Investimento em TI na Saúde é abaixo de média de mercado, diz estudo da FGV

O FGVCia – Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), divulgou na semana passada um amplo retrato do mercado de Tecnologia de Informação (TI), com resultados de estudos e pesquisas do uso de TI nas empresas. Uma amostra de 2.636 médias e grandes empresas, dentre elas as do setor de saúde.

O FGVcia conduziu um estudo do uso de TI em hospitais. realizado um convênio com a ANAHP – Associação Nacional de Hospitais Privados, que enviou para os seus associados que equivalem a 56% dos leitos dos hospitais privados no Brasil.

Resultados do estudo selecionados permitem ilustrar a evolução dos gastos e investimentos nos hospitais privados, comparados com a média da pesquisa para todas as empresas e para o ramo de saúde, que inclui hospitais, laboratórios, clínicas, assistência médica, seguros de saúde, entre outros.

Os gastos e investimentos desses hospitais (4,5%) são bem menores que média geral das empresas da pesquisa completa. Contudo o comportamento mantém o crescimento histórico do setor.

O CAPT (Custo Anual por Teclado) dos hospitais privados resultou em R$ 38.000,00 em 2020, um valor próximo ao da média para as empresas no Brasil, que foi de R$ 42.000,00.

Outro tema do estudo de TI em hospitais foi a integração das TIC em hospitais, também chamada de interoperabilidade, tanto pelos hospitais estudados como pelos organismos de saúde nacionais e internacionais, por entenderem que hospitais e demais estabelecimentos de saúde devem romper a barreira imposta pelas suas quatro paredes, trocar dados com entidades externas na atenção ao paciente e fazer uso de modelos integrados de atenção à saúde.

A integração das TIC em saúde representa a capacidade dos sistemas de informação de trocar, transformar e interpretar dados oriundos de diferentes sistemas e dispositivos e por meio das próprias fronteiras organizacionais na busca do avanço necessário para a efetiva entrega dos serviços de saúde para indivíduos e comunidades. Os dados de um hospital ou de qualquer outro estabelecimento de saúde deve ser compartilhados entre diferentes participantes para manter o foco de atenção e segurança do paciente.

Estudos realizados nos EUA, em diferentes momentos, com hospitais daquele país, indicam que a discussão sobre integração das TIC na saúde se iniciou em 2004, com o conceito de registro eletrônico de saúde Electronic Health Record (EHR). Anos depois, passaram a incentivar a adoção e uso do registro eletrônico de saúde em seus diferentes estágios de maturidade, e só em 2012 se empenharam para colocar em marcha a integração entre sistemas de saúde e dispositivos.

Integração não é um imperativo tecnológico. Os hospitais reconhecem seu valor na forma de resultados na atenção e segurança ao paciente e de comunidades atendidas.

Os hospitais brasileiros estão iniciando uma jornada para entender como praticar cuidados integrados para os pacientes, com troca de dados, e uso de novas e modernas ferramentas.

Embora alguns hospitais tenham implantado integração no nível tático, o desenvolvimento de um plano estratégico envolvendo a integração passa a ser mandatório para os hospitais avançarem em suas atividades de promover a saúde. A integração faz parte do interesse de pesquisadores e da agenda executiva dos hospitais, que reconhecem o papel renovador de tecnologias em pessoas, processos e cultura organizacional.

O modelo adotado no estudo e as proposições adicionam luz ao entendimento da importância da integração das TIC em hospitais para a atenção ao paciente. Futuros pesquisadores devem ser incentivados a criticar, ilustrar, expandir e investigar mais o estudo desenvolvido para a integração em hospitais públicos e privados, para a criação de uma agenda ambiciosa de pesquisa que ajude a reformulação do modelo de saúde em sintonia com a economia digital.

Estudos sobre TIC em saúde demonstram que, se implantadas de maneira eficiente, as TIC podem resultar em melhoria da qualidade na prestação de serviços de saúde, aumento da segurança e eficiência no atendimento ao paciente, com processos mais integrados e uso de recursos de inteligência analítica e inteligência artificial nos seus sistemas.

A TI, em conjunto com a ciência médica e biológica, estão mostrando avanços significativos em várias dimensões da saúde. Novos processos, materiais, equipamentos amplificam a capacidade de diagnóstico, tratamento e prevenção das mais variadas doenças. Um exemplo visível de grande sucesso é o uso de inteligência artificial pelo Watson da IBM no tratamento do câncer.

Uma previsão impressionante que o Gartner faz para os custos da área da saúde é de que, devido às novas tecnologias da área biomédica, mas principalmente devido à aplicação de novas TI, haverá uma redução de até 40% nos custos de saúde em poucos anos.

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