Mapeamento da Covid-19 em São Paulo inicia segunda etapa com apoio do Todos pela Saúde

Teve início a nova fase da pesquisa de mapeamento para identificar a proporção da população que possui anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2 na cidade de São Paulo, agora com financiamento do Todos pela Saúde.

Após o término do projeto-piloto, ocorrido em maio, o agora nomeado ‘SoroEpi MSP – Inquéritos soroepidemiológicos seriados para monitorar a prevalência da infecção por SARS-CoV-2 no Município de São Paulo’ será mais abrangente. A pesquisa cobrirá todo o município de São Paulo. Serão seis coletas seriadas, com visitas a 1.440 domicílios a cada etapa. Os resultados serão divulgados após cada etapa.

A partir dos resultados será possível estimar o percentual de pessoas infectadas pelo novo coronavírus residentes na cidade ao longo dos próximos seis meses ou enquanto persistir a pandemia. O projeto SoroEpi MSP, que também ganhou um site https://www.monitoramentocovid19.org/, tem o objetivo de subsidiar políticas públicas de prevenção e controle da pandemia da COVID-19, oferecendo informações robustas sobre o percentual de pessoas já infectadas que poderão estar, pelo menos em parte, protegidas contra o coronavírus. Estas informações são importantes para que as autoridades de saúde possam tomar decisões acerca das ações de combate ao vírus, ainda mais neste momento em que o relaxamento das medidas de distanciamento social vem sendo implantado na cidade de São Paulo.

A pesquisa é um projeto conjunto entre cientistas e médicos renomados com o apoio do Grupo Fleury, IBOPE Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde – iniciativa lançada pelo Itaú Unibanco para enfrentar a COVID-19 e seus efeitos sobre a sociedade brasileira.

O estudo consiste em aplicar o teste sorológico para o diagnóstico da infecção pelo SARS-CoV-2 por meio da coleta de sangue que é processado e usado na detecção de anticorpos específicos para o vírus. Com os resultados destes testes, será possível estimar a fração de pessoas que já foram infectadas e que poderiam estar imunes ao vírus causador da doença.

A primeira ação dessa segunda etapa do estudo em campo, que teve início na ultima segunda-feira, dia 15, terá duração de dez dias corridos. O intuito é abordar 1.440 domicílios que foram sorteados para esta etapa, para realizar as entrevistas e a coleta de exames com todos os seus moradores. As visitas serão realizadas por um entrevistador do IBOPE Inteligência, que aplicará um questionário, e um enfermeiro da a+ Medicina Diagnóstica, marca do Grupo Fleury, que será responsável pela coleta de sangue.

As amostras de sangue serão processadas e analisadas pela área técnica do Grupo Fleury por metodologia de identificação sorológica que irá apontar os indivíduos que ainda não tiveram contato com a doença e os que já produziram anticorpos para o SARS-CoV-2, inclusive podendo ter sido assintomáticos ou oligossintomáticos.

“Desta vez, com uma pesquisa que tem expectativa de ser realizada ao longo dos próximos seis meses e com uma abrangência muito maior de amostragem, conseguiremos identificar qual é a nova situação real da epidemia na cidade, o que será muito valioso para adoção de políticas públicas de saúde para a capital”, analisa Dr. Celso Granato, infectologista e diretor Clínico do Grupo Fleury, também pesquisador líder do projeto.

Seleção de domicílios

A cidade de São Paulo é composta por 96 distritos, distribuídos em seis regiões: Centro, Oeste, Sul, Sudeste, Leste e Norte. Para alcançar uma amostra de resultados que represente uma cidade de 11,8 milhões de habitantes, sendo 8,4 milhões com 18 anos ou mais, foram selecionados 120 setores censitários, que são unidades territoriais básicas dos Censos Demográficos do IBGE, sendo que dentro de cada setor também foram sorteados 12 domicílios, totalizando 1.440 residências.

Os moradores dos domicílios sorteados serão informados sobre a possibilidade de participação na pesquisa por meio de uma carta do IBOPE Inteligência e contarão com um canal para esclarecimento de eventuais dúvidas. Os indivíduos elegíveis para o estudo deverão ter 18 anos de idade ou mais e estarem em condições de entender a pesquisa e consentir a participação. Será mantido o anonimato de todos que participarem da pesquisa. Diferentemente do que ocorreu no projeto-piloto, todos os habitantes do domicílio sorteados farão parte da amostragem e serão convidados a participar da pesquisa. Como foi no projeto-piloto, os indivíduos serão informados dos resultados de seus exames – e não haverá pagamento de qualquer natureza para os participantes do estudo, seja para a coleta ou disponibilização do resultado do teste.

“A participação dos paulistanos nessa pesquisa é muito importante para contribuir com os trabalhos para entender a proliferação da COVID-19 na cidade. Todos os envolvidos neste estudo estão empenhados para ajudar com informação relevante em um momento tão delicado como o que estamos vivendo no País, o segundo com mais casos confirmados no mundo”, enfatiza Márcia Cavallari Nunes, CEO do IBOPE Inteligência.

A partir dos resultados dos testes sorológicos de diagnóstico da COVID-19 e das respostas do questionário pelos indivíduos, as prevalências de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 serão estudadas por meio de estimativas da fração da população que já foi infectada, levando-se em consideração os aspectos complexos do plano de amostragem (sorteio de conglomerados, estratificação e ponderação).

“A importância do projeto é que trará informações sobre a extensão da infecção na população em geral do município de São Paulo, pois trata-se de um estudo de base-populacional por amostragem probabilística. Além disso, ao serem realizadas medidas seriadas da proporção da população que já se infectou e produziu anticorpos contra o SARS-CoV-2, as autoridades sanitárias poderão monitorar a progressão da pandemia, inclusive prever novas ondas de aumento de casos graves da COVID-19”, afirma Dra. Beatriz Tess, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Estima-se que a imunidade coletiva entre 60 e 80% dificulta a transmissão do SARS-CoV-2. Nesse percentual, acredita-se que o vírus até consegue migrar de uma pessoa para outra, mas encontra, na maioria dos casos, um ser humano anteriormente infectado e, portanto, capaz de produzir anticorpos contra esse vírus, findando o contágio e permitindo o fim do isolamento.

A cada fase, os dados obtidos com a pesquisa do SoroEpi MSP serão compartilhados com outras autoridades de saúde e instituições de pesquisa e divulgados amplamente após o término do estudo, bem como serão posteriormente publicados em revistas científicas, sempre garantindo a confidencialidade dos dados pessoais dos participantes.

“Os resultados alcançados pelo projeto-piloto nos possibilitaram contar com o apoio de mais parceiros, como o Todos pela Saúde, o que será fundamental para expandir a abrangência do estudo e ampliar o conhecimento sobre a evolução da pandemia na cidade de São Paulo. Para isso é essencial, também, a colaboração das pessoas selecionadas para participar da pesquisa, abrindo suas casas para os pesquisadores e participando da coleta”, avalia Pedro Passos, presidente do Conselho de Administração do Instituto Semeia, organização apoiadora da pesquisa.

“Os resultados alcançados pelo projeto-piloto nos possibilitaram contar com o apoio do Todos pela Saúde, o que viabilizará a expansão da abrangência do estudo. Esperamos que a sistematização do conhecimento gerado sobre a evolução da pandemia auxilie na tomada de decisões conscientes, não apenas no Município de São Paulo, mas em outras regiões do Brasil”, avalia Pedro Passos, presidente do Conselho de Administração do Instituto Semeia, organização apoiadora da pesquisa.

Resultados do projeto-piloto

Em maio de 2020, o projeto-piloto identificou na análise final dos dados que 4,8% (Intervalo de Confiança de 95%: 2,6-7,0%) das pessoas residentes nos bairros Água Rasa, Bela Vista, Belém, Jardim Paulista, Morumbi e Pari, equivalente a uma população de 298.240 habitantes, já tiveram contato com o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Os moradores dessas regiões foram selecionados para participar do projeto e fizeram exame de sangue para identificação de anticorpos contra o vírus. Os seis distritos foram selecionados pelo projeto por apresentarem as mais altas taxas de casos e/ou óbitos da capital naquele momento.

Foram selecionadas aleatoriamente 1.049 residências localizadas nesses seis distritos e, segundo os resultados desta fase, um total de 299 residências participaram da pesquisa, tendo sido testadas 517 pessoas. Considerando a prevalência ajustada para o desenho do estudo de 4,8%, ao se fazer uma extrapolação para a população adulta residente nos distritos incluídos na pesquisa, estima-se que 14.017 indivíduos foram infectados e têm anticorpos contra o novo coronavírus. Com esta projeção para a população em geral e o número de óbitos nos seis distritos durante a coleta de dados, pode-se calcular a letalidade da infecção, que foi estimada em 0,95%.

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