De acordo com um estudo do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), maior organização técnico-profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, o metaverso foi apontado como uma das principais tendências para 2023. E diferente de muitos setores que ainda buscam os caminhos para aplicar a novidade, a área de educação em saúde avança para a etapa de aperfeiçoamento e evolução de soluções que já são uma realidade para os estudantes nos primeiros anos de universidade.
Para Vinícius Gusmão, CEO da MedRoom, edtech que fornece soluções para ambientes virtuais de ensino em saúde, a tecnologia permite ao aluno chegar o mais perto possível da realidade vivenciada na profissão. Ele cita dados da PwC que apontam que pessoas treinadas com a utilização da realidade virtual (VR) podem ficar até 275% mais confiantes para agir com o que aprenderam a partir do uso da ferramenta, o que pode trazer uma melhora de 40% no aprendizado.
“Os estudantes hoje têm a oportunidade de serem colocados frente a frente a casos clínicos virtuais customizados ambientados no metaverso. Isto é, por meio de simulações reais para ações do dia a dia de docentes e discentes de medicina, a nova tecnologia oferece situações que permitem a prática e a experiência mais próxima da realidade para potencializar o conhecimento dos professores e um melhor aprendizado dos alunos”, explica Gusmão.
Entre as principais funcionalidades do metaverso que já são realidade nas salas de aulas das escolas de medicina de todo o Brasil, Gusmão cita o laboratório de anatomia humana em realidade virtual e a simulação de consultas virtuais da MedRoom. “Nós possuímos um dos mais completos modelos do corpo humano em 3D do mundo e usa a realidade virtual para possibilitar uma experiência mais profunda e interativa do aprendizado.”
Segundo ele, o ambiente metaverso da edtech permite a simulação de experiências destinadas a treinamentos na área da saúde, como diagnóstico em pacientes virtuais gerenciados por meio da inteligência artificial (IA). Com isso, os alunos já aprendem a fazer diagnósticos logo nos primeiros anos de estudo.
Para viabilizar esse tipo de imersão no metaverso, a edtech traça um perfil socioeconômico do paciente virtual, em que consta informações como profissão, estado civil, características físicas e de saúde. O atendimento virtual no consultório ocorre por meio da narração de uma ocorrência de mal-estar vivenciada pelo personagem, o que o leva a buscar por atendimento médico. Na consulta, que é realizada pelo aluno imerso no ambiente com óculos de realidade virtual, é feita a anamnese. Ou seja, uma entrevista é realizada pelo profissional de saúde para entender os sintomas narrados pelo paciente, bem como a realização de exames para chegar a um diagnóstico assertivo.
Gusmão diz que a ferramenta não só ajuda a diminuir a curva de aprendizado em diversas Instituições de ensino em saúde, como permite que os estudantes treinem e apliquem na prática seus conhecimentos. E com isso, desenvolvem atributos que são essenciais para os profissionais de saúde, como a análise, o conhecimento e a empatia com a pessoa que está à sua frente.
“As vantagens que eu vejo hoje com relação ao modelo em 3D é que, nas aulas, por mais que tenhamos o corpo real, não conseguimos, às vezes, fazer com que o aluno entenda essa tridimensionalidade das peças. isso é uma grande vantagem da ferramenta”, aponta o professor e médico anatomista, Paulo Gonzales.
Além disso, no laboratório de anatomia humana em realidade virtual, o Atrium, os alunos podem estudar livremente o corpo humano, explorar cada estrutura, isolar órgãos e sistemas de uma maneira nunca antes vista. Desse modo, o metaverso permite aos acadêmicos chegarem o mais perto possível da realidade vivenciada na profissão e, consequentemente, reduzir possíveis erros médicos no futuro.
“Nós fomos nos adaptando às mudanças tecnológicas e inovações impostas no cenário que estamos vivendo. Com todas as novidades, o caminho para o metaverso começou a ficar mais claro e tangível. Agora não trabalhamos só com VR, mas também com a web e o aplicativo de celular. Como todo esse universo que criamos é interligado e funciona para momentos diferentes do aprendizado”, finaliza Gusmão.