A pandemia acelerou o mercado de telerradiologia veterinária, um serviço que encontrava espaço há alguns anos no país. Com isso, as clínicas puderam fornecer diagnósticos de qualidade a tutores que evitaram deslocamentos em meio aos protocolos de distanciamento social. A ferramenta permite que laudos de exames de imagem sejam feitos com certificação após a avaliação presencial e, em seguida, sejam enviados diretamente para o veterinário e para o responsável pelo animal.
O mais antigo Centro de Diagnóstico Veterinário da América Latina, a Provet, usa a plataforma da Dr. TIS há três anos. Além dos exames presenciais, a instituição paulistana oferece o serviço de telerradiologia para 30 clínicas em todo o país — ou seja, estabelecimentos que não possuem um radiologista presente podem, após fazer o exame, encaminhar a imagem para avaliação de um profissional qualificado via plataforma e receber o laudo em qualquer parte do Brasil.
Conforme o responsável técnico da Provet, o radiologista veterinário Carlo Grieco, houve crescimento de 20% no número de exames por telerradiologia, ou seja, laudos feitos à distância, no primeiro trimestre de 2021. Responsável pelo setor de imagem do centro, o especialista afirma que a pandemia também impulsionou os atendimentos remotos. “O número de exames mensais deu um salto incrível. Realizamos mais que o triplo de atendimentos registrados antes da pandemia”, conta.
Novas possibilidades
O aumento no número de exames por telerradiologia abriu espaço para outro serviço: o de armazenamento de imagens na nuvem. “Após a realização do exame no animal, todas as imagens ficam armazenadas de forma segura, sem necessidade de manutenção de servidores e equipes de TI”, explica Jihan Zoghbi, presidente da Dr. TIS. A startup, que desenvolve sistemas para área de saúde desde 2016, oferecia a plataforma para 60 clínicas quando o novo coronavírus chegou. Entre março e dezembro de 2020 viu o número de contratos crescer 43%, chegando a quase 90 clientes diretos.
Hoje, o produto chamado PACS Vet corresponde a uma fatia de 40% do faturamento da healthtech — que também trabalha com telerradiologia e telemedicina para pessoas. “Montamos um produto com todos os parâmetros veterinários para atendimento específico de animais, o que facilita a análise e dá precisão no diagnóstico. Não é uma plataforma de prateleira. É customizada para cada cliente”, relata o analista de Suporte e Implantação da Dr. TIS, Franklin Consoli Bertanha.
Tecnologia que agrega resultado
O CEO da CHC Imagem, Vitor Molina, usa a telerradiologia e o sistema PACS Vet há quatro anos. Molina viu o número de atendimentos crescer 25% em 2020. E agora, no primeiro trimestre de 2021, comemora aumento de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo Molina, o resultado se deve, especialmente, pela atuação junto a unidades móveis. “Os tutores queriam evitar a circulação entre hospitais, clínicas e centros de diagnósticos. Por isso, preferiam acionar equipes volantes para fazer os exames no local onde o animal já estava em atendimento”, aponta. Segundo o executivo, o comportamento se refletiu no faturamento: alta de 30%, valor recorde desde a inauguração da empresa, em 2012.
Para Jihan Zoghbi, o uso da ferramenta vai crescer no pós pandemia. “Muitas clínicas precisaram implementar o serviço de forma acelerada e apostaram nos nossos diferenciais: um sistema que pode ser acessado de qualquer computador, smartphone ou tablet — sem necessidade de aplicativo, personalizado de acordo com os serviços prestados e com dados criptografados de ponta a ponta — que seguem à risca as normas da Lei Geral de Proteção de Dados”, detalha a presidente. “Apenas profissionais autorizados conseguem acessar o laudo e encaminhar ao cliente final. Tudo online. Depois de testar e ver o resultado, a tendência é que o uso se popularize”.
Evolução que vem para ficar
Na Semeve, o primeiro hospital veterinário da Bahia, os serviços de radiologia à distância são utilizados apenas em unidades próprias. “Oferecemos a telerradiologia há três anos e, quando a pandemia chegou, já estava tudo implementado. Foi mais fácil para se adaptar. Conseguimos manter um número bem reduzido de profissionais em regime presencial sem prejudicar o atendimento”, explica a médica veterinária Kátia Requião.
Com a possibilidade de acessar a plataforma de qualquer lugar, os especialistas do grupo de risco ficavam em regime de home office e acessavam, de casa, os exames feitos presencialmente. O laudo e a imagem eram enviados pela internet. “Importante, também, o fato de garantirmos o armazenamento da imagem para nosso cliente sem necessidade de servidores. É uma tranquilidade, além da redução de custos, claro”, conta Kátia. “A rotina funcionou tão bem para o hospital durante a pandemia — percebemos uma alta no rendimento — que devemos seguir com regime híbrido de trabalho”, conclui.