O setor de hospitais e clínicas de transição tem crescido exponencialmente no Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (Abrahct) entre seus associados, nos últimos cinco anos, houve um aumento 101,6% no número de leitos dedicados a essa modalidade de cuidado. Atualmente são 2.745 leitos, contra 1.361 existentes em 2018. A perspectiva é de que esse número siga em ascensão, chegando a quase 3,3 mil leitos nos próximos anos. A Abrahct representa 72% das unidades de transição presentes no mercado.
Os hospitais de transição surgiram na América do Norte e Europa no final da década de 1980. O objetivo era atender às necessidades de continuidade de cuidados em ambiente hospitalar de pacientes com perdas funcionais e alto grau de dependência. Já por aqui, esse é um conceito relativamente novo. As primeiras unidades começaram a surgir a partir da década de 2000.
Os dados atuais do Brasil destacam-se como um contraste em relação a nações mais desenvolvidas no tema, como Estados Unidos, Alemanha e Canadá. Segundo a entidade, os sistemas de saúde desses países possuem mais de 200 leitos de transição para cada mil leitos de cuidados agudos, resultando em uma proporção de 1.800 leitos de transição para cada mil leitos de cuidados agudos nos EUA. Entretanto, no caso brasileiro, essa proporção é inferior, demonstrando uma diferença significativa na capacidade de atendimento e cuidados médicos. A presença dos hospitais e clínicas de transição restringe-se a seis estados mais o Distrito Federal. Hoje a maior concentração — nove em cada dez desses leitos — está na região Sudeste, sendo que 62,6% deste total estão localizados em São Paulo.
No entanto, a continuidade dos cuidados e os hospitais e clínicas de transição têm conquistado uma relevância muito grande, especialmente, no caso de pacientes que enfrentam problemas agudos e pós-agudos. Embora o hospital de transição tenha um lado importante de desospitalização, redução de custo, planejamento assistencial, e até mesmo seja uma alternativa viável para as operadoras reequilibrarem suas contas, ele também traz inúmeros benefícios para os pacientes. “O custo de uma internação hospitalar é muito maior do que numa unidade de transição. Chega a ser quatro ou cinco vezes mais oneroso”, explica Frederico Berardo, presidente da Abrahct.
O que é um hospital de transição e onde se encaixa na jornada do paciente?
Trata-se de uma modalidade diferente da internação domiciliar, que também não pode ser confundida com asilos, que se destina a pacientes crônicos, em reabilitação, cuidados paliativos ou em observação médica contínua. “Quando definimos o que é o hospital de transição, devemos sempre pensar em uma espécie de ponte entre o hospital e a casa do paciente. Sua função é proporcionar um cuidado de qualidade, recorrendo a todos os recursos necessários. Assim, evita que se mantenham internados em um hospital de alta complexidade sem real necessidade”, ressalta Berardo.
Os hospitais e clínicas de transição são uma camada intermediária entre os hospitais de cuidados agudos e os modelos de atenção domiciliar. Geralmente fornecem serviços de reabilitação, tratamento pós-operatório, cuidados paliativos e suporte para pacientes com doenças crônicas ou incapacidades. Essas instituições ajudam a garantir que os pacientes façam a transição para um ambiente de cuidados menos intensivos com segurança e eficácia, prevenindo readmissões hospitalares desnecessárias e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Por esse perfil, normalmente é um local de curta duração — porém algumas vezes pode ser também de média e longa permanência, em especial para as pessoas que precisam de cuidados paliativos. O hospital de transição encaixa-se na jornada do paciente fornecendo um ponto de transição importante entre o tratamento agudo em um hospital e o cuidado em casa ou em outro ambiente de cuidados prolongados.