas, é também muito importante utilizar as tecnologias como solução e não apenas diagnóstico. Elas podem e devem ser utilizadas para promover o engajamento, a troca de ideias e encorajar uma comunicação transparente entre líderes e colaboradores.

A tecnologia se tornou parte da sobrevivência das empresas e no RH é essencial, mas as conexões humanas não podem desaparecer. É preciso encontrar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e as relações pessoais para que os avanços obtidos pela transformação digital não resultem em um retrocesso na Gestão de Pessoas.

Paulo Oliveira, gerente de marketing da Apdata.

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