WhatsApp: Quem usou a ferramenta para se informar teve mais resistência à vacinação, aponta estudo

A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus foi prevista por uma startup canadense em 31 de dezembro de 2019 por meio de inteligência artificial. Já naquele momento inúmeros casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na China, foram detectados por algoritmos, que acendeu imediatamente um alerta para a repetição dos padrões, que se assemelhavam ao surto de SARS em 2003. Por isso unindo algoritmo em prol da saúde a Ilumeo, a consultoria de Data Science em parceria com a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), desenvolveu o método de pesquisa Delfos Vacinas, usando tecnologia para transformar dados em inteligência e traçar um perfil das pessoas que tendem a preferir determinadas marcas de vacinas e apresenta mais uma vertente da pandemia: como esse comportamento pode atrasar o avanço da imunização.

Analisando esse momento, em que a redes sociais fazem parte da rotina da maioria dos brasileiros, a pesquisa identificou que as redes sociais, que são fontes de informações para a grande maioria dos brasileiros, dão ainda mais força para movimentos como o dos “sommelier de vacinas”, que recebeu notoriedade durante a campanha de vacinação no Brasil, uma vez que facilitam o compartilhamento de fake news, influenciando a meta de vacinação no Brasil. WhatsApp e Youtube são as principais fontes de informação das pessoas sobre a vacina durante a pandemia, com 70% e 66% dos entrevistados se informando por esses meios, respectivamente, seguido do Instagram com 56%.

Em último lugar estão os jornais e revistas impressos com 7%. A difusão de informações falsas sobre as vacinas pode desencorajar as pessoas de tomarem suas doses quando chegar o momento. Quem não se informa por meios credíveis de informação têm uma maior preferência e rejeição por determinadas marcas. AstraZeneca e CoronaVac se desenvolvem melhor, 48% e 37% respectivamente, que Janssen e Pfizer, 3% e 12% respectivamente, ao passar de conhecimento superficial para o mais profundo. “Esse estudo pretende alertar a associação entre o aumento da desinformação e a lentidão da cobertura vacinal. Embora seja uma porcentagem muito pequena de pessoas que se recusam a vacinar, essa realidade existe. Com a informação correta garantimos a manutenção da saúde de todos. A melhor vacina contra a covid é aquela que vai no braço”, ressalta Freire.

A maior parte da amostra (86%) dos respondentes reporta utilizar o WhatsApp em alta frequência para atualização. O aplicativo é uma forma passiva de receber informações e, quando seu uso não é acompanhado pela verificação dos fatos em uma fonte com credibilidade, facilita a difusão de notícias falsas e incompletas. Essa dinâmica pode ser observada na substancial perda de respondentes ao longo do funil. À medida em que a utilização conjunta de WhatsApp e sites de notícia (uma fonte credível) diminui, o conhecimento profundo acerca das vacinas diminui também.

A dinâmica observada nos funis, para além de diferentes preferências entre as marcas, é a diferença em conhecimento das vacinas, seja superficial ou profundo. Os perfis mais progressistas e não negacionistas tendem a apresentar um maior conhecimento de todas. Independente do espectro político, a maior tendência em escolher uma vacina será dos negacionistas. A não preferência por uma vacina será maior para os não negacionistas. Isso é uma evidência da relação entre a credibilidade da vacina e percepção de qualidade da mesma. Mesmo assim, apresentam conversões menores para preferência.

Quando comparado o poder de influência do aplicativo de mensagens, a pesquisa da Ilumeo trouxe que, da porcentagem de respondentes que não rejeitavam nenhuma das vacinas, 89% utilizava do WhatsApp como fonte de informações sobre a pandemia, enquanto 82% os sites de notícias. Contudo, conforme se dava o aumento da frequência da atualização nesses canais, mais resistente o usuário se tornava para alguma das vacinas disponíveis. Enquanto para os usuários de WhatsApp esse valor caiu para 82% conforme a frequência aumentou, o número daqueles que não rejeitavam nenhuma vacina e utilizavam os sites de notícias caiu apenas 2%, de acordo com o estudo.

Desenvolvida pela Ilumeo, “Delfos” é uma metodologia de brand tracking para mensurar a saúde e a força das marcas, a partir de uma série de teorias amplamente reconhecidas e validadas na comunidade científica internacional, cumprindo o papel de movimentar questões de negócio avaliando pontos como satisfação, recomendação e lealdade. “O ponto central que torna Delfos tão inovador é que, mais do que apenas o retrato da marca em si, essa ferramenta possibilita uma avaliação ainda mais assertiva sobre o impacto potencial que a marca pode provocar nos negócios, permitindo tomadas de decisões mais estratégicas e também gestão de possíveis crises”, comenta Otávio Freire, sócio da Ilumeo.

Os atributos avaliados pela pesquisa derivam de escalas de personalidade e tipologia de marca. Também foi avaliado o efeito país de origem de cada vacina. De artigos publicados na área da saúde foram extraídos o Índice de Confiança em Vacinas e uma escala de preocupação com efeitos adversos. “Fazemos isso por meio da construção de um modelo de equações estruturais, um conjunto de diversos algoritmos de computador, métodos estatísticos e modelos matemáticos que trabalham juntos para que se possa compreender a estrutura de inter-relações entre diferentes construtos [fatores não observáveis ou latentes representados por múltiplas variáveis”, completa o sócio e head da Ilumeo, Otávio Freire.

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