Um superfungo vem preocupando nos últimos anos ao se espalhar silenciosamente pelo mundo. Trata-se do Candida auris, que ganhou destaque devido à sua resistência a medicamentos antifúngicos e à capacidade de causar infecções graves em pacientes vulneráveis.
A confusão entre Candida auris e outras espécies de fungos pode afetar o tratamento da infecção de diversas maneiras, como atraso no diagnóstico, uso inadequado de medicamentos e agravamento da infecção. Portanto, laboratórios, clínicas e hospitais precisam estar preparados e capacitados para oferecer exames que identifiquem sua presença com precisão e acelerem o tratamento.
“A principal preocupação com o aumento da incidência do Candida auris é a ausência de tratamento direcionado, já que se trata de um microrganismo multirresistente, podendo levar a pessoa à morte”, explica Alex Galoro, líder do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
O fungo foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, e depois se espalhou por países na Europa, África, Ásia, Oceania e nas Américas. No Brasil, os primeiros casos de infecção foram conhecidos em dezembro de 2020. Em 18 de maio deste ano, foi confirmado o primeiro caso, no estado de São Paulo, de um bebê no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já no estado de Pernambuco, nove casos foram registrados em 2023.
Como o fungo é detectado?
Os exames de cultura de urina e outras secreções são responsáveis por revelar o crescimento de microrganismos dentro do corpo. Uma vez confirmado, é realizado outro procedimento para identificar a bactéria ou o fungo que está agindo.
Isso pode ser feito de duas formas. Uma delas é por meio de provas bioquímicas, que são testes laboratoriais para caracterizar esses microrganismos, de acordo com seu metabolismo. O segundo modo é por meio de uma tecnologia de ponta chamada espectrometria, amplamente aplicada na identificação de moléculas em amostras biológicas.
“Durante esse processo é possível distinguir, por exemplo, a Candida albicans, a espécie mais comum, de outros tipos. Não é padrão fazer exame de sangue para identificar Candida auris, pois ela é encontrada com mais frequência no trato urinário”, esclarece Galoro.
Pelo exame, o crescimento do microrganismo pode ser constatado em até 48 horas. Já o tipo de bactéria ou fungo leva de quatro a 12 horas na técnica de espectrometria e de 12 a 24 horas no caso de provas bioquímicas. “O método mais avançado tem disponibilidade restrita, pelo valor da tecnologia, mas a rapidez no resultado permite direcionar os cuidados adequados ao paciente em menor tempo”, conta Galoro.
Ele ressalta que os associados à Abramed seguem rigorosos protocolos de qualidade e possuem infraestrutura adequada para oferecer um diagnóstico preciso, nas duas técnicas apontadas.
Além disso, essas empresas seguem as boas práticas de laboratório, controle e garantia da qualidade. “A competência dos associados da Abramed também se reflete na capacidade de interpretar corretamente os resultados e fornecer informações relevantes aos médicos e profissionais de saúde”, acrescenta o coordenador do Comitê de Análises Clínicas.
Sintomas e tratamento
Os sintomas de alguém com Candida auris são típicos de uma infecção. Por exemplo, no caso de uma infecção urinária, são: dor ao urinar, aumento da frequência para ir ao banheiro e, eventualmente, febre. “Os pacientes internados em hospitais, mais propensos a ter o fungo, podem não ter sintomas, ou apenas estar colonizados. O diagnóstico é feito por culturas de monitoramento de infecções hospitalares”, explica Galoro. Ou seja, o alerta maior é para pacientes vulneráveis e hospitalizados.
A maioria das infecções causadas por Candida auris é tratada com um tipo específico de medicamento antifúngico chamado equinocandinas. No entanto, há casos em que essa infecção é resistente e não responde de maneira favorável, o que torna o tratamento difícil. Portanto, é necessário recorrer à administração de múltiplas classes de antifúngicos em doses elevadas para combater a infecção.