Videovigilância inteligente é crucial à segurança hospitalar

A segurança nos hospitais é um requisito fundamental para proporcionar um ambiente propício às equipes médicas, operacionais e administrativas, e assim permitir que o atendimento à população ocorra sempre em boas condições. Todo cidadão espera poder contar com um hospital devidamente equipado, com os recursos adequados para atendê-lo nas diferentes fases de seu tratamento de saúde. Esses estabelecimentos, públicos e privados, são, portanto, indispensáveis e seu funcionamento adequado deve ser uma prioridade para as administrações e cidades inteligentes.

A segurança inteligente pode integrar diferentes sistemas e dispositivos dos hospitais, e assim viabilizar uma solução avançada que utiliza dados para potencializar o bem-estar e a tranquilidade de quem trabalha e de quem necessita dos serviços médicos. Nessa perspectiva, a tecnologia de vídeo baseada em dados já vem sendo utilizada para melhorar a eficiência nos hospitais, por meio de plataformas de software que atendem aos aspectos físico e lógico da segurança, otimizando desde a gestão dos acessos físicos aos espaços por meio da visualização e controle de fluxo de pessoas, até a gestão e controle de outros tipos de dispositivos de técnicos, operacionais e de TI, por meio da integração de sistemas.
Neste artigo serão abordados exemplos e argumentos que indicam como a combinação dessas tecnologias proporciona uma solução poderosa e eficaz, que agrega inteligência à gestão e à segurança nos estabelecimentos hospitalares.

Plataformas de VMS como base para a integração de sistemas

Em geral, um sistema de vídeo vigilância é composto por um conjunto de câmeras estrategicamente localizadas, e as imagens captadas por esses dispositivos são armazenadas em servidores locais ou em nuvem, para serem visualizadas e analisadas pelas equipes de segurança, por meio de um software de gerenciamento de vídeo ou VMS (Video Management System).

Alguns VMS são baseados em uma plataforma de arquitetura aberta, possibilitando sua compatibilidade com câmeras de inúmeros fabricantes e a capacidade de integrar outros tipos de hardware, como sensores, alarmes, botões de pânico, etc., além de dispor de outras funcionalidades evoluídas. As possibilidades de integração dessas plataformas permitem ampliar evolutivamente a capacidade e a inteligência do sistema.

A título de exemplo, as centrais de alarme contra intrusão, quando integradas ao VMS possibilitam agregar e registrar ao sistema, dados de múltiplos dispositivos, como os mini transmissores sem fio, disponíveis para uso como “botão de pânico”, ou de tipo “homem caído”, muito úteis em casos de incidentes e acidentes.

Já os sensores de alerta sonoro com microfones embutidos, quando integrados ao VMS, detectam e sinalizam eventos relacionados à quebra de vidros, gritos, explosões ou tiros, e possibilitam ativar a visualização da câmera situada à proximidade, para que às equipes do hospital atuem de forma rápida e inteligente. Outro exemplo significativo é o dos sensores de oxigênio, que têm uma função vital no monitoramento de pacientes ventilados, e podem enviar alertas ao VMS em casos de apneia ou ronco durante o sono, ou ainda se o nível de oxigênio do gás respirado não estiver adequado.
Em suma, as vantagens da integração são múltiplas, seja em modo unidirecional ou bidirecional entre a plataforma de vídeo — VMS e os demais sistemas, possibilitando otimizar os múltiplos processos e até mesmo salvar vidas nos hospitais.

Recursos avançados com a análise de vídeo

Utilizando alguns recursos de análise de vídeo disponíveis nas modernas câmeras IP, como a detecção de máscara, a termografia ou a detecção de cruzamento de linha, as plataformas de VMS, agregam todas essas informações e disponibilizam importantes dados para os operadores. O sistema pode enviar notificações automáticas às equipes de atendimento médico para situações envolvendo o descumprimento de uma regra, como a utilização obrigatória de máscaras ou o distanciamento mínimo autorizado. Além disso, esses recursos podem servir para elucidar casos de furto internos envolvendo medicamentos e insumos hospitalares, bem como para eventuais situações de vandalismo.

Essas tecnologias podem ser extremamente úteis nas situações de emergência, incluindo os sinistros por fogo, pois alguns modelos de câmeras com análise de vídeo embarcado podem detectar a fumaça e possibilitar uma ação mais imediata, pois a imagem já apresenta o contexto e o foco do sinistro. A contagem de pessoas é um outro recurso avançado de análise de vídeo que possibilita acompanhar o número e a localização do contingente presente no local e com isso agilizar o processo de evacuação quando necessário.

Também nas áreas de estacionamento dos hospitais, a análise de vídeo pode auxiliar com a ordenação e otimização dos acessos por meio do reconhecimento de placas (LPR) que possibilita identificar os veículos autorizados e prevenir atrasos nas saídas e chegadas das ambulâncias.

Hospitais mais seguros e inteligentes

Outra tendência em evolução atualmente é a dos hospitais inteligentes, que seguem agregando dispositivos por meio da IoMT (internet das coisas médicas). Segundo uma pesquisa  publicada no ano passado, mais de 7 milhões de novos dispositivos estarão conectados até 2026 nos hospitais, com uma média de 3.850 por unidade; e nessa perspectiva as plataformas de VMS são uma boa opção para integrá-los.

A inteligência nas plataformas de VMS remete ainda a outros recursos integrados relacionados à sustentabilidade e à resiliência, visando a prevenção de eventuais interrupções, economia de energia e redução de custos operacionais, garantindo mais segurança e confiabilidade.

Imagem como elemento probatório e a legislação em nível regional

O ambiente e as situações muitas vezes estressantes nos hospitais, podem gerar mal-entendidos, reclamações e até mesmo agressões contra as equipes de atendimento médico. Segundo dados do Sistema de Vigilância de Ataques a Serviços de Saúde (‎SSA, na sigla em inglês), órgão vinculado à Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano passado houve 1.065 ataques contra profissionais de saúde no mundo inteiro, dos quais 723 ocorreram dentro de centros hospitalares.

O material probatório tem um valor primordial em situações de agressão ou de acusação envolvendo supostas negligências médicas que podem evoluir para denúncias na Justiça e processos que podem ocasionar custos elevados para o hospital e até sanções contra os profissionais de saúde, caso o contraditório não puder ser provado.

No Brasil, via de regra, a videovigilância deve estar em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) promulgada em 2018 para proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade de cada indivíduo. Além disso, deve estar em conformidade com outras normativas do complexo arcabouçou jurídico nacional, hierarquizado em função das instâncias municipal, estadual e federal.

No estado de São Paulo um parecer sobre a legalidade da instalação de câmeras de segurança em ambiente hospitalar, emitido em 2021 pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem), indicava ser lícita a instalação em locais de livre circulação, a exemplo de estacionamentos, corredores e portarias, no intuito de monitoramento e segurança do ambiente. Já em Goiás, encontra-se em tramitação desde 2021 na assembleia legislativa, um projeto de lei aprovado em primeira votação, exigindo a instalação de câmeras nas áreas de circulação, mas também nas salas de atendimento de urgência e nas unidades de terapia intensiva dos hospitais públicos e privados do Estado.

Em razão dessas exigências ou restrições regionais, as equipes de gestão e tomadores de decisão nos hospitais, deverão considerar como critérios de seleção para escolha do prestador de serviço, integrador ou instalador de sistemas, além das referências profissionais e certificações técnicas atestando a expertise para implementação dessas tecnologias de segurança inteligente, que os mesmos estejam devidamente capacitados ou assessorados para garantir uma instalação em total conformidade, e assim poder orientar convenientemente sobre as especificidades regionais da legislação. Esse prestador de serviço também deverá orientar para a escolha de uma plataforma de VMS robusta, inteligente e evolutiva, que proporcione ao hospital essa flexibilidade e esses inúmeros benefícios.

*Andrei Junqueira é gerente de negócios de canal da Milestone Systems para o Brasil.

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